sábado, 27 de dezembro de 2014

“Um abraço” (19/11/2014)

Honestamente não sei como quebrar o silêncio, e dizem que sou bom com as palavras, mas nunca com você. Não sei como vai me receber naquele dia, há muito na sua cabeça e independente do seu humor sei o que guarda por dentro e isso é o que sempre admirei. Então mesmo de lado, de canto, vamos nos entendendo aos poucos, com fala baixa e rara, sobre assuntos banais e outros nem tanto. Muitas vezes pessoas viram como você exterioriza toda sua raiva, sua inconformação, e só quem convive mesmo sabe que guarda para si toda bondade, tudo que sempre te faz tomar atitudes de cuidado, de carinho. Talvez o que mostramos para o mundo nos deixa mal falados, ou incompreendidos. Talvez não seja preciso palavra alguma, apenas um olhar que enxergue e que principalmente saiba. Por você a vida seria só sacrifício por aqueles que ama. Por mais que certas coisas fujam da sua compreensão, ainda assim aceita e faz o melhor pelo outro. A vida já te deu muito revés, mas não te tirou esse gesto, não apagou essa alma, não te tirou do rumo, apenas algumas vezes do sério. Eu sei e acredito que você sabe que este silêncio entre nós é amor. O que tem me incomodado é outra coisa. Queria chegar perto de ti e te abraçar, para que você soubesse que sou grato. Nosso amor é incondicional, eu quero dizer outra coisa que não está na palavra, nem na falta dela, nem neste nosso acordo velado. Quando nós crescemos percebemos o quanto certas pessoas a nossa volta dedicaram partes inteiras de suas vidas para que nós pudéssemos viver as nossas. Penso que talvez isso nem caiba em um único abraço, mas você merece essa gratidão expressa da melhor forma que posso. Ainda saberei melhor o que te dizer, serei melhor em encurtar nossas distâncias, por enquanto darei um jeito de te encontrar neste abraço que não é por agora, mas pelo que sempre foi para mim. Teu coração é meu exemplo e espero que o meu também tenha força de alcançar tantas pessoas. Obrigado por doar esta parte de sua vida, farei algo lindo disso tudo. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 20 de dezembro de 2014

“Livre arbítrio” (12/11/2014)

Viver definitivamente é uma possibilidade
Respirar é um ato tão involuntário que não se sente
Caminhar pode ser apenas uma questão de inércia
Falar é algo que se aprende imitando o outro
Nossa existência segue o que lhe é natural

Viver é artificial
É uma criação puramente sua
Não existe sem vontade
Não se completa sem ação
E mesmo com esta consciência, não é uma certeza

Viver é incômodo
É preciso todos os dias seguir pelo desconhecido
Ser nômade de corpo e alma
Entender que não há lugar a salvo
E eventualmente abandonar o que já construiu

Viver é paradoxal
Continuar quando todos dizem que não
Querer com todas as forças o impossível
Acordar mesmo sabendo que nada mudou
Ter esperanças de encontrar o que ninguém prometeu

Viver é quase que improvável
A verdade é que é uma pulga atrás da orelha
A curiosidade que nos convence para mais um dia
Há muito neste mundo que é líquido e certo
Mas e se resolvermos viver...

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 13 de dezembro de 2014

“Não sejamos os mesmos” (04/11/2014)

A vida tem lugares extremamente confortáveis. Onde as coisas parecem ter encontrado seu espaço e só precisamos seguir. Só que há um velado problema em deixar a maré levar, ela acaba dando voltas para o mesmo lugar. É preciso remar, por mais impreciso que seja o nosso norte. Minha grande ilusão é a crença neste local que sentirei ser meu a vida toda. Estamos sempre em movimento e eventualmente, por mais que algo nos defina, por mais que tenha se acostumado em ser ali, e ainda que aquele lugar seja o que te criou, a gratidão não pode virar uma prisão, temos que seguir. O caminho é invariavelmente para frente. Já me perdi nos meandros da conformação, mas o peito é mais forte, incomoda, pesa, grita até que a gente se mova. O confortável um dia vira frustração. Um pedaço da felicidade é nômade e precisamos dele para sermos completos. Quando sabemos e reconhecemos cada detalhe do nosso redor é hora de abrir uma fresta e partir. Quando se muda percebemos tudo que é supérfluo e levamos apenas o necessário, mudando lembramos o quanto ainda somos livres. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 6 de dezembro de 2014

“Crescer” (29/10/2014)

Sempre queremos mais
Numa busca sem limites pelo melhor de nós
Uma pressão diária e sufocante
Até que um dia nos vemos no deserto
Sem saber exatamente o que já somos
Longe de tudo que sonhamos ser
Sem uma real perspectiva de propósito
O constante sentimento de se sentir insuficiente

Nossos próprios sonhos podem nos diminuir
Fazer com que deixemos de nos reconhecer
Cada erro parece um desvio sem volta
Todo dia, sem saber exatamente o quê, algo nos vence
E nem mesmo o papel de vítima nos serve
Um desgosto por se ver fraco
Incapaz de lutar contra a própria inércia
O mundo pode ser devastador
Mas a falta da força de vontade mata

É preciso parar diante o espelho por dias
Separar o que é, de tudo que pretende ser
Reencontrar dentro de si o caminho e não a fuga
Algo que nos recorde o quanto já somos felizes
Entender que certas coisas apenas nos rodeiam
E que tantas outras são as que nos tornam completo
Querer mais não significa que já não temos tudo que precisamos
Somos do tamanho da vida

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 29 de novembro de 2014

“Acomodação de Alma” (21/10/2014)

Recosto minha cabeça na parede enquanto espero
Perco meu olhar de tudo que acontece em minha volta
Deixo escapar sem remorso os minutos que faltam no dia
Lá se vai mais um passageiro que quase não se conta
Há uma impressão de estagnação neste agora
Talvez seja a falta dentro de si de um sonho concreto
Só que é normal passar por lugares não familiares
Locais onde aprendemos, mas jamais ficamos
O corpo tem sentimento, e sentimento tem lar
Todos nós sabemos quando estamos em casa
Tudo para mim neste momento é extremamente normal
O suspiro que alivia a insatisfação que faz parte
A esperança de que a mudança esteja sempre na próxima esquina
A compreensão que a vida tem um tempo, geralmente, bem certo
Por um milésimo de segundo o metrô cruza a ponte
O olhar desconexo cabisbaixo vê a chuva refletida no asfalto
O coração voluntário reage e me escapa um sorriso
Uma certeza sem razão que tudo vai ficar bem

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 23 de novembro de 2014

“Porto” (20/10/2014)

