segunda-feira, 30 de maio de 2011

“Meu Pecado” (23/05/2011)

Enfadado em teu mistério
Ciente do meu sentir
Vendido à minha ilusão
Sem posse do teu olhar
Peco pela razão

Temo o teu querer
Evito as profundidades
Divido meu coração
Na posse do teu sonho
Peco pela solidão

Aceitei a tua distância
Neguei um reencontro
Desisti de toda dor
Na posse do nosso vazio
Peco pelo amor

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 26 de maio de 2011

“A escolha pela distância” (16/05/2011)

A princípio me parece insensato. Onde o outro não está, não se ama. A saudade pode doer, a palavra pode faltar. É esconder-se atrás da rotina, é não lutar. É deixar sempre para depois o sentir. É proteger o outro protegendo a si, sem ter nenhum dos dois. É fuga, um esquivo, um subterfúgio. A distância não existe é uma coisa que se impõe. O humano sempre é capaz de se fazer inalcançável sem perceber que não viver dói ainda mais. Pra que olhar para o lado? Fingir, disfarçar. Só para manter o sorriso como se fosse isenta de culpa? Escolher a distância me parece simplesmente mesquinho.

Por outro lado a distância é onde o outro não está, onde a palavra se cala, onde pode se esconder, onde se desiste. É evitar o sentir, é proteger-se, é fugir, é impor limites, é não ser afetado, é tentar esquecer. A escolha pela distância pode ser a última alternativa, de quem ainda sente, para deixar de sofrer.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 23 de maio de 2011

“Onde não existe tempo” (15/05/2011)

Aqui não bate vento, não nasce vida, é uma travessia sem alma. O caminho sem tempo faz lá fora ser qualquer lugar. Sinto-me em um deja vu eterno onde todos podemos nos perder. Nesse infinito, nesse canto de mundo, atravessam corpos igualmente estáticos, olhares sem destino. A boca seca, o horizonte se deforma, a palavra esmaece, tudo desiste. Quando entramos em um caminho onde nada se quer o mundo deixa de ter um amanhã.

Um trem que a gente embarca e nem sempre acha volta.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 19 de maio de 2011

“Aprendendo a dizer não” (13/05/2011)

Hoje é um dia triste
Teu colar sumiu do peito
Levou também o brilho do olhar
Tornei-me um fundo preto e branco
Uma presença estática
Esperando ser vencido pela ausência

Minha palavra é um rio que secou
Não podemos mais viver de flores
Se tivesse me negado o amor
Podia evitar arrancá-las pela raiz
Não restou nada entre nós
Somos apenas uma espessa distância

É temeroso não mais te imaginar
É apavorante ter que te calar
Mas o problema maior
É saber que nunca vai parar de doer
Tornou-se impossível outro verso

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 16 de maio de 2011

“Sacrifícios” (01/05/2011)

Beira tudo que é lágrima
E salta para o abismo
Mergulha no véu branco da alma
Salga a boca doce
Inunda todas as palavras
Escorre pelas cicatrizes
Ecoa onde nunca cheguei

A tua queda é o infinito
A dor, todo o viver
Onde meus olhos não visitam
Paira sobre tudo de mais sensível
Jamais será uma posse
És feita de liberdade
Resta apenas, também precipitar-me

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 9 de maio de 2011

“Outro Lugar” (26/04/2011)

A noite cai diferente
Sombreia outros recortes
Revela outros segredos
Há uma realidade para cada passo
Há uma alma para cada espaço
O mundo não precisa ser um vazio
A imensidão é um convite
E só podemos fazer parte
Não importa a linha do horizonte
Ela jamais será um limite

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 5 de maio de 2011

“Cataratas” (25/04/2011)

Uma queda por tua beleza
Um abismo natural
Um degrau sem esperança
A tua morte na beira da vida
A tua força invencível
A tua desconsideração pelo humano
Essa fuga de qualquer lógica
Essa liberdade sem controle
Essa tua alma...
És imensidão sem verso
Como todo sentimento
Um rio a procura de mar.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 2 de maio de 2011

“Sobre os sonhos” (24/04/2011)

Pisei mais uma vez nas nuvens
Aqui onde sempre faz tempo bom
É estranho não precisar de chão
Visitar a morada das estrelas
O homem e seus pretensos limites
Não entendo dominar os céus
Sem o controle da própria alma
Mas devo vir a admitir
Aqui devem estar as respostas
Numa realidade ainda em forma de sonho

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 1 de maio de 2011

Meme Literário

A pedidos

1. Existe um livro que tu lerias e relerias várias vezes?
Talvez "Noites Brancas"


2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?

Sim. "O Guarani", mas é impossível.

3. Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?

Nenhum. Nenhuma palavra se basta dessa forma.

4. Que livro gostaria de ter lido, mas que, por algum motivo, nunca leste?
"O diário de Anne Frank", mas adio o comprar esse livro. Outro é "Um, nenhum, cem mil", Pirandello, é um livro que precisa de espírito para ler.

5. Que livro leste cuja 'cena final' jamais conseguiste esquecer?
Nenhum. Me senti estranho agora


6. Tinhas o hábito de ler quando era criança? Se lia, qual era o tipo de leitura?
Só a turma da Mônica, rsrs. A coleção dos Karas se não me engano também é um marco "Droga da obediência" e afins.

7. Qual o livro que achaste 'chato' mas ainda assim o leste até ao fim? Por quê?
"O triste fim de policarpo quaresma", e não foi vestibular, foi vontade própria mesmo.

8. Indica alguns dos teus livros preferidos.

Cidades Invisíveis - Italo Calvino
Noites Brancas - Dostoievski
Sonhos de uma noite de Verão - Shakespeare
Bendito Maldito - Oswaldo Mendes (é biografia do Plínio Marcos, vale a pena)


9. Que livro está a ler neste momento?
"A desobediência civil" - Henry David Thoreau


Ass: Danilo Mendonça Martinho