domingo, 6 de dezembro de 2015

“Riscos” (12/11/2015)

Quando a gente é novo o mundo é só descobertas. As curiosidades nos levam a grandes tombos e topadas, mas não importa, a vida é uma aventura. Queremos chegar mais alto, queremos correr mais rápido, queremos ir mais longe. A caixa de papelão f-22 é a mais rápida aeronave de toda história. O cavalo de pau corcel negro é o mais corajoso que já conheci. Meu quintal é testemunha das batalhas mais épicas comigo mesmo. Meus soldados foram para guerra, sem que eu pudesse saber o que era uma guerra. Tinha uma galáxia estelar no box do meu banheiro e nem me deixe começar a falar sobre o teto do quarto. Os corredores eram maiores e o gramado da minha avó o meu Maracanã. Fui de tudo neste enredo, o mundo sempre coube na minha imaginação e foi difícil entender que o contrário não seria mais possível. O adulto é cheio de medos, as paredes são de concreto e tem uma janela onde podemos colocar nossos sonhos longe o bastante. Vejo meu gato pulando dentro de caixas, perseguindo a própria sombra, se divertindo com sacolas plásticas e papel picado. Ao comparar nossos olhos, penso que preciso voltar a ralar os joelhos por aí. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 29 de novembro de 2015

“Mancada” (10/11/2015)

Cansei dessa história
Cansei da culpa
Cansei de estar sempre aquém
Cansei de duvidar
Cansei de procurar o erro no meu espelho
Cansei de me diminuir
Cansei de gastar meu tempo
Cansei de usar o meu pensamento
Cansei dessa história só ter um lado

Quero meu orgulho de volta
Quero o meu sorriso
Quero a minha paz
Quero não olhar para trás
Quero te deixar com suas verdades
Quero me livrar do desgosto
Quero teu melhor só que longe de mim
Quero que perceba as tuas falhas
Quero que compartilhe da humilhação
Quero que você perca o sono
Quero que você entenda o peso da responsabilidade
Quero que você entenda que isso significa muito mais para os outros do que para você

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

“Pródigo” (09/11/2015)

Quem sabe era o filho que precisava se perder
Todo mundo sabe o caminho de casa
A questão é com que cara vamos voltar

Precisamos ir longe demais
Desconhecer o nosso próprio ser
Para entender o que nos faz únicos

Tentarei me encontrar da onde parti
Onde rompeu meu espírito de vontade
A última vez que lembro de ser livre

Rezo com todas as forças por um abraço
Desejo com toda esperança um novo caminho
Espero silenciar a dúvida para nascer outra paz

Só posso lhe dizer, que siga os próprios passos
É raro não precisar buscar longe daqui
É mais fundamental ainda a coragem e sabedoria de voltar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

“Um vazio na imensidão” (08/11/2015)

O papel não cria vontade
A agenda não faz compromisso
Tem algo quebrado no espírito
Ou estou muito longe de casa

Cheguei aqui para viver
Não para me deixar levar
Escondi-me atrás do leme
Perdi a força para remar

A inércia é quase um alívio
Mas no espelho só fica a dor
Um incompleto retrato
De um olhar sem calor

Não me falta vento
Me falta prumo
Não me falta sonho
Me falta fé

A promessa permanece
Uma verdade e pés no chão
O medo é não lembrar o caminho
A chance de ter sido vão

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 8 de novembro de 2015

“Nublados” (03/11/2015)

O dia está feio
Mas beleza é questão de espelho

Pelo transparente
Há janelas fechadas
Enquanto outros simulam vida
Entre tudo de mais abstrato
A vida é uma lembrança de fundo

No reflexo
Um rosto na escuridão
Uma fresta sem luz
Um olhar sem caminho
A palavra que já começa abandonada

O dia está lá fora
A beleza está por dentro

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

“Tempo e Espaço” (02/11/2015)

Falamos do tempo, mas não tenho a certeza que sabemos que ele passa. O hoje parece tão natural e repetitivo que o agora parece maior que todo passado. Como este caminho pode ser mais rotineiro do que aquele de todo resto da minha vida? Será que é mais impressão do que vai ser daqui para frente que preenche o espaço do amanhã com as certezas do hoje? Olhar para trás coloca as coisas tão distantes de nós, como se houvesse uma separação real do que fomos. 