Foi como chegar de uma viagem sem precisar partir. Descarregar nossas roupas, nossas coisas e nossa vida. Tons de felicidade que não conhecia. Não era simplesmente o sorriso, nem era o abraço, era algo mais interno, completo e pleno, um encontro com o futuro, a sensação de viver um sonho, de ser feliz sem nenhum esforço. Estávamos em casa, pela primeira vez. A noite não era a mesma, as luzes ligadas davam um tom de permanência e ouvia o chuveiro ligado do sofá, via a cidade no horizonte e ajeitava nossos pertences, arrumamos a cama e na penumbra da sala olhava pela janela todos meus próximos dias. Faz alguns dias que não me sinto bem, que desenvolvo um pouco de frustração e melancolia, que a realidade me fatiga e me arrasto, o alívio me era raro. Mas quando chegamos meu coração se encheu de esperança, viu todos motivos para seguir. Guardei na minha alma o lugar que poderei fechar os olhos e lembrar toda vez que precisar fugir. Amor, somos um lar.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 16 de novembro de 2014

“Notícias de um passado” (17/10/2014)

Foi em uma viagem sem propósitos e com uma noite mal dormida que se encontrou preso no banheiro. Do lado de fora sabia que já se resguardava acordada a mulher de qual a razão queria distância, mas que o corpo e suas necessidades afloradas pela manhã lhe atacariam sem forças para evitar. Por um mero instante esperou e conscientemente deu descarga nos seus pudores e teve primeiro a certeza de ter chamado atenção, para depois sair cheio de libido e encarnar os sonhos que nem eram seus. Seria uma escolha de um caso de uma noite que provavelmente não afetaria em nada teu agora, mas foi evidenciado claramente a marca de uma vida naqueles lençóis, uma dobra, uma fenda, uma decisão profunda, uma construção de caráter, um tornar-se, uma mudança. 

Nesse mesmo lugar, tempos depois, alguém vulnerável, disposta a deixar, por um instante, seus princípios, gostos e vontades. Pronta para ser sugestionada a aceitar a ideia de que o diferente era a saída para seus pensamentos ligados a quem não estava ao seu lado. A proposta de experimentar uma alternativa para ser feliz. Deixar tomar seu corpo meio apagado pela tristeza e quem sabe poder se esquecer enquanto o outro pudesse se enganar. Num acordo velado de almas que precisam, e até uma mentira serve para sobreviver. Um dia a verdade estaria ali como a única coisa que sobraria, uma dor que talvez até não fosse tão grande já que não houve entrega, mas, ainda assim, uma dor suficiente de envergonhar olhar na cara. Aqui não saberia dizer o tempo que isso duraria, mentiras tendem a ser altamente autossuficientes, encontrando palavras e meios de seguir de uma forma cômoda e imperceptível. Essa lembrança tem contornos mais fortes de mudança, e talvez uma que te levasse para sempre longe desta agora tão mais real, tão mais verdadeiro, tão mais completo. A verdade é que mesmo com todo este potencial, aquilo jamais pareceu uma opção. 

Há muitos outros momentos por aqui. A garota que comentava com amiga, e nunca teve a coragem de perguntar o que era. Aquela pergunta inconveniente no ônibus vazio. As pessoas que te acuaram e as quais você nunca prestou atenção. No fim deste tempo sempre beira uma única coisa, consciente ou não, emoção ou razão, tudo foi sempre uma escolha, e escolhas são o puro resultado do que somos, ou éramos. As notícias que te trago jamais poderiam fazer parte de quem você é. Siga em paz, pois tudo aqui já está. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 9 de novembro de 2014

“Até o fim” (28/09/2014)

Me sobrou um último pedacinho de papel. Espero que seja o suficiente para nós dois. Estou espremido no canto da cama, sua marca está ao meu lado e sua fotografia me sorri, em breve seremos eu e você, sem precisar fechar os olhos. Me avisaram o quanto pode ser difícil e não acredito que estaremos a salvo das dificuldades. Só digo que não importa, quero viver tudo ao seu lado, das coisas que completam nossa vida aos sentimentos encolhidos em uma sobra de caderno. Nunca sei o que dizer quando um deles acaba, mas toda brecha de palavras é bom preencher com amor. A noite logo me vence. Acho que vou aproveitar para dormir no pé da cama porque de vez em quando é bom. Tem muito mais silêncio nessas madrugadas que não durmo, muito espaço para sonhar. Precisaremos de tempo, eu e você, para ocupar todos aqueles cômodos com nossos planos. No fim ainda sempre cabe e até sobra o suficiente para não conseguirmos parar. Pensei que neste retalho colocaria um amor do tamanho do mundo, mas descobri que somos extremamente simples. Um abraço, um olhar e um sorriso. Um pedacinho de chão sem dono. Um velho bloquinho com a última folha em branco. Não precisamos muito para explicar nosso encontro. A verdade sobre o nosso amor e outros por aí, é que sempre foi assim. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 2 de novembro de 2014

“Antigas ilusões” (17/10/2014)

Já não me importa o sentido que vai seguir o trem
Teu rosto recostado contra o vidro será desconhecido
Meu destino tem outros caminhos agora
Onde a descoberta já não está do lado de fora
Belezas me passarão os olhos como paisagem
Abraços e beijos me são apenas lembranças
Meu coração sabe, pela primeira vez, para onde voltar
A felicidade só precisa de uma vez
Será por dentro de nossas almas que construiremos
Nossos olhos, corpos e gestos fizeram sua parte
Seremos agora um para o outro
Há tanto espaço quando se juntam vidas
Setenta e dois metros quadrados de sonhos
E cinco janelas para o horizonte
Pelo menos aqui não preciso de mais nada
Quem diria que quando pegava outro vagão
Diferente das mulheres que me chamavam atenção
Sempre estava no lugar certo

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 26 de outubro de 2014

“Desapego do Destino”

As coisas não são como deveriam ser
O dever é um atributo altamente humano
A necessidade de se manter a ordem
Um plano traça sonhos, não crava pedras
A vida reinventa-se na menor das distrações
Por que não mudar também?

