segunda-feira, 27 de setembro de 2010

“Lamento” (03/09/2010)

Desculpe-me a melancolia
Mas a dor é solidária
O sofrer uma atitude
Quando a palavra machuca
Teu corpo reage

A tristeza é apenas um meio
Quero movimentar as almas
Quem sabe despertar romances
Quando cai uma lágrima
Teu coração se abre

Entenda caso venha a partir
Também é necessário nostalgia
A sensação breve da finitude
Quando vem a lembrança
Tua razão retrocede

Por fim me perdoe
Talvez me falte alegria
De resto tudo me transborda
Quando a poesia se completa
A felicidade é possível

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

“Te quero, Te amo” (02/09/2010)



Não me culpe
Se as palavras perderam sentido
Não me ligue
Se for para aumentar o vazio

Se te amo
Já não importa
Se te quero
É da boca pra fora

Não te escreverei
Rasguei teus poemas
Não te esquecerei
Eterna cicatriz no coração

Te amo
Mas não te importa
Te quero
Mas me deixou de fora

Não sei o que dizer
Meu silêncio é minha arma
Não me olhe
Teu descaso é minha dor

Amar
Não faz mais diferença
Querer
É pouco para nós dois

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

“Basta-me” (31/08/2010)




É preciso preservar o silêncio
A vocalização é ponto comum
Quero mais do meu olhar
Quero muito mais do teu sorriso
As palavras podem ficar aquém
O que fazer quando se perde o fôlego?
Há uma fotografia de um amanhã
Um abajur repousa na estante
Tua luz incide na cadeira vazia
Na penumbra deita uma rosa
Não é preciso mais nenhum verso
A poesia tomou forma de um abraço
Daqui em diante lhe peço cuidado
Duas almas conversam em silêncio

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

“Essencialmente” (23/08/2010)




Venho através das palavras
Nobres e também banais
Defender algumas utopias
Existente apenas nelas

São versos sem rimas
Nunca aprendi métrica
Mas que fazem mais sentido
Sem os ornamentos usuais

A verdade dispensa eufemismos
São necessárias vísceras
Suavidades passam despercebidas
Precisa-se de tapas na cara

Perdoe-me se lhe pareço simples
Não faço questão do erudito
Seja poesia, prosa, desabafo
Bastam os sentimentos serem reais

Ass: Danilo Mendonça Martinho

terça-feira, 14 de setembro de 2010

“Carta Final” (22/08/2010)




Meus amores, meus amigos
É uma tarde quente de domingo
Um agosto sem precedentes
Uma vida saturada
Um sufocante peso no peito
Poucas são as soluções
Pensei em telefonemas
Mas voltei-me ao papel
Onde espero arrancar os aparelhos
Cansei de estender as palavras
O apito intermitente me irrita
Não há mais ninguém no quarto
Tranquei a esperança lá fora
Agora é apenas uma questão de tempo
As estrofes vão começar a encurtar
Me faltará uma palavra no verso
O âmago se esvazia
A alma se encolhe
E a lágrima marca o ponto final
O sentimento acabou

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 12 de setembro de 2010

“Uma memória em sépia” (12/09/2010)

Lembro de um corredor cheio de plantas
Lá meus avôs me seguravam pelos braços
Lá dei alguns dos primeiros passos
Lá andava de triciclo

Naquela casa também vivi
Dividi sopas no fim de tarde
Domingos frente a televisão
Ouvindo um jogo no rádio

Para mim era uma viagem longa
Que valia todos os momentos
O mais importante que me lembro
Era uma casa cheia de carinho

Sei para onde voltar
Vó, vô...
Guardem um espaço perto na mesa de centro
Que eu ainda chego com meus carrinhos para brincar.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

Post em Homenagem a João Antonio Martinho

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

“Última Parada” (22/08/2010)




Queria que esse ônibus não tivesse destino
Queria que minha presença fosse esquecida
Diluir minha essência pelas paisagens
Virar um sonho bom em tua memória
Começar uma nova vida em outra cabeça
Será que alguém pode me imaginar de novo?
Tenho uma série de mudanças a pedir:
Ser um destes desavisados sobre o romance
Ter os olhos curtos no horizonte
Não perceber as palavras do silêncio
Não me sufocar de tanto sentir
É possível abandonar toda uma vida?
Queria descer em uma cidade distante
Só não sei quem gostaria de encontrar
A minha razão ou meu coração

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 4 de setembro de 2010

“Carpe Diem” (17/08/2010)




A vida é agora
Neste segundo que se perdeu
Neste minuto que está terminando
Nesta hora que você pode gastar
Neste dia imenso planejado

Para você
Deixo um beijo no segundo
Um sorriso a todo minuto
As lembranças pelas horas
O romance deste dia

Para mim
Inspira-me este segundo
Distribuo versos nos minutos
Poetizo nossas horas
Torno eternidade este dia

Por fim
Abraço este segundo
Rezo para este minuto
Possa durar por toda hora
Adiando a realidade do amanhã

Ass: Danilo Mendonça Martinho