Desci as escadas um pouco mais devagar, percebendo como fazia aquilo sem sentir. São trilhos ou trilhas que percorremos? Penso que alguém já saiba onde tudo isso vai parar. O que pode fazer nossa noção de começo, meio e fim um pouco deturpada. No paradoxo de que nada pode caber num dia e não podemos deixar tudo para depois. O que é sonho, o que é esperança e o que é realidade? 

Pensei que tudo passaria rápido demais para perceber. Que alguns truques da razão me fariam acreditar que faltava pouco para tudo acabar. Os meses passaram, meu redor não parece muito diferente da promessa. Meu interior não resolveu seu quebra-cabeça. O tempo vai me alcançar e não poderei dizer como cheguei até aqui. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 4 de outubro de 2015

“Disfarce” (01/10/2015)

Falo chuva
É onde me sinto livre
Se a alma não cabe ao menos dilui
Lamentamos a procura de salvação
Essa consciência transformou tudo em suspiro
Não tenho coragem de assumir minhas insignificâncias
Por isso peço tempestade
Meus erros cresceram em mim
Eu me diminui diante o mundo
Ou não cresci diante a idade
Apelei para promessas
Mas a mudança pode só depender de mim
Tenho medo de pedir respostas
Então pode ser garoa
Sem pressa e sem vontade
A palavra sempre carrega
Quantas viagens para levar isto daqui?

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 27 de setembro de 2015

“Leme” (25/09/2015)

Todo barco tem norte
Todo mar tem tempestade
Todo porto é passageiro
Toda rota tem desvio
Toda estrela é guia
Todo amor é náufrago
Todo destino tem sonho
Toda maré tem vontade
Todo encontro é tesouro
Todo vento tem favor
Todo amanhã é incerto
Todo capitão tem saudade
Todo coração levanta vela
Toda alma rema
Toda viagem é para voltar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 20 de setembro de 2015

“Entorno de alma”

Meu sonho é dizer adeus, mas como ser livre?
O peso dos dias me faz pedir aos céus o que nunca precisei que fizessem por mim
Tudo que passa é tempo, ou pode ser vazio?
É alguma lição ou para testar o limite?
Não espero respostas apenas saídas
Estou agindo dentro da inércia 
Quem sabe a ilusão do movimento faça a vida caminhar
A verdade é que minha alma precisa de provas
Falta a coragem de abandonar o que é seguro
Falta a vontade para aguentar o que pode dar certo
Guardo as forças pelo que ainda acredito
Será que caibo dentro da fé?

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 23 de agosto de 2015

“Ensaio sobre incerteza” (17/08/2015)

A liberdade é algo perdido dentro do ser humano. Estamos presos não a nossa vontade, a nossa consciência, mas ao julgamento dos outros. E quando não há quem nos julgue, olhamos para o céu a procura de um sinal que aprove nossa decisão. Cada pedaço do que fazemos transformado em condenação ou absolvição. Nada pode simplesmente ser. Aos nossos queridos tentamos nos justificar. Contamos nossos meandros, medos, caminhos, conclusões. Ouvimos todo conforto que uma palavra pode ceder, e ainda assim não é o bastante. Precisamos perdoar a alma. Rezo, todo santo dia, como rezo com força, com sono, distraído, em silêncio.....agradeço para não ser mal educado, peço quando na verdade espero que “ele” possa assumir a responsabilidade da minha decisão. Que possa dizer o que está certo ou errado e me evitar o trabalho de tentar por meus sonhos em prática. Que então me indique a direção para que assim me acabem as desculpas de não viver por não saber para onde ir. Posso não saber até onde vai sua fé, mas hoje, mais do que qualquer outro dia, percebi o quanto ela pode ser vazia se não começar em você mesmo. 

O fazer é humano, e suas consequências estão longe de serem prêmios ou castigos. São apenas rumos que a vida toma. É fácil esconder nossas vontades por trás de outras, divinas ou não. Justificar nossa inércia como efeito, quando na verdade é causa. Saber quais serão todos desdobramentos de suas atitudes e após fazê-lo enxergar o depois como uma justiça natural da vida. Bobagem! Somos livres! Eu acredito em forças naturais que nos protegem, nos guiam, as vezes ensinam. Mas o que procuro para apaziguar minha alma e dizer que esta é a melhor solução, simplesmente não existe. A escolha é livre e existe dentro de nós, esquecida, esta mesma liberdade. Não há explicação para o que fazemos se não a nossa vontade. Da mesma forma não há como esperar uma permissão para realizar teu sonho. Não tem certo, errado, muito menos um julgamento diário dos seus gestos e pensamentos. Temos apenas um coração como termômetro dizendo o que lhe agrada, e uma fundamental liberdade que se começarmos a colocá-la em prática em favor dos nossos sonhos, eu consigo imaginar vidas incríveis. Não precisamos de autorização para nada, mas precisamos ter responsabilidade com tudo. Até entendo que o meio disso tudo seja confuso, mas a saída é única. Escolha, a vida é sua caso precise voltar atrás, mas não deixe de escolher. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