As vezes se adia tanto encontrar um amigo
Ele nos encontra no meio de uma rua
Que ninguém deveria estar
Estar em algum lugar é muito mundano
Todo lugar é para se estar
Todo dia foi feito para se encontrar

Tenho a total impressão que não sei do que preciso
Uma leve ideia para onde ir, a certeza de querer
Para não me sentir perdido fiz acordos
Um sorriso sincero a qualquer hora
Imaginar por alguns minutos meu futuro
Lembrar de alguém sem distâncias
Saber que as coisas são independente de dever
E por fim, se faltar uma companhia
Que o vento possa ser nosso abraço

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 19 de outubro de 2014

“Sobre o que não passa II” (14/10/2014)

Sinto ser eu a lhe dizer, mas o tempo não vai esquecer a sua dor. A marca debaixo da pele é perfeitamente visível no espelho. Não há como apagar o que faz parte de quem você é. O sentimento tem intensidade, tem gosto e algumas vezes até mesmo forma, mas não tem cura. O tempo só pode te dar distância e por mais que possa ficar longe daquele momento não há como separar de si. Somos profundamente entrelaçados as nossas escolhas e somos, em maior ou menor quantidade, os seus resultados. A dor é um componente da alma humana que só podemos equilibrar. E aqui, antes que desista de ouvir as minhas palavras eu te aviso: há sim uma escolha. Você pode deixar a cicatriz te guiar por completo ou fazer dela apenas uma parte. A lembrança pode ser um tormento ou apenas um suspiro lamentando o que já não é mais. Saber que não há nada que te preencha por completo, não importa o tamanho do que sinta, a vida tem espaço para tudo. Sinto em te dizer que sempre terá essa dor, mas me apresso em te dizer que lhe cabe uma felicidade ainda maior. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

terça-feira, 14 de outubro de 2014

“Perspectiva” (10/10/2014)

Tua esperança é genuína
Muitos só esperam por esperar
Porque é certo sonhar com algo melhor
Revoltar-se pareceu um sinal de consciência
Mas as pessoas só querem mudar os outros

Só que você, mesmo vendo nos olhos do futuro
Acredita que tudo ainda vale a pena
Uma alma que se eduque é um bem para vida
O valor de si você vê no sucesso do outro
Pessoas que na medida certa podem mudar o mundo

Na tua paisagem há um Sol nascendo
Sob um povo de posse de um novo ideal
O sorriso de uma inocência renovada
A esperança que só nasce nas grandes almas
O mundo podia ser mais vezes pelos teus olhos

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

“Na falta de rima” (29/09/2014)

Os poetas contemporâneos escrevem seus sonetos
Milhares de sílabas poéticas calculadas
Rimas de um vasto vocabulário
Jogos de significados em meias palavras
O poder de sintetizar nas entrelinhas de um verso
Dizer mais através do silêncio

Eu sigo sem algum limite determinado
Algumas vezes prosa e outras, poesia
Fazendo uso de toda e qualquer palavra
Talvez sendo o mais comum delas todas
O alívio do peito não me pede métrica
E talvez por isso não tenha espaço no mundo

Somos aquilo do que não podemos fugir, não é mesmo?
O sentimento ganha formas estranhas
Só que no final do dia, depois de cada verso
O que importa se é inspiração ou desabafo
O coração só não que ficar calado
Com sorte encontrar uma alma que responda

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

“Despedida” (16/09/2014)

Me apaixonei pelas entranhas do sentimento
Pela diferente perspectiva dos seus olhos
Da entrega plena as mazelas de querer
Do tempo indeterminado dos amores e das dores
O mergulho pelos pesares em suas profundidades
A distância do mundo em minhas particularidades
Há uma parte de nós que sempre será extremamente só

Querer estar sozinho não é um problema
Mas encontro muita coisa fora do lugar
Coisas que chegam até a flor da pele
Percepções fora de qualquer proporção
Uma correnteza que não leva, puxa sem cessar
Encontro-me com inúmeros cenários familiares
O mundo onde tudo ficava aquém

Chorei neste chão, me apoiei nessas paredes
Tudo me parece muito tempo atrás
Aqui aprendi a ser livre para poder ser feliz
Meus cantos mais escuros me ensinaram a paz
Minhas recorrentes lamentações deram lugar a fé
Alguém acreditou em mim antes que eu pudesse
Então depositei a esperança em mim e nos meus desejos
Com o tempo, fiel à minha alma, a felicidade me encontrou

O caminho para fora de si não se esquece
Também não é fácil deixar o que sempre fomos
Deixo-me abalar pelos incômodos da rotina
Martirizo minha insuficiência nas conquistas
Dramatizo o cotidiano com novos enredos
Até hoje descobrir que não preciso mais ser
A palavra não precisa de dor para existir

Melancolia, companheira de longa data
Sei que ainda venho te visitar
Mas jamais novamente para ficar
Preciso muito mais da minha paz
Preciso caminhar com meu peito leve
Aproveitar todo sorriso que posso
Sinalizar para que a felicidade saiba para onde voltar
Entender que não preciso mais estar aqui

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

“Um caminho”

Quantas vezes diante meus olhos passaram oportunidades que conscientemente disse não? Fui julgado e condenado mais de uma vez por não viver a vida. Criticado por não ir nos lugares onde só se pode ir uma vez. Não fazer as viagens que todo mundo naquela idade também fez. Infelizmente nesta época eu só sentia e não sabia dizer. Não sou bom na briga rápida por palavras, mas se pudesse diria do fundo do meu peito que escolhia aquilo que me faria feliz. Talvez o que muita gente não percebe é que existe vida deste lado da escolha também. A vida não é um caminho que as vezes andamos juntos e quando decidimos algo diferente nos afastamos do que nos foi planejado. Diria diante todos aqueles olhos cheios de certeza que o caminho que seguia ao menos era minha escolha, era o que queria para minha vida e vivi muito do lado de cá. Para falar a verdade, este outro lado da escolha cheio de aventuras e todo colorido é tão incerto como qualquer coisa na vida e não existe pessoa que possa te garantir que teria sido um caminho melhor. A questão toda é essa, não há dois caminhos. Bom e ruim, melhor ou pior, certo e errado. Há o caminho que escolhemos e nele depositamos toda nossa vida. Não venham falar de arrependimentos pois você não sabe onde outra decisão teria te levado para poder comparar com este agora. Parem de viver dos fantasmas de um lugar que não existe. Abrace suas escolhas, é o que te mantém real, é o que te mantém vivo. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

“Desabafo Tardio” (29/08/2014)

Será que seríamos felizes se fôssemos mais simples
Sem a consciência de tudo que podemos
Sem a consciência de nossa liberdade
Sem consciência do nosso fadado fim

Será que seríamos mais livres
Se saíssemos sem ambição
Todo dia até o mesmo trabalho burocrático
Que sustentasse nossa vida fora dele
Nosso marasmo em frente a televisão 
Nossos suspiros levados pela correnteza
Nossa casa sem saídas

