quinta-feira, 28 de outubro de 2010

“Contra Ponto” (30/09/2010)

Teu reflexo é meu todo
Assim que devo te julgar
Pela transparência da realidade
Bastaria um olhar direto
Seríamos corpos artificiais
Vamos manter as inocências
Puros seremos mais sinceros
Essências isoladas

Eu temo a palavra
Qualquer uma delas
O começo de nossos conceitos
Minutos até destruir o encanto
Satisfaço-me com o mistério
Na impossibilidade do encontro
Enamorar teu reflexo

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

“Entre mistérios” (27/09/2010)

Desculpe esta transgressão
Quebrar a intimidade dos nossos olhos
Mas tua presença transborda minha curiosidade
A vida insiste em nossos encontros
Nunca me passa despercebida
Será que deveria lhe dizer algo?
Será que guarda um segredo para mim?
Mesmo assim permaneceremos de passagem
Efêmeros como a cidade que nos cerca

Já reparei o compromisso na sua mão
E que seus olhos esboçam um sorriso
Somos imagens recíprocas em nossas vidas
Sem nomes, destinos e propósitos
Não somos nada além disso?

Você é um sinal
Eu preciso descobrir do que.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

“Uma Escolha”

Se você olha para alguém sem romance
Sobra só o corpo
Se você olha o horizonte sem romance
Sobra só poluição
Se você olha a cidade sem romance
Sobra só cansaço
Se você trabalha sem romance
Sobra só burocracia
Se você discursa sem romance
Sobra só frieza
Sem sentimentos, tudo é descartável
A começar por si próprio

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

“Logo Será Amanhã” (21/09/2010)

Fico aqui imaginando
Quando nos tornaremos rotina
Um par de essências corriqueiras
Nomes gastos pela convivência
Sombras do primeiro encontro

Talvez a semana ajude
Os compromissos nos separem
O risco é perdemos palavras
Mas podemos ganhar tempo
O necessário para não esquecer

Pensei que poderia me acostumar
Hoje não quero mais
Quero que tudo seja incômodo
Bagunçar nossos princípios
Um rascunho...meio ontem e amanhã

No fim vou me conformar com a paisagem
Vou decorar todos os seus caminhos
Meu desconhecido será familiar
Faltará espaço para o perdão
Até mesmo isso soará comum

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

“Tesão” (17/09/2010)

Tenho um breve rascunho de ti
Terei de sonhar com teu rosto
O resto tua silueta me entrega
Desculpe a invasão física
Mas o pecado se faz necessário
Sei que não sou o original
Tuas pernas envolveram outros
Tuas formas enlouqueceram tantos
Quero te consumir a chama
Com as mãos contra a parede
Não quero parar em uma noite
Contigo crio um expediente
Não me venha com ares de dama
Falo de dois corpos inconseqüentes
Nega esse calor na espinha
Nega tua boca salivante
O sinal para lhe rasgar a roupa
Mas fique com teus pudores
Te faz mais excitante ainda
Quero sentir teu corpo nu
Quero teu prazer mais vulgar
Arranhando-me toda pele
Tua carne viva em suor
Meu Deus!Que orgasmo!

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

“Uma Eternidade” (17/09/2010)

Quero tirar poesia desta calçada
Algumas palavras épicas
Logo seremos passado remoto
Pois um dia perdemos o controle

Não quero um nome na história
Quero um propósito para vida
Guardar em um caderno envelhecido
As essências de um mundo extinto

Sou pretensioso nos sonhos
Seria condenado sem tentar
Perdoe todos meus erros
Preciso de um único clássico

Quem sabe então
Serei as frestas do concreto
O reflexo do Sol nos prédios
A vida e morte de um tempo

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

“Um Lugar Imaginário” (11/09/2010)

Nunca fui de poesia natural
Mas posso me acostumar
O canto dos pássaros matinais
O tom da primavera chegando
O sol ainda na estação passada
A vida se espalha pelo gramado
Também o queria como cama
Fechar os olhos em outro universo
Driblar meu inconsciente
Sei que terei de voltar
Preciso apenas de mais um minuto
Para acreditar em toda essa paz
Sei que posso acordar em outro lugar
Sei que posso aprender a viver aqui

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

“Nota na Madrugada” (12/09/2010)

Como escrever poesia
Quando a vida se acabou?
Como descrever a dor
Que não pode mais ser sentida?
Receei tanto este telefonema
Veio em mais uma madrugada
Palavras que perturbam o sono
Momentos que tiram o rumo
Encontrarei o sorriso depois
Na memória envelhecida
Daquele corredor avermelhado
Onde poderemos estar juntos
A vida invariavelmente se completa
A de vocês foi maravilhosa

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

“Alegria” (10/09/2010)

Há um céu azul
Abençoando minha alegria
Não há uma palavra de dor
Um verso de revolta se quer

O porém é que a alegria é individual
Não posso compartilhar um sorriso
Você entende a minha dor
Mas não minha felicidade

A dor é universal
A amizade feita para vários
O amor é para dois
A felicidade para solidão

Há um céu azul imenso
Jamais poderei descrevê-lo
Minha alegria é um quadro
Que não posso vender

Ass: Danilo Mendonça Martinho