domingo, 20 de maio de 2018

“Ponto de Partida” (20/04/2018)


Não existe nada mais estranho do que abandonar um peso. Aprendemos a nutri-lo, aprendemos a contar com ele, colocá-lo na balança em toda decisão como parte indivisível e insuperável. Deixá-lo é quase não se reconhecer, fomos mais tempo com do que podemos imaginar sem. Somos pessoas apegadas talvez até mais as nossas dores. A felicidade nos escapa, mas dormimos abraçados aos nossos medos. Quem sabe esse seja o pedaço que tanto me falta, não meu sonho ou desejo, mas sim essa parte que nunca deveria ter sido minha. Habituei-me, confesso. Há um conforto na melancolia, como vítimas não precisamos tratar as causas, temos sempre justificativa. Agora me sinto de volta a vida selvagem, tenho que agir para sentir, perdido nesse vazio onde tenho a chance de construir algo completamente meu. Deixar um peso para trás é aquele momento esquisito quando tiramos o gesso de uma perna. Parece uma coisa nova, muito formigamento, leveza, buscamos na memória, mas logo percebemos que para seguir em frente vai ser preciso um novo equilíbrio. 


Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 12 de maio de 2018

“Alma” (17/04/2018)

Eu preciso te falar sobre o meu querer
Desisti de tentar e comecei a fazer
Ainda não entendo o que deixo para trás
E não me importa se não puder levar você

Te quero até as últimas consequências
Me leve até as verdades e inocências
Me encontre de novo, me reconheça
Ou como último pedido me esqueça

Eu me nego ao que devo
Eu me entrego ao sorriso
Cansei de tudo que preciso
Eu só quero ser feliz

O inconsciente me trai
Abre todo meu peito
Revela o medo que corrói
Liberta a chance de ser melhor

A vida não tem muito segredo
É mostrar o que somos
Agir pelo nosso sonho
E saber o que guarda nesse espelho

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 5 de maio de 2018

“Convexo” (13/03/2018)

Este espelho dá medo
Enxergar demais
Encarar as boas verdades
Lutar contra o inconsciente
Descobrir-se insuficiente

Conhecer-se é algo sério
Um compromisso para vida
Palavras que não te deixarão
Vão me manter acordado
Ou vão trazer minha paz?

Não julgue a covardia
A tristeza é forte
O passado imutável
Nos escombros da alma
O que terá sobrevivido?

Tempo demais nesse espelho
Tenho medo de reconhecer
Detalhar todas as falhas
Despido pela sinceridade
Ainda assim....não querer mudar

Ass: Danilo Mendonça Martinho