sábado, 28 de março de 2009

"Noite Fria" (17/03/2009)



Através da janela no ônibus
Nunca a vida me pareceu tão nítida
Como se tivesse foco e perspectiva
Como se tudo pudesse ser tocado e agarrado
Nunca a vida me pareceu tão minha
Nunca tudo me pareceu tão fora das minhas mãos
O ônibus acelerou e a vida passou
Em um filme sem necessidade dramática
Em palavras sem necessidade poética
Em memórias atrás de uma janela
E se os sonhos realmente morreram?
E se os anjos realmente se foram?
E se a próxima opção for pior que a anterior?
Tudo isso me pegou em uma terça-feira
Uma noite sem Lua, sem estrelas
Uma estrada sem destino
Meus passos ecoando no escuro
O vazio já ecoava dentro de mim
Como se eu fosse parte das ruas
Sem diferenças do asfalto e do concreto
Um corpo desnecessário
Suportando uma mente saturada
Um mundo de peso nas costas
A vontade de abrir mão
Deixei tudo vagarosamente cair
Mas nenhum socorro veio a tempo
Mas nenhuma voz desesperada se fez presente
Respirava por alguma teimosia
Suspirava por pura constatação
Sorria, sem dúvida, por pirraça
Ao esquecer meus sentimentos
Ao deixar inimigos sem palavras
Ao me dar satisfeito pela noite

Abri os olhos em último esforço
Percebi que já era hora de descer...

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 25 de março de 2009

"Fúria" (17/03/2009)



Abram seus guarda-chuvas
Peguem suas capas
Construam muralhas
Escondam-se em trincheiras
Subam a torre mais alta
Corram para seus sótãos e porões
Cerrem seus olhos com toda força
Nada será o suficiente!
Basta ela vir e estará sozinho
Será uma ilha no mundo
Será apenas tua verdade e nada mais
Será apenas cobrado de ti
O que fará no olho do furacão?
O que dirá na boca da tempestade?
Será forte para dizer quem és?
Será capaz de abrir teu peito?
Espero que tenha um sorriso no bolso
Espero que tenha decorado uma canção
Espero que saiba escolher suas palavras
Não ouse gritar em vão
Não ouse desafiar a natureza
Não ouse trair teu âmago
Não ouse além do que deve
Mostre tudo que pode
Mostre tudo que está disposto
Faça e não olhe para trás
Lembre o que é ser vivo!
Quando ela realmente vier
Tenha o respeito de ficar e ver
Até quando permanecerá real

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 21 de março de 2009

"Desabafo"(16/03/2009)



Até quando poderei chamar isto de meu?
Quais sonhos ainda me pertencem?
Como proteger o que só existe na mente?
Como representar o que nem se ousa falar?
Quem pode me garantir segurança?
Quem pode me evitar os riscos?
Quem em sã consciência me daria crédito?
Não criei essas palavras, não criei essas letras
Sirvo de alguma forma um outro propósito
Não entendo porque isto não pode ser meu.
Coloco desejos que em breve me parecem distantes
Como ideais que não pude realizar.
O quanto ainda tenho que esperar?
Que paciência é esta que insistem em me pedir?
Que calma é essa que não consigo ter?
Que pensamentos são esses que ninguém detém?
Perturbado pela memória
Querendo que tudo não vire,
Uma história num papel qualquer.
Não quero mais desculpas, mais nada para mim mesmo.
Uma última fiel sinceridade,
Uma cara de pau, uma coragem,
Algo disto vive em alguém aqui?
Quem vai me impedir de pular dessa janela?
Quem vai me impedir de tentar?
Quem honestamente tem argumentos válidos?
Quem honestamente qualquer coisa?
Eternas sombras de nossas escolhas que nos policiam
E se quisesse cometer os mesmos erros?
E se apenas ali fosse encontrar o que queria?
Não posso agüentar mais esta gritaria
Não posso mais agüentar estes desaforos
Não posso agüentar mais esse silêncio
Quero uma resposta, quero uma única verdade que seja.
Alguém me prometeria esta sinceridade?
Há no mundo quem não tenha visto
Promessa que não fosse quebrada.
Eu ainda quero acreditar.
Existem no mundo as poesias, breves, de passagem, de andar.
Existem pessoas carregando o que não posso traduzir
Os versos que a vida vai trazer e não poderei escrever
Não enquanto for verso e estrofe de algum romancista entediado.
Creio que logo encerrará, se dará por satisfeito.
Eu poderei então contar alguma maravilha.
Mas antes de pontos finais, antes de precipitadas conclusões
Não queria deixar de lembrar que na vida,
Sempre há espaço para mais algumas páginas.
Não faria mal nenhum terminar ao menos esta história de amor.
Não me deixe aqui escrevendo sobre algum vazio.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