“O que as une” (14/07/2015)

Qual a importância da métrica para um poeta?
Será que apenas a uniformidade das palavras podem fazer um sentimento caber na realidade?
Ou será que contada em sílabas poéticas a dor não é tão grande assim?
São todas justificativas de uma ilusão
Não há como caber, nem diminuir
Somos apenas intensidades
As outras formas são apenas para distrair o espelho

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 15 de julho de 2015

“Um verso de esquina” (04/06/2015)

O mundo é feito de esquinas
Não é mesmo Aldo Quiroga
Pois entre tantos contornos
Foi nascer aqui do lado
A poesia, sim ela mesma
Com nome e endereço
E até atividade comercial
Alimentando almas e corpos
Com palavras e pães
Sei que de pronto não leva a sério
Mas segue foto em anexo
Pois notícias perderam a fé
Eu mesmo confesso, duvidei
Na noite me pareceu miragem
Fadiga dos olhos sem pedras
O letreiro permaneceu além dos sonhos
A poesia estava instalada
Com data de inauguração
Toda vila carece de um poeta
Qualquer dúvida sobre meu lugar
Desapareceu por aquela porta
Sou neste aqui
Sou neste agora
Dobro a esquina pro resto da minha vida

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 17 de junho de 2015

“Paz de espírito” (04/06/2015)

Por que há tanta tentação no inconsciente
Nossa própria razão lutando contra
Para que tantos desvios
Por que seguir não pode ser natural?
A escolha sempre como esforço
Tudo como superação
Será que faço o que não me é de direito?
Ou o ócio escondeu minha vontade?
Que força é essa que nada quer
Te faz parar e te culpa mais tarde
Que voz é essa que te faz do avesso
Te paira sobre o sonho sem jamais agir
Te traz o desespero do tempo
Coloca em cheque todas decisões

Cansei das tuas propostas
Tenho um bom coração
Quero fazer do corpo uma paz
Que qualquer alma se sinta bem
Mas quero mesmo é liberdade
Para que nenhum pensamento seja ruim
Para vida fluir como inspiração
Não há nada que devo
E há um tudo que posso

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 8 de junho de 2015

“Vigília” (03/06/2015)

Fecho meus olhos e rezo
Talvez medo do fardo
Fé no que se é capaz

Rezo por último recurso
Pois já não sei carregar o corpo
E muito menos completar a alma

É mais humano confiar no outro
Isentar-se da escolha
Esperar a resposta

Mas não o faço por pilhéria
É apenas puro desencontro
Pois não sei onde enterrei a vontade

Sonho em intensidades sem razão
O quão estou distante de mim?
Qual verdade transformei em ilusão?

Rezo ciente do abandono
Deixo a esperança de minha causa
Para encontrar paz em algum outro lugar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 1 de junho de 2015

“Cansado de querer” (31/01/2015)

Vem sonho, me acorda pelo amor de Deus!
Deixa sentir este amanhã interminável
Que tudo possa ser daqui para frente
Que o fechar dos olhos não seja apenas ilusão

Vamos lá sonho, me acorda e aponta o caminho
Diferencie tudo que posso do que sou
Faça de toda espera este único sorriso
Dê para todo dia o nosso sentido

Por favor sonho, me acorda mas não me enlouqueça
Não faça da noite passada apenas esperança
Não peço certezas apenas um sinal
Conte pelo menos alguma verdade

Sonho, me acorda ou me esqueça
Para que tanto futuro sem realidade
Para que tanta paixão sem palavra
Para que tanto você, se há limites

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 25 de maio de 2015

“Percepção”

Os olhos jamais enganam a alma
Enxergar é sentimental
O querer constrói a realidade
Na penumbra da madrugada tudo que vê
É tão verdade quanto tudo que ignora
A vida não é explícita
Nem são cartas marcadas
O dever obscurece o desejo
Para razão crer é preciso tocar
E embora ela controle o corpo
O coração controla todo resto
Não duvide de seus olhos
Eles podem ser os únicos a saberem a direção

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 17 de maio de 2015

“De ontem pra hoje” (10/05/2015)

Como encontrar o homem dentro de si?
Quais feições no rosto me entregam?
O que será que o consciente prefere ignorar?
Crescer muda aparências, mas e o espírito?

