domingo, 20 de dezembro de 2009

“Teu verso me falta” (20/12/2009)




Meu sonho não levantou comigo
O telefone não tocou aos raios de luz da manhã
Um leve sorriso da esperança que passa
Um grande suspiro da ilusão que acaba
Tento me acostumar com toda essa espera
Tento não alimentar meus desejos
Mas meu inconsciente me pega de surpresa
Ao me jogar nos sentimentos que ignoro
Seria mais simples se fosse palavra
Poderia lhe descrever em detalhes
Poderia ditar nosso encontro
Nossa união seria algo inevitável
Mas fico sempre a espreita
Pensando em oportunidades
Me precavendo para não lhe perder
Mas pouco sei quando dizem sobre “eu e você”
Será eternamente fora de meu controle
Perderei meu apetite e não saberei o que dizer
E ao teu lado só espero que veja
Por favor, não parta sem me conhecer
Quem sabe entenda o que não digo
Eu sei...não é fácil
Mas sou essencialmente poesia
A espera de quem possa rimar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 13 de dezembro de 2009

“Incerteza” (13/12/2009)




Não consigo me livrar disto,
Impregnado como mau cheiro,
Como uma verdade escondida,
Como segredo sufocante.

Escrevo sem parar
Mas não reconheço as palavras
Nenhuma parece dizer o suficiente
Todas estranhamente mudas

Faço prosas e poesias
Tento fechar os olhos
Tento sempre em vão

Há algo ainda no ar
Há algo nos corações
Há algo nas almas

Algo se perde
Tem algo que perde a voz
Tem algo que perde o sentido
Tem algo que morre
No primeiro sinal de vida

A impressão presa no âmago
Um sentimento sem tradução
Que me deixa apenas com o receio
De ser exatamente do que preciso

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

“Arrependimento” (05/12/2009)




Quantas vezes já recusei o guarda-chuva?
As gotas necessárias ao meu rosto
Pequenas verdades inconvenientes no olho
Implorei por muito mais delas
Perguntei se era tudo que podia fazer
Fui imprudente, fui indiferente
Deixei por me atingir e sangrar
Não tinha razão alguma
Ao perturbar as emoções
Ao questionar as decisões
Forjou-se em mim a tristeza e melancolia
E mesmo assim fui incapaz de chorar
Caminhei com meus erros
Desejando não mais pensar
Todas as forças para esquecer
Mas o pesadelo continuou
E já sabia que não ia acordar
E só pude deixar a chuva cair
Mesmo sem nada a dizer

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

“Segunda Chance” (02/12/2009)




Se este final de noite me permitir mais um desabafo,
Mais um conjunto de palavras alheias
Íntimos revelados e âmagos atordoados
Verdades intrínsecas e abordagens inusitadas
Emoções não recomendadas.

Se as estrelas pararem seu brilho
Escutarem minhas lamurias com a atenção necessária
Quem sabe então venham a cair.
Se os últimos minutos de consciência que me restam
Puderem expressar meu desespero diário e desejos desonestos.
Se minhas últimas palavras puderem não ser nenhum “adeus”
Se meus versos disserem em boa e alta voz,
Minhas falhas, meus medos, minha vulnerabilidade,
Que elas tornem meu ser em mais humano
Que elas tornem minha racionalidade mais desapropriada
Que possam libertar meus pensamentos,
Que possam desaparecer com os limites.

Ah, que bom seria antes de fechar os olhos um sorriso
Aliviado de minha escusas, de meus disfarces,
Que bom seria deixar todas as máscaras no chão,
Que bom seria olhar livremente nos olhos do próximo,
Que maravilha seria não me preocupar.
Ah, se esses versos tiverem esse poder,
Que não pestanejem perante a oportunidade de confessar.

Cansei deste medo, cansei dos pudores,
Quero esta carcaça por inteiro
Quero aceitar suas imperfeições nos mínimos detalhes,
Quero as cicatrizes, quero as marcas do passado,
Quero os ossos quebrados, quero as mágoas expostas,
Quero nestes últimos minutos, como em um reza,
Sussurrar arrependimentos, tristezas, medos, e vontades,
Quero nem que seja em um suspiro me livrar
Deste gosto amargo, destas dúvidas, destes parâmetros.

Se este dia ainda me permitir, queria deixar aqui
Tudo que já não mais sou
Tudo que já não quero mais ser
Tudo que terei que esquecer para o amanhã
Gostaria de aqui deixar minhas dores
Gostaria de me despir dos valores
Enterrar alguns princípios
Começar algo de novo
Se ainda há tempo, se ainda há vida
Que me permita, por favor, me permita.

Ass: Danilo Mendonça Martinho