quarta-feira, 27 de março de 2013

“O sentir não tem nome”

Desenhar o amor é muito fácil. Todo mundo já deve tê-lo feito, provavelmente mais de uma vez. É que se descobre que diferente coisas lhe cabem, talvez até mesmo tudo, mas nem tudo te serve. Seus traços podem reproduzir conceitos, pessoas, memórias, e (acredite) dores. São formas que experimentamos, nem sempre voluntariamente. Fico pensado nos moldes que não se encaixam. Será que arrastamos o amor, ou mesmo o deformamos para nos servir? Há muito na conta dele. O romance segue de uma maneira particular, obedecendo escolhas e essências. Sabemos, o humano erra, e também muda. O amor não esmaece, nem se dissipa, são os quereres que são outros, são os limites da alma que se atingem. O amor segue, só amor. Viver tem variáveis tão infinitas. Talvez o correto seja deixar esse desenho em aberto, não é preciso ter pressa, há muitos enganos quando só se precisa de um acerto. Não falemos dele, que apenas sente. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 20 de março de 2013

“Marasmo”

Lua encheu-se e se apagou
Não mais levantou as marés
Nem sobrepôs a luz da rua
As estrelas órfãs despencavam
Nenhum desejo seria suficiente

O sol não sabia quando se por
Navegar já não era preciso
O romance perdido no breu
A dama partiu sem companhia
Fechou os olhos para nossa vida

A cada sete dias ela chora
A cada sete dias ela cresce
A cada sete dias ela brilha
A cada sete dias ela desaparece
Tudo por aqui permanece

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 13 de março de 2013

“Apenas, um ensaio”

O apenas reduz tudo a sua mais ínfima parte. Simplifica e menospreza. Desmorona argumentos, apressa o tempo e faz até um sentimento caber em menos que um suspiro. É uma palavra que se reduz a um único e mais nada, uma palavra, poderiam dizer, que fez uma escolha. Ela é. Ao se deparar com algo tão irredutível muitas questões são levantadas e nos vemos desafiados. Nada pode ser apenas. Tudo precisa de inúmeras razões, tudo está sujeito a um ponto de vista, tudo por menor que seja é uma chance entre várias. Mas tudo apenas aponta direções, alcança o mundo em um único abraço, te dá a visão sem o caminho. A ideia que algo seja apenas é plausível, pois ele também é completo. Apenas não é limitar, é desenhar os contornos do que somos. Não é ser tudo, é ser todo, quantos podem dizer isso? Talvez este seja o motivo desta palavra ser tão inquieta, ela carrega um pouco de nossos sonhos. Pode parecer desconsideração, mas ela, como nós, que ser simples. Simplesmente viver, simplesmente querer, simplesmente amar. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 6 de março de 2013

“Energia de Ativação”

O agora é provisório
Nada quer ser inerte
As paredes buscam frestas
Os vidros vibram
O assoalho estala
Um movimento sólido
Transformando a vida
Só a ilusão permanece

O querer é uma intenção
Jamais um controle
O natural é o incerto
Tudo que nos escapa
É o caos que nos persegue
A organização garante a sanidade
Ninguém está pronto para ser livre
O humano é provisório

Ass: Danilo Mendonça Martinho