Por que essa ideia de grandiosidade?
Por que não podemos deixar os dias passarem naturalmente?
Deixar a vida a cada noite apaziguar um pouco mais nossa alma
Deixar o tempo ser mestre do destino
Ir e vir nesse mundo sem escalas e sem sinais
Operário da humanidade, uma estagnação da evolução
Poder sentar a mesa e sentir-se inteiro sem nada que lhe falte
Sem nada lá fora que precise para se sentir bem

Uma vida humilde sem muitas regalias
Com um canto para dormir e outro para rezar
Com um dia para sair e muitos para ficar
Que possa respirar sem culpa de algo que esqueci 
Uma vida não para marcar, apenas para viver

Divido-me entre a dádiva e o cansaço que a palavra me traz
Toda essa percepção sensível do mundo
Toda essa percepção do que sou e não gosto
Todos os sonhos que construo e não vivo
Todas ideias que não tenho coragem de ir atras
Todo potencial mal aproveitado
Essa vontade de se perder no supérfluo, no cotidiano, no banal

Vejo tanta felicidade em meus desejos
Mas em algumas madrugadas me pergunto
Será que seria mais feliz se desistisse

Ass: Danilo Mendonça Martinho

terça-feira, 9 de setembro de 2014

“Meu jeito” (24/08/2014)

Machuca o que está por fora
Arranha, magoa, maltrata
Que o tempo enrugue
Que o tapa arda
Que a palavra chore
O que importa o que apenas parece?

O que é de dentro eu mesmo bagunço
Tenho direito de dobrar meu coração
E amarrotar toda minha alma
Fazer daqui minha eterna aventura
Sem limites sociais
Sem regras de convivência
Uma simples liberdade
Que não aparece, mas existe.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

terça-feira, 2 de setembro de 2014

“Questões de Gênero” (18/08/2014)

Todo homem é igual
Não importa o tamanho do coração
Barba, cabelo ou bigode
Tenha a inteligência que for
Vira a cabeça para mini saia
E calça branca até no varal

Todo homem é igual
Ataca quando se sente acuado
Vulnerável despeja atrocidades
Diminui os sentimentos do outro
Magoa antes que o atinjam
Sem se preocupar com o final

Homem é tudo igual
Diz amar antes de entender
Atropela corações pelo caminho
Abandona alma sem saber que ocupou
Faz uso das palavras, não dos significados
Aprende a não olhar para trás

No mundo onde tudo é igual
Sentir também vira estatística
Muitos sofrem pelos votos de alguns
O indivíduo se dilui no todo
Sem chance de defesa
Os erros falam mais que qualquer acerto

Toda unanimidade é burra
Só posso defender a causa
Dos que reparam no olhar e no sorriso
Dos que oferecem conversa e não romance
Dos que não prometem felicidade,
Mas também não chamam atenção

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

“Indiferença Urbana” (12/08/2014)

Garoinha fina que não enche represa
Prédios acinzentados que tem coração
Cidade da multidão vazia
Sinto que chora sem colo que te acolha

É mais frio dentro do que fora
O asfalto cobre mas não esquenta
A cortina branca abre e o Sol é fraco
As pessoas te ignoram

Você vela solitária tuas tragédias
A natureza entende o que o humano falha
E no fundo da madrugada gelada
O corpo tem uma ideia, mas não a alma

Se desfazerá em migalhas de concreto
Enxurradas espalharão os seus lixos
Fumaça entupirá suas veias
Enfartaremos em algum horário de pico

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

“Enquanto não chego” (07/08/2014)

Dorme agora meu bem
Teu amor já está em casa
No pé do teu ouvido
Sussurrando o amor que não lhe cabe
Se você pudesse ouvir entenderia
O espaço que você preenche em mim
Você é todo meu futuro

Já passa da meia-noite meu bem
Por hora a torneira da pia pinga
Meu pai ronca em seu quarto
Meus olhos pesam nesta folha de papel
As marcas da espera
Por um amanhã mais próximo de nós
É como se estivesse no meu passado
Vivendo o que já não sou

Você faz falta meu bem
Porque faz festa
Faz colo, faz cafuné
Faz felicidade e torta de limão
Faz eu dar risada e me faz sonhar
Faz de mim alguém melhor
Faz tanto que fazer falta faz parte
Você nunca me deixa
É pedaço que a alma absorveu

Sonha meu bem
Que não demoro e te encontro
Sei o que queremos
Sei que acordaremos neste dia
Sei que será breve pelo tempo
Sei que será longo pelo sentimento
Mas por enquanto dorme
Que eu zelo um pouco mais
O sentimento que chamamos de lar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

terça-feira, 12 de agosto de 2014

“Trabalho” (06/08/2014)

Como é difícil não reconhecer um rosto
Nem estou falando de um amigo
Alguém que não te olhe torto
Alguém que tenha um sorriso sincero
Um porto onde exista algum espaço para ser livre
Um olhar que não saiba seu sobrenome,
Mas esteja disposto a escutar
A obrigação, o desafio, o crescimento,
Não surtem efeito diante o mal estar da alma
Eles resistem por um bem que desconhecem
O que fazer quando só sobra espaço para sobreviver?
Não quero mais favores
Chega de estar nos comentários alheios
Ser peso, ser pedaço, ser carregado
Prefiro ser apenas só

O olhar sem confiança
A companhia sem laços
O fim do dia que tudo leva,
Sem nada para esperar do amanhã
É um deserto de sentimentos
Onde qualquer verdade revelada já gera arrependimento
Andar eternamente no limite entre ser e parecer
Talvez a falha seja minha,
Não saber viver só o burocrático
O profissional sem o humano

Queria contar qualquer bobagem
Queria contar que não estou conseguindo ser completo aqui
Me desculpar por ser ingrato diante a chance
Mas também poder ser livre de sentir
Encontrar um jeito de respirar que não seja pela palavra
Encontrar vida mesmo que não seja no outro.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

“Nicotina poética” (29/07/2014)

Eu trago palavras, mas não há doses recomendáveis de sentimentos, nem estudos que comprovem qualquer nocividade ao corpo. Só se sabe que age direto no coração, quando não no subconsciente da alma. Palavras se espalham rapidamente e logo ficam até mesmo no silêncio, palavras de vida e de morte. Palavras tendem aos extremos e não medem consequências. Talvez fosse natural esperar a consciência no seu uso, só que bem sabemos que seu uso é indiscriminado, sem regras ou fiscalização. O limite é quem fala mais alto, mais forte, ou até mesmo fere. 