terça-feira, 17 de março de 2009

"Vamos todos enlouquecer a razão!" (15/03/2009)



Um grito de liberdade
Uma verdade desonesta
Um tapa na cara
Faça o que for preciso
Rasgue a roupa
Rasgue dinheiro
Jogue fora todos seus cds
Quebre a porta de casa
Coloque suas chaves no lixo
Beba refrigerante vencido
Coma presunto de ontem
No pão amanhecido
Durma no chão
Coloque travesseiros na janela
Cozinhe apenas às terças
Coloque o lixo aos domingos
Tome banho às segundas
Fique acordado nas noites
Sonhe durante os dias
Perca a cabeça
Não dê motivos
Não dê desculpas
Apenas faça
Tudo que tiver ao alcance
Tudo que foi dito impossível
Contrarie apenas pelo gosto
Enlouqueça apenas por capricho
Discuta pela sua sanidade
Argumente para preencher
Ignore as mentes vazias
Não perca tempo
Não perca chances
Mas se perca
Na melhor das maneiras
Feche os olhos
Pule seus precipícios
Encare seus medos
Entregue seus segredos
Minta sem escrúpulos
Seja também o vilão
Experimente todos gostos
Releve seus limites
Dispense sua consciência
Esvazie seus bolsos
Comece alçar vôo
Desconsidere todos atritos
Seja um sistema em equilíbrio
Destes que só existem em exercícios
Coloque a prova todas teorias
Esconda os resultados
Julgue algo além de certo ou errado
Abra uma vez seus olhos
Abrace de uma vez o mundo
Corra enquanto pode
Sorria simplesmente porque pode
Respire porque quer
Quebre suas últimas barreiras
Pensamentos, pudores
Opiniões, valores
Quando tiver sem fôlego
Quando a fatiga lhe bater
Desabafe a última palavra
Sussurre a última letra
Seja livre antes de ser tarde.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 15 de março de 2009

"Querer"(14/03/2009)



Simples, puro, único
O tive em memórias
O tive no meio da rua
O tive no coração desavisado
O tive por completo
Soube por um momento todas direções
Soube para sempre o que fazer
Soube como uma verdade
Soube como sempre soube
Duvidei no começo
Duvidei por respeito talvez
Duvidei por uma última vez
Duvidei por causa do seu olhar
Suas palavras que se confundiram
Seus gestos sem sinais claros
Suas atitudes questionáveis
Seus princípios já vencidos
Deixei-lhe para trás em uma esquina
Abri a mão do que me segurava
Superei os limites que faltavam
Troquei o que era dito como sina
Quis numa sinceridade súbita
Quis uma certeza para mim
Quis para contrariar o mundo
Quis minha felicidade
Simples, pura e única.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 11 de março de 2009

"Vivo por isso" (11/03/2009)



Acorda e vai ser feliz
O mundo está lá fora
Por mais que você sonhe
Por mais que você deseje
A vida mora nesta brecha entre as coisas
As que podem dar certo
As que podem dar errado
A vida mora exatamente ali
No extravagante e extraordinário
Onde você ainda não imaginou.
Toda graça está em descobrir
Em por o pé pra fora
Em abrir os sorrisos
Abraçar o que lhe é real
Se não for para isso fica na cama
Dorme até amanhã.

