terça-feira, 12 de agosto de 2014

“Trabalho” (06/08/2014)

Como é difícil não reconhecer um rosto
Nem estou falando de um amigo
Alguém que não te olhe torto
Alguém que tenha um sorriso sincero
Um porto onde exista algum espaço para ser livre
Um olhar que não saiba seu sobrenome,
Mas esteja disposto a escutar
A obrigação, o desafio, o crescimento,
Não surtem efeito diante o mal estar da alma
Eles resistem por um bem que desconhecem
O que fazer quando só sobra espaço para sobreviver?
Não quero mais favores
Chega de estar nos comentários alheios
Ser peso, ser pedaço, ser carregado
Prefiro ser apenas só

O olhar sem confiança
A companhia sem laços
O fim do dia que tudo leva,
Sem nada para esperar do amanhã
É um deserto de sentimentos
Onde qualquer verdade revelada já gera arrependimento
Andar eternamente no limite entre ser e parecer
Talvez a falha seja minha,
Não saber viver só o burocrático
O profissional sem o humano

Queria contar qualquer bobagem
Queria contar que não estou conseguindo ser completo aqui
Me desculpar por ser ingrato diante a chance
Mas também poder ser livre de sentir
Encontrar um jeito de respirar que não seja pela palavra
Encontrar vida mesmo que não seja no outro.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

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