A primeira palavra é doce, mas é quando ela amarga que te conquista. O gosto do talvez, do porque, do amanhã, do ainda pode ser. Perdidos neste emaranhado completamos a lacuna entre a realidade e o sonho. A forma mais fácil de se iludir é com aquilo que nós próprios criamos. Sabemos todos os detalhes necessários para tornar algo crível. E na frente do espelho, debaixo do travesseiro, no telefone com o amigo, repetimos as mesmas palavras, todos os dias em um ciclo que só pode ser vício. 

Aceitar seu problemas pode ser o primeiro passo para resolvê-lo, mas não nesse caso. Saber não te cala. Há um vocabulário inteiro com o qual podemos fazer mudanças sem alterar o significado. O sub é o mais consciente de nós. Mesmo que se liberte, o poder de controle sobre a palavra será seu caminho sem volta. Manipular teu próprio desejo, plantar ideias inquietantes nos dos outros, dizer não apenas por dizer. Viciado na palavra e em todos os seus silêncios. É embriagante e confesso....eu trago palavras todos os dias. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 28 de julho de 2014

“Crer, sentir, viver” (25/07/2014)

Sou feliz
Crer foi meu primeiro sinal
Palavras não me faltam
Mas sim a coragem de dizer ao mundo
O temor do olhar alheio
Sobre tudo que nos faz bem
Nos vestimos de problemas
Para proteger a alegria
Passamos a vida a buscar
E disfarçamos quando podemos sentir
O que a felicidade ofende....
Por que o sorriso não contagia....
O melhor de nós fica entre paredes
Deixamos de brilhar para o mundo
Não irrita querer ser feliz
Incomoda chegar lá
Mas a existência deste lá
Não deveria ser motivação para seguir?

Sou feliz
Sentir foi meu segundo passo
Uma espécie de liberdade
Remar contra a corrente
Descobrir-se no impossível
Ignorar o senso comum
Abraçar quando me disseram para fugir
A perda de fé também quer adeptos
Eu sei porque também não acreditei
Apenas a tentativa de ser feliz
É uma ameaça a todos que ainda não conseguiram
Nos dividimos entre os que tentam
E os que se irritam com o sucesso destes primeiros

Sou feliz
Viver foi meu melhor gesto
Minha palavra não pareceu mais solidária
Somos vítimas de uma matemática improvável
Há muito mais dores atrás dos olhos
Boa parte é mais costume que realidade
Mesmo assim eu apelo para que não se conforme
Todos podem e tem o direito de ser feliz
Não queira, não seja menos do que isso
Eu gostaria que a alegria fosse tratada melhor
Sem inveja ou sem tanto descrédito
Não omitir seus meandros mais lindos
Mas eu sei, o choro só quer um semelhante
Não quero trazer apenas uma promessa
Então trago duas palavras
Encontrei-as no meio de minha melancolia
As primeiras indicações de uma saída
Não acreditei em mim, acredite em você

Sou feliz

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 21 de julho de 2014

“Guardados” (16/07/2014)

Cada palavra marcada
No papel envelhecido
Tem nome e sobrenome
Não sei se foram raras paixões
Sei que foram as minhas
Sei que sou produto delas

Meu passado está escondido
Até mesmo de minha memória
Não sei o que encontrar na cômoda
Num canto discreto de minha alegria
Não sei o que guardar de minhas tristezas
Parte de mim está numa caixa de sapatos

Ali jaz muito do meu romantismo
O mesmo que não preciso mais esconder
Amei mais palavras do que pessoas
Mas elas acabaram mudas
Uma solidão que não se calava
Não sabia ser o que sentia

Amei na proporção de vidas inteiras
Reconstruí nítido ao toque meu futuro
O tempo consolidou as fronteiras da minha dor
Tirava do coração pedaços completos
Vi a perfeição em tudo que beirava a realidade
Findaram como folhas de outono meus romances

Lá no fundo dessa bacia de almas
Me reconheço sem querer voltar
O que aprendi me faz feliz
O que senti me faz inteiro
Do que ficou apenas a certeza
Minha gaveta amou mais do que eu

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 14 de julho de 2014

“A idade” (10/07/2014)

Ônibus sobe a Lins
Nenhum ônibus sobe mais a Lins
Assim se fecharam as portas do passado
A senhora permaneceria na espera
Pelo ônibus que não viria

Subimos a Lacerda, não serve, vou embora
Decidiu o motorista sem explicar
Mas também não entende a senhora
Ele não sabe como o tempo passa diferente
Como é difícil mudar quando se foi a vida toda

Faz tempo que mudou
Impossível ela não saber
Indagações e comentários tardios
Tínhamos partido sem dar chances
Nenhum tempo faz mais do que ela
É um desrespeito que passe sem lhe dar atenção
É insano a pressa que deixamos tudo para trás

Tenho pouco tempo aqui
Penso que também não sabia
Envelhecer não são as nossas mudanças
São as mudanças que desconhecemos
Tudo que nos deixa parados no ponto

Ass: Danilo Mendonça Martinho

terça-feira, 8 de julho de 2014

“De um dia pro outro” (24/06/2014)

Meu rosto vai desaparecer
Eu mesmo vou esquecer
As companhias silenciosas
Que hoje me despeço
Só eu sei que vou partir
Reparo em todos os detalhes
Quando uma rotina muda
É provável que não vamos mais voltar

Então caminho sem pressa
Não evito mais olhares
O mais gentil que posso, sorrio
Quantas palavras nasceram aqui
Quantas vidas cruzei sem tocar
Observei mundos distantes
Que sentaram-se ao meu lado

Há uma nostalgia do presente
Tudo isso já é passado
Amanhã tudo se perderá
Já foram muitos caminhos
Distâncias se constroem rapidamente
Como se uma rotação da terra
Deixasse tudo do outro lado do mundo
O tempo é muito frágil

Nesta efemeridade dos dias
Digo adeus ao que não dura
As faces que não marcaram a minha
Ao caminho que permanecerá
Mas onde serei desconhecido
Basta dormir e a rotina será outra
Como se sempre tivesse sido assim

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 30 de junho de 2014

“Mais do que silêncio” (20/06/2014)

Não sei até onde posso
Muito menos de devo
O seu íntimo é cheio de nervos
Como de tantos que se protegem
Mas saiba que em qualquer distância
Seremos sempre um porto
Famílias sempre abrem os braços
Ignoram tempo e palavra
É o que há no fundo de toda ferida

Se me abrisse os olhos
Lhe diria sobre um coração bom
Que necessidade não faz amar
Que a felicidade tem que ser de dois
Você não pode ser apenas sacrifício
Só que não me cabe dizer
Você sabe exatamente o que viveu
Saber nem sempre é consciência

