segunda-feira, 25 de maio de 2015

“Percepção”

Os olhos jamais enganam a alma
Enxergar é sentimental
O querer constrói a realidade
Na penumbra da madrugada tudo que vê
É tão verdade quanto tudo que ignora
A vida não é explícita
Nem são cartas marcadas
O dever obscurece o desejo
Para razão crer é preciso tocar
E embora ela controle o corpo
O coração controla todo resto
Não duvide de seus olhos
Eles podem ser os únicos a saberem a direção

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 17 de maio de 2015

“De ontem pra hoje” (10/05/2015)

Como encontrar o homem dentro de si?
Quais feições no rosto me entregam?
O que será que o consciente prefere ignorar?
Crescer muda aparências, mas e o espírito?

Não há mais promessas veladas
A responsabilidade é uma escolha
Fugir é só correr em qualquer direção
Só que não há caminhos pro passado

É preciso cumprir uma parte de nós
Para que alguma outra seja livre
Amadurecer lembra um processo natural
Mas desconheço ser humano que se possa colher

Decidi passar os dias diante o espelho
Encontrar o que mudou sem me levar
A alma é mais transparente que o corpo
Sentir é o mais sólido que se pode chegar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 10 de maio de 2015

“Teoria dos nós” (04/05/2015)

Não há exatidão nas palavras
Por isso amar não tem limites
Razões para ser são as mesmas de esquecer
Poderíamos aceitar o que é real
Mas somos a aposta da incerteza
Ser mesmo que chova ou seque
Voltar é mais natural do que seguir
A porta separa o tempo e o espaço
O abraço elimina o antes e o depois
O infinito não se aplica à escolha
Nosso caminho é através da parede
Rumo é encontrar entrada pro coração
Destino é aconchegar paz na alma
Enxergar todo dia os traços do sonho
O universo cabe no olhar
Dos meus fiz nossa morada
Com o sorriso beirando a palavra
Para quem passar ter uma ideia insensata
De como ser feliz

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 3 de maio de 2015

“Por trás da alma” (28/04/2015)

Há um solitário dentro de nós. Não sorri, não decide. Um silêncio preenchido de palavras. Verdades escondidas. Quem é te amedronta mais do que o que pensam de você. Só há uma pessoa que sabe até onde é real e a ignoramos com toda força. Viver em meio de tantos sem trazer nada para si é uma viagem tranquila, não se compra brigas nem problemas, não se faz amizade nem amor. Seguir é extremamente fácil quando não há nada que te importe abrir mão. O resto do dia longe dos espelhos dos olhos que te despem se torna um grande palco. Somos a sociedade do parecer, satisfeitos em ouvir o que queríamos. O quanto te corrói fazer o que não é? Tuas olheiras, tua constante aflição, o medo de que tudo volte a desmoronar. Teu pessimismo é uma cicatriz no rosto, incapaz de esquecer. Enquanto isso, no íntimo de nós, permanece sozinho, sincero e livre, a parte de nós que por algum motivo preferimos esquecer. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho