domingo, 22 de novembro de 2009

“Flores de Plástico” (18/11/2009)




De que me adianta uma flor que parece?
Belas pétalas de plástico
Que não me trarão suas alegrias
Que não se flagelarão com tristezas
Que não escutarão meus segredos
Uma terra sem vida
Sem amor para receber
Que rejeitará as chuvas
Que será indiferente aos sóis
Uma bela peça de arte
Vazia de todos os propósitos
Eterna e sem vida

Preferiria mil vezes que morresse
Que me apontasse meu descaso
Que pedisse minha atenção
Que precisasse de minha presença
Suas folhas mudando de cor
E tuas pétalas abrochando no verão
Mas como cuidar de você assim?
Invariável e irredutível
Permanentemente linda e feliz

Sinto dizer, mas não posso
Como é terrível e cruel
Que não lhe existam versos
Mas como lhe poderei ser fiel?
Se sei que virei a chorar
E quando lhe odiar
Não poderei pedir desculpas
Prefiro sangrar com os espinhos
Mas poder...se necessário
Arrancar tudo pela raiz.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

“Baile” (18/11/2009)




Vista-se de algo antigo
Donzela, cavaleiro, frade
Não me importa teu personagem
Rebusque tua linguagem
Pense duas vezes ao indagar
E imponha sua mesóclise com cuidado
Tire seu par para uma dança
Não são dois pra cá, nem pra lá
São olhares, suspiros, e leves movimentos
Conversas inteiras baseadas em gestos
E é melhor não se enganar
É deveras complicado recomeçar
Imposte a voz e discurse
Não seja um tolo utópico
Tua aparência importa demais
Fale de porcos, mas fale direito
A razão não é o correto
É uma voz mais alta e forte
Pois agora que foi devidamente notado
Vire as costas e caminhe com calma
Quais olhos que lhe seguem?
Esta é a pergunta fundamental
E agora é tudo uma questão de tempo
Para que as fantasias venham a cair
Até que sobrem apenas corpos verdadeiros
Um par de almas recíprocas
Que em qualquer época
Sempre poderão se encontrar.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 15 de novembro de 2009

“Inacabado” (15/11/2009)




Fragmentado
Parcialmente destruído
Inutilizado
Totalmente esquecido
Poetizado
Indevidamente eternizado
Vencido
Erroneamente julgado
Ultrapassado
Nostalgicamente lembrado
Sonhado
Inadvertidamente imaginado
Cansado
Fisicamente saturado
Ignorado
Conscientemente despercebido
Perturbado
Internamente perdido
Solitário
Permanentemente vazio
Melancólico
Inevitavelmente romântico
Amado
Brevemente retribuído
Revoltado
Historicamente no limite
Irado
Incrivelmente invencível
Marginalizado
Perigosamente excluído
Generalizado
Propositalmente negligenciado
Amedrontado
Circunstancialmente desistente
Policiado
De valores questionáveis
Cicatrizando
Lutando por princípios

Raro foram os momentos
Em que nada fui
E sei que a este momento
Um dia retornarei
Até lá...permaneço...

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

“Me Leva Pra casa” (10/11/2009)




Se vier o suspiro
O sorriso torto
A face murcha.
Se desistir de discutir,
Perder as palavras,
Abaixar o tom.
Se me sentar,
Evitar gestos,
Inerte as provocações.
Seja prudente de não perguntar
Poderei fugir em paz
Para nunca mais voltar

Quando o dia pesa
A liberdade estreita
A paciência acaba
O sujeito desagrada
O amargo sobe a boca
O cenário perde a cor
Quando o reflexo me estranha
É hora de dar as costas
Para dizer jamais

Não quero estar aqui
Com isto como parte de mim
Não quero ser
Imagem com pobreza de detalhes
Mente inquieta e perdida
Piadas forçadas e falsos sorrisos
...Tomo o caminho de casa
Sem saber como voltar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 8 de novembro de 2009

“Walking Away” (02/11/2009)




I have been waiting
Standing all alone
Like a fool in the end
The sun is gone
The moon won’t come
The darkness is upon me
And a still was looking
Maybe in the next turn
You were on time
A few minutes to arrive
And the revolution broke out
My heart losing his pace
And I started losing my mind
All the reasons became unreal
My doubts unsettling
My body uneasy
It doesn’t feel right
I couldn’t be there
It was too comfortable
Living once again
And complain when you be gone
A cheap shot to romance
A lie that I couldn’t stand
I already came too far
Now I need to get free
I hope you understand why

I started walking
I didn't give up the hope of the train pass
I just choose not to be there

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

“Quinta a Noite” (02/11/2009)




Não quero escrever-te
Não se trata de descaso
Jamais lhe negarei
Mas parece inadequado
Que versos te descrevam
Sendo que já lhe sinto
E tua marca em mim
Não contém tradução

Não quero eternizar-te
Somos bem mais sutis
Olhares muito tímidos
Palavras fantasiadas
Um sentimento óbvio
E por respeito a ele
É que quero me calar

Não merecemos o papel
Nem queremos merecer
Sejamos uma boa intenção
Um encontro casual
Um teimoso desconcerto
Uma dessas felicidades
...que permanece.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 1 de novembro de 2009

“Uma Sombra Contemporânea” (31/10/2009)




O que fazer quando os valores não pagam a conta?
Quando a felicidade tem preço.
Quando as honras são secundárias.
Quando as nobrezas são rejeitadas.
Quando ser humano se torna sê-lo menos.

O que dizer ao olhar que desiste.
Ao coração que se fecha.
Ao corpo que dá as costas.
O rosto que entristece
A vida que perde a cor.

Para onde ir quando se é incomum.
Quando tua opinião é contrária.
Quando tua crença é única.
Quando tua palavra é sozinha.
Quando te deixam para trás.

Como se manter intacto
Se são nas brechas que te atacam
Se é de ti que fazem duvidar
Se é do teu sorriso que são contra
Se é a tua essência que negam

Por último me diga sinceramente
Quando deixar quem você é
Quando trocar e vender
Quem será diante do espelho
Por qual nome devo lhe chamar?

Ass: Danilo Mendonça Martinho