Se ao menos tivesse o tempo
O passado não te perseguiria
A escolha seria mais que consequência
Em paz com tudo que já foi
Poderia descobrir o que quer
Se não ficasse apenas no silêncio
Alguma palavra podia alcançar a alma
Há mais do que você vê ao seu redor

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 23 de junho de 2014

“Entre lá e aqui” (27/05/2014)

Fico com a impressão de que há algo do lado de lá
Muitos já partiram e começamos a questionar este aqui
Acredito que não é preciso cumprir nenhuma missão
Mas não conseguiria ir sem deixar algo para trás

Talvez tenha uma ligação forte com o passado
É difícil encontrar quem reconheça o que já estava aqui
Sinto-me parte do antes tanto quanto agora
Aproveito os contemporâneos mesmo que não sejam

Mesmo assim o lado de lá fica mais bem freqüentado
Seria egoísmo pedir para ficar mais do que precisam
Agora é inevitável a comparação na ausência
Depois que se cresce, por que, é uma pergunta que não se faz

É um disparate o que estão fazendo com o lado de cá
Que já não tinha Tom e Elis agora está sem Jair
O que podemos esperar do amanhã?
Seremos apenas nós e o que será que podemos ser?

Não sei há tempo para gravar um nome na história
Somos pares do efêmero na espera que a vida também passe
Ou tudo está apenas ficando longo demais
Como se mede daqui até lá?

Sei que meu lugar é aqui
Ainda é meu tempo e sou feliz de ser agora
Há tanto que já lutaram por mim
Quem sabe exista um exemplo para ser deixado para depois

O lado de lá vai sempre existir, só podemos mudar este aqui
Que todos encontremos um bom propósito
Para embarcarmos para Pasárgada sem receio
Enfim deixar toda saudade para trás

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 7 de junho de 2014

“Não-amor” (14/05/2014)

Na solidão é que podemos refletir melhor sobre as presenças. Separar a dor do amor. No silêncio estamos acompanhados de nossos passados, escutando sem jamais ser escutado. Tenho marcado palavras para tentar me comunicar com tudo que já viveu dentro de mim. Não quero mudar, não quero respostas. Quero explicar pela última vez estes sentimentos, pois vou abandoná-los, chega dessa dor da qual já não sei mais falar, a felicidade quando chega merece toda sua atenção. É possível compreender todas as tristezas traçar uma rota pela sua história e abrir espaço para novas aflições. O coração precisa de um respiro e nada mais justo do que engolir os últimos rancores que hoje chamo de “não-amores”, afinal é isso que são. Não adianta voltar sua raiva contra algo que simplesmente não era sua realidade, muito menos seu futuro. Ainda mais depois de encontrar a companhia que te faz fazer algum sentido. A melancolia ganha tanto espaço na nossa vida porque na maior parte do tempo sofrer parece algo natural, parece uma resposta. Viver indagando, clamando por um sinal de um bom futuro parece o único jeito de seguir em frente. Desde os primeiros olhos mais sinceros que encontrei, que jamais desviaram dos meus, venho me perdendo em tantos outros. Entregue ao inimigo, sem reação e sem fala. Quantos “não-amores” são mudos pela vida, não é mesmo? Ajoelhadas, presentes, flores, mas quantos “não-amores” dissestes apenas, gosto de você. A maioria das pessoas de posse de uma mente mais inocente e livre viveram mais do que eu que me voltei as folhas em branco, aos pés de ouvido, ao breu das madrugadas, aos cantos de cada capa de livro......rabiscando sentimentos ao mesmo tempo reais e improváveis. Vivi a minha maneira, penso eu. Aprendi as minhas penas. Acredito mais até mesmo do que sinto, que “não-amores” são perfeitos. Instigam, adoecem, compartilham, invadem, intensificam, saboreiam, derretem e acabam. Afinal, eu não conheço perfeição inacabada. O seu antônimo, o amor, que é muito do imperfeito, do qual vivemos tendo que aprimorar todos dias. Por isso é preciso tantos outros destes plurais, o outro depois que se encontra é o mesmo pela vida toda, um sabor único que pode ser sentido de infinitas maneiras. Quando se descobrir em um “não-amor” agradeça e parta. Recluso então doa, mas tudo que precisar doer. É bom....sentir é sempre melhor. Se alguém partir não rejeite a chance de dizer adeus, a tristeza não vai ser diferente, mas a lembrança, com certeza, será. E o que realmente aprendi disso tudo e que posso dizer sem nenhuma ressalva é que você deve seguir. O amor, mesmo quando inventa de ser dor, ainda sim, é uma das melhores coisas que podemos sentir. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 1 de junho de 2014

“O que vocês nunca entenderam” (07/05/2014)

Para mim nunca foi uma questão de curiosidade, de saber como era pegar na tua mão, de como era sentir um beijo, descobrir os sentimentos, explorar os limites do corpo e a profundidade das palavras. Não! Eu amava. Sempre quis tudo, o compromisso, o namoro, a companhia, a ideia de ser feliz por um tempo indeterminando, sem me importar que fosse durar para sempre. Eu tinha essa certeza, eu tive essa certeza talvez cedo demais, é difícil saber o que quer, você acaba excluindo outros caminhos, mas a verdade é que desde sempre minha alma só quis ser completa e não me parecia que isso poderia soar como pedir demais. Talvez se tivesse olhado para outras mulheres e só tentasse perceber quem me queria, quem sabe teria outras histórias para contar, só que decidi ser fiel ao que sinto e isso para mim jamais foi ilusão. Certo ou errado, escutei o coração. Doeu, sofri, mas jamais duvidei do que queria, do que já sabia que precisava para ser feliz. Não julgo sua decisão, estou aqui para expor o lado que não sabia como fazer antes. Querendo ou não, ninguém pensou em mim, e qualquer solução é fácil quando preferimos ignorar o outro. No dia que a moeda virou eu soube dizer não, uma das coisas mais terríveis que já fiz, mas que me deixou em paz, a sinceridade tem seus contras e suas recompensas. Tudo bem, só silêncio também serviu. Cresci e hoje entendo que não era de bom tom se entregar por inteiro, a “culpa” foi desta minha estapafúrdia ideia de um romance. Carreguei, tempo demais, longe demais, hoje cheguei, mas essa outra é história. Não estou cobrando para que me entendesse, mas que me entenda, acho que você cresceu também e pode entender o que é amor e uma pessoa em busca de sua felicidade. Um olhar de fora se apressará para julgar de tolo, apaixonado, um incurável e concordaria se hoje não soubesse que não fui nada além do era, do que em muitos aspectos ainda sou e assumir o que se é, tem consequências. Estava disposto e aprendi, me orgulho, pois não são muitos que podem dizer isso. Te peço da minha mais profunda sinceridade que entenda, não para que me procures com desculpas, nem muito menos para que possa perdoar-te, teve vítimas, mas não culpados. Eu te peço para que também possa encontrar no passado o que ainda deve ter dentro de si, aquilo que te move, aquilo que jamais deve tirar de sua cabeça não importa a dor que venha no caminho, a felicidade vale cada lágrima. E guarda contigo meu poema, ao menos o vaso das flores, o meu primeiro beijo, lembre do sorriso e não da partida, da noite que passei no seu sofá e não dos anos sem se ver; Guarda e saiba que nesses momentos fui completo, despido de tudo, real. O que você nunca entendeu é que para mim amar nunca foi menor do que isso, e isso merece respeito.   