Pondera com seu coração
Argumenta com sua consciência
Eles irão te ouvir.
Tudo que a gente precisa é algo dando certo
Já estamos prontos para acreditar neste mundo
Então vai conquistar tua felicidade
Na rua que observa como se não fizesse parte.
Você ficaria impressionado com as coisas que pode.
Como você pode se evitar?
Evitar uma inspiração, uma vontade,
Um ímpeto, uma sinapse que seja?
Pare, pare de negar
Pare de analisar o que não muda mais
Ainda tem mais passos para dar nessa estrada

Construiremos sempre muros de medos
Portas de angústias e janelas de fracassos
Mas se você ainda puder ver o horizonte...
Arranca essa armadura
Coloque a cara a tapa, sangre, mas viva!
Feche os olhos tome sol, tome chuva, sinta!
O mundo é o que está a flor da pele
É o que remexe seu estomago de ponta cabeça.
Se você algum dia já sorriu sozinho
Já gargalhou apenas com uma lembrança
Está dentro de você.
Já é mais teu do que sabes.
Talvez, e somente isso,
Tudo que ela queira, seja o mesmo que você.
Ser feliz!
Ah, meu caro, Acorda!

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 9 de março de 2009

"Romance do Século Passado"(08/03/2009)



Cavaleiros cruzando montanhas, campos abertos
Batalhas sem propósito
Cavaleiros invadindo castelos
Vencendo criaturas mitológicas
Fazendo serenatas.
Cavaleiros em guarda para todos os perigos
Buscando sempre a mais alta das torres
Vencendo os mais dementes vilões
Fazendo o que foi dito impossível.
Cavaleiros que são feridos, que caem no chão,
Que sangram, mas continuam a lutar.
Cavaleiros de um velho romance,
Que entre buscas e desencontros
Atravessaram mares atrás de uma única dama.

Corações conquistados aos olhares distantes,
Na relação julgada proibida.
Corações em eterna fuga pela felicidade,
Presos em angústia e negados pela sociedade.
Corações fortes o suficiente para vencer o tempo.
Corações do século passado
Que sangravam por um olhar recíproco.

Damas eternamente em perigo,
Mais fortes que um exército.
Damas que enfrentam reis e seus destinos.
Damas que aceitam sacrifícios, que abrem mão
Damas que jamais se dão por vencidas.
Damas de um sonho passado
Capazes de mover o mundo.

Sei que por estas ruas ainda andam estas damas,
Ainda sagram estes corações
Ainda lutam estes cavaleiros
Para nenhum deles é tarde demais
Ainda é tempo de romances

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 5 de março de 2009

"Depois de Mim”"(24/02/2009)



Quero uma casa perto de um lago
Um vento sudoeste
Um sol pela manhã
Uma chuva no fim de tarde
Quero um poente avermelhado
Quero árvores e flores
Quero respirar ar puro
E algumas borboletas amarelas
Quero uma prosa
Não precisa ser periódica
Muito menos gente conhecida
Pode vir sem data marcada
Para contar qualquer história
Quero ouvir boas risadas
Não me importarei em amparar lágrimas
Mas não saia daqui sem um sorriso
Eu prometo um abraço
Quero me sentir vivo
Parte desta terra que um dia pisei
Parte deste mundo onde lutei
Do futuro o qual não sei
Quando morrer me ouçam
Nem que por uma vez
Não se preocupem, estarei bem
Como último favor
Apaguem as luzes ao anoitecer
Deixe-me dormir com as estrelas
Lembrem sempre...de serem felizes ao amanhecer.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 2 de março de 2009

"A Trip to Yourself" (22/02/2009)



I was traveling by myself
Trying to be free
I changed my believes
Based on my scars
And for a long time
All seams to be at place
I’m not going to deny
Was a hard walk this way
Avoiding my first reactions
Looking for the real thing
But work it out for the good
I kept smiling trough the days
People proved me right
The world was fitting in my hands
It’s like they say
When you hold the world
You lost something on the way
The things that fulfill
The true in your heart
Anytime will speak louder
Then it’s all that you hear

So after a time on the road
With no destiny
Only a wind blowing fair
The trip has ended
I have those feelings again
And nothing to argue against it
When I first saw you
Were in your eyes
It’s time to settle down
I’ll head back to town
All in all...I’m going home

Ass: Danilo Mendonça Martinho