Ass: Danilo Mendonça Martinho


sábado, 24 de maio de 2014

“Desconcerto Cordial” (22/04/2014)

Desculpe meu amigo
Você não merecia
Não essa palavra menor
Mesmo que com razão
Podia ter evitado
Logo você que sabedoria
O que é construir um lar
Teu canto é aconchego
É você de todo coração
É que o nosso, é outro
Tem um espaço de pra sempre
Uma vista de se acostumar
Um como para futuro um canto de seriedade
E outro para esquecer-se
Mas acima de tudo
Encontramos sem esperar
Nossa felicidade
Mesmo assim desculpe-me
Nada é motivo de destrato
Todo mundo se incomoda
O amigo é o que não deixa passar
Por isso, desculpas

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 10 de maio de 2014

“Bença” (22/04/2014)

No mar de decisões maiores que nós precisamos de algumas garantias. Tentamos por todos os lados descredenciar o sonho e conforme a vida nos fazia seguir em frente o medo se diluia na vontade, no desejo, na estranha incerteza de sentir que estávamos certos. Pelos dias que se seguiram a Chuva caiu sobre estes pensamentos. De forma doce para que desistisse do guarda-chuva. Fazia tempo que não encontrava ela assim. Ao pensar na decisão não tive dúvidas e com um sorriso sussurrei: Bença Chuva.

Não lembro bem quando, mas não muito tempo depois, os questionamentos ainda seguiam dentro de mim, embora mais silenciosos. Entre as árvores surgiu aquele brilho intenso do sol quase que de propósito na minha direção. O mesmo Sol que me acordava na infância quando dormia na sala de minha avó. Até hoje é uma das minhas sensações favoritas acordar assim com esse raio de luz preguiçoso, que mal toca seu rosto. Meu corpo ficou em paz e falei sorrindo: Bença Sol. 

Na janela confessionário onde debrucei com melancolias, aflições e filosofias adolescentes eu resolvi voltar. Minhas conversas hoje são mais esporádicas, não menos importantes. Agarrado contra as grades sentindo o vento e o céu azul minha palavra não precisa de pressa. Abro o peito para o universo que me criou e tento descrever o gosto dos sentimentos. Mas acima de tudo agradeço, pelo encontro, pela chance, pela felicidade. Bença Céu. 

Pela manhã caminhei entre os eucaliptos sobre o chão de cascalho. Posso muito bem seguir pelo asfalto, mas são raras as chances de respirar este ar misturado de nostalgia. A vida parece mais presente em nós, como se tudo pertencesse. Todos acabaram me visitando para dar certezas e eu retribui. Bença Natureza, bença. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 4 de maio de 2014

“Inquietação” (24/03/2014)

Minha mente está querendo fugir
E não é uma questão de endereço
Adio tudo e tanto quanto posso
Conjugo as ações do tempo do preciso
A sensação do dever me afasta
Mas a negligência é amarga e sufocante
E se todo dia for só responsabilidade?
Será que soube como crescer?
Permaneço insuficiente na inércia
Sem satisfazer a alma
Sem me empenhar nas obrigações
Não há metodologia que organize a vida
Pois não há tempo determinado
Apenas correndo

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 16 de abril de 2014

“Sobre o que não passa” (19/03/2014)

Nossa alma é uma extensão do corpo a arrastar e tropeçar em tudo ao nosso redor. As almas sensíveis acabam por se deixar levar e se envolvem na dor ou na felicidade do próximo. Os solidários são a prova que o sentimento é eterno. Tudo que transcende o corpo foge de nosso controle, o que sentimos ficará nesse mundo muito depois de nós. A escolha é até quando, até onde estamos dispostos a carregar tudo que nossa alma guarda. O tamanho do sentir é uma questão de perspectiva e quanto certos valores acabam sobrepondo outros. Por isso amores podem virar vilões. Qualquer palavra que busque dar um fim é apenas a razão tentando dar sentido a emoção. A noite e o dia não mudam ninguém, mas o olhar é sempre diferente. É assim que um dia acordamos e descobrimos que aquela paixão já não nos move mais. Abandonar isso é abandonar um sonho. Nunca é fácil para ninguém quando sobra apenas realidade. A busca vira pelo estrago, pela justificativa. Você pode dizer que acabou e que já não sente mais nada, mas o amor há muito transcendeu seu corpo e está a influenciar todo seu redor. Para encontrar paz é preciso entender e ter a coragem de abrir mão. Nada termina sem motivo e nenhum sentimento desaparece. Aquilo tudo simplesmente deixa de te motivar, será sempre uma parte de você e do seu universo, mas que só cabe no passado. 

Um dia encontramos esse sentimento recíproco do qual não sabemos viver sem, os outros temos que deixar para eternidade. A alma move o corpo. Uma alma em paz move o mundo. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 9 de abril de 2014

“Ser ou não ser” (12/03/2014)

Tem sombras que são silêncio
Cadeira, mesa, cama, pia
Até mesmo no teto
Mas nunca pensei em companhia
Não ouço nem seus passos
Abriu e fechou a porta
Só que jamais entrou
Apenas te trombo nos cômodos
Sem ameaçar palavras
Tua presença parece memória
Não interfere na minha rotina
Suas respostas são burocráticas
Penso que existimos....
Mas não como nós

Presença exige mais
Realmente não estou aqui
Meus planos estão todos de saída
Nesse lugar que será visita
Criarei também novos laços com o silêncio
Agora isto não faz sentido
Não existe preparo para queda
É preciso dizer enquanto é tempo
Não imagino essa casa vazia
Espero que a deixemos juntos
Mesmo sem o mesmo destino
Penso que o “nós” é onipresente....
Mas há o que deixou de existir

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 26 de março de 2014

“As primeiras impressões de um outono” (25/03/2014)

Pela manhã o asfalto da rua estava enfeitado de dourado e eu esquecido da natureza achei que estava pintado quando era apenas o Sol. São sinais da nova estação. O dia fica a meia altura e encontramos mais coisas pelo chão. Nada deixa de ser belo, o universo é sábio, e a planta que leva o nome de minha avó insiste em florear-se, assim, fora de época. Determinar como a natureza se comporta é mais uma das criações humanas em busca de controle. Prefiro assim: acordamos sob uma brisa gelada e um céu limpo, no fim da tarde talvez chova. A incerteza faz mais sentido. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 19 de março de 2014

“Segunda a Segunda” (20/02/2014)

Tudo aqui é tão distante
Como se alma e corpo desencontrassem
Tua presença é mais viva
Logo após toda despedida
A vida não quer mais seguir assim
Mas não temos para onde ir
No momento nossa casa é apenas coração
Nossa conversa não é sentado à mesa
Nossa rotina não prevê encontro
Só que eu te vejo claramente
Mais real que esta folha de papel
E sorrio com uma felicidade pura
Até nosso silêncio se entende
Ao seu lado minha vida é daqui para frente
Tudo será ao seu tempo
Tudo será do nosso jeito
São dias longos não nego
São meus sonhos que me levam
Cada segunda que não te vejo
É apenas um dia a menos
Pois todos outros já são seus

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 12 de março de 2014

“O outro lado do asco” (17/02/2014)

O que cheira mal é a culpa
O que não consigo olhar é reflexo
E seja qual for seu sentimento
Já se provou insuficiente

O ser humano está sozinho
A miséria é a nossa realidade
Que o salário apenas esconde
Papel tem mais valor que gente

Toda angústia logo passa
Muito antes de qualquer reação
Cúmplices de olhar e de silêncio
E nem é questão de pena ou de palavra

Todos levantamos paredes
E acreditamos levá-las porta afora
Nada nos separa do humano
Nem mesmo este fedor que sente

Parece impotência social
Pedir aos céus que lhe ajude
Escolhemos deixar para o outro
Tudo que não sabemos como mudar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

“Paixão Nacional” (10/02/2014)

Não nos falta inocência
A magia ainda existe
Mas sobram máscaras
O que sobrevive sufocado?
Ameaçado por interesses
Iludido pelo poder
O sonho não é ser um grande
O sonho hoje é posse
Ter é mais do que ser
Fabricamos um universo inteiro
Frágil e instável
Não existe um caráter sólido
Tudo desmanchará posto a prova
Hoje as beiradas cedem
As rachaduras estão por todo lado
Uma paixão deixada assim
Causará profundas marcas
Mas não posso evitar a curiosidade
Que brasileiro nascerá do outro lado?

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

“Educação”

O normal é olhar em frente
Acreditar na mudança do futuro
Mas o futuro é uma questão de passado
Se para eles tudo é normal
Das atitudes aos pensamentos
Nós já comprometemos este horizonte

Toda formação de caráter é social
E nossa sociedade peca pelo exemplo
Valores muitas vezes não sobrevivem as ações
E se...aquele pode, podemos também
Nosso passado nos condena
E mesmo conscientes não mudamos o caminho
Por cima das falhas construímos
Eis aqui seu castelo de cartas marcadas

Só consigo olhar para o lado
Não dá para encarar tantos rostos
Todos já fora do alcance
Minha palavra será tardia
Minha esmola será vazia
Apagado dentro do sistema
Estático perante a realidade
Os jovens de hoje
São o passado de amanhã
E me assusta dizer
Ainda não mudamos o mundo

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

“Na falta da tempestade” (05/02/2014)

Uma cidade que não chove não tem bueiros assim como um coração que não sente não tem cicatrizes. Precisamos de tudo, especialmente da dor. Nossas alegrias nos completam, nos dão força, esperança......nossas dores nos moldam. Acho realmente difícil de acreditar que seu caráter não tenha se formado por uma angústia se quer. Embora improvável não seja impossível. Caso acredite fielmente nesta teoria quer dizer que a vida ainda te reserva uma mágoa para apontar a direção. Não me veja, por favor, como algum melancólico pessimista, na verdade sou bem feliz. Apenas estaria sendo no mínimo desonesto com todas aflições da minha vida, adolescente e adulta, a não creditá-las nada do que sou hoje. Mudei para não me sentir mais assim, mudei para encontrar o bem estar de minha alma, mudei e continuo mudando em busca do meu melhor. Lembro claramente das dores e vitimização dos meus sentimentos. Aprendi que só vivendo o outro lado da moeda poderia crescer. Nem toda dor tem culpados, apenas participantes. O fato é que a perda, a ferida, mexem conosco. A inércia perante este incômodo vai te consumir, te fazer até mesmo desaparecer. A solução é agir em busca deste lugar onde possa encontrar paz para tudo que te inquieta. É um erro pensar que vai passar ou que vai partir. Tudo que é nosso fica, principalmente a dor. Precisamos nos resolver para estarmos preparados para viver e sempre há muito por viver. Esteja disposto a sentir pois não há lugar no mundo que não chova, o pouco que seja. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

“Vôo Livre” (04/02/2014)

Meu coração alça vôo
Mas ainda não é hora de morrer de amores
O nosso destino não é o mesmo
Por uma única diferença
Só eu sei para onde estamos indo
Eu embarquei para mudar minha vida
Por trás de toda foto e todo passo
Construí a minha coragem
No pôr-do-sol e na chuva que aproximava
Vieram as bênçãos veladas
O universo também tinha certeza
Com os pés fincados no chão
Num lugar de paz e sabedoria
Estendi minha mão...
Para unir definitivamente com a sua
Libertei então meu coração
Que junto ao seu, fugidos pela boca
Fizeram lar, fizeram abrigo
Ainda não é hora de morrer de amores
É hora de viver dele.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

“Sobre o depois” (01/01/2014)

O futuro não começa sem você
Nenhum passo existe sem a decisão
Todo sonho precisa de uma oportunidade
Para tudo é preciso coragem

Seja um pouco mais o que deseja
Se faça dos seus sentimentos
Espelhe o que há de mais sincero
Olhe o mundo nos olhos

Algumas coisas ficarão pelo caminho
Certezas serão questionadas
O desvio faz parte de qualquer rio
A vida sabe por onde ir

A busca é pelo nosso melhor
Nem sempre uma questão de mudança
A transformação é no mundo
Que ainda pode ser um bom lugar

Faça este acordo consigo
Reúna atitudes e palavras
Encha esta vida de sonhos
E ela trará esperança

Ass: Danilo Mendonça Martinho