Não há mais promessas veladas
A responsabilidade é uma escolha
Fugir é só correr em qualquer direção
Só que não há caminhos pro passado

É preciso cumprir uma parte de nós
Para que alguma outra seja livre
Amadurecer lembra um processo natural
Mas desconheço ser humano que se possa colher

Decidi passar os dias diante o espelho
Encontrar o que mudou sem me levar
A alma é mais transparente que o corpo
Sentir é o mais sólido que se pode chegar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 10 de maio de 2015

“Teoria dos nós” (04/05/2015)

Não há exatidão nas palavras
Por isso amar não tem limites
Razões para ser são as mesmas de esquecer
Poderíamos aceitar o que é real
Mas somos a aposta da incerteza
Ser mesmo que chova ou seque
Voltar é mais natural do que seguir
A porta separa o tempo e o espaço
O abraço elimina o antes e o depois
O infinito não se aplica à escolha
Nosso caminho é através da parede
Rumo é encontrar entrada pro coração
Destino é aconchegar paz na alma
Enxergar todo dia os traços do sonho
O universo cabe no olhar
Dos meus fiz nossa morada
Com o sorriso beirando a palavra
Para quem passar ter uma ideia insensata
De como ser feliz

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 3 de maio de 2015

“Por trás da alma” (28/04/2015)

Há um solitário dentro de nós. Não sorri, não decide. Um silêncio preenchido de palavras. Verdades escondidas. Quem é te amedronta mais do que o que pensam de você. Só há uma pessoa que sabe até onde é real e a ignoramos com toda força. Viver em meio de tantos sem trazer nada para si é uma viagem tranquila, não se compra brigas nem problemas, não se faz amizade nem amor. Seguir é extremamente fácil quando não há nada que te importe abrir mão. O resto do dia longe dos espelhos dos olhos que te despem se torna um grande palco. Somos a sociedade do parecer, satisfeitos em ouvir o que queríamos. O quanto te corrói fazer o que não é? Tuas olheiras, tua constante aflição, o medo de que tudo volte a desmoronar. Teu pessimismo é uma cicatriz no rosto, incapaz de esquecer. Enquanto isso, no íntimo de nós, permanece sozinho, sincero e livre, a parte de nós que por algum motivo preferimos esquecer. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 26 de abril de 2015

“Rei e Rainha” (21/04/2015)

O amor manda?
É absoluto em suas vontades?
Há espaços para questionamentos?
Existe alguma forma de fugir?
E se o amor for ditadura?

Sob seu estado embriagante
O prazer é lei marcial
Verdades caem como chuva
Sintonizados no mesmo canal
O que divide a linha do horizonte?

O aqui tem limites no corpo
A vida não tem uma única face
A plenitude não está no que é sempre
É o que segue mesmo sem ser
O amor reina junto da dor

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 19 de abril de 2015

“Encontrar-ser” (09/04/2015)

Não me resta ser poeta
É tudo que sou antes de ser resto
Nem sempre fazemos o que somos
Fazemos de nosso todo uma parte
Pedaços espalhados pela sala de estar
O espelho ignora o que não esconde
A fé cega no que podemos ser
Não enxerga o que já não sou
A palavra procura rima
A vida procura seguir
Ninguém está pronto para ser todo
Só que não há nada que me resta

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 12 de abril de 2015

“Linhas imaginárias” (03/04/2015)

O meio do caminho
Não é metade do que sou
O que era deixei quando parti
O que quero não me pertence
Estou vazio e estar também se sente
O temporário é finito e indeterminado
Até quando não poderei vestir o que sou?
Até quando terei que estar o que sinto?
Se é meio, falta tudo que já caminhei?
Meio não é metade
É uma palavra perdida no nada
O onde é apenas um qualquer
Indiferentes somos infinitamente comuns
Na ausência do que sou quem toma a decisão?
Não ter lugar é o mesmo que não se reconhecer?
As escolhas nos fazem únicos
Pois o que me trouxe até aqui, destino ou direção?
O caminho não é um limite
Cruzamos as fronteiras das incertezas
Traçar sonhos expande a alma
Mudança não tem norte apenas desejo
Se em algum momento me deixei para trás
Foi porque amava algo o suficiente para me levar adiante
O momento que deixei de ser, deixei de estar
O meio é uma ilusão, estamos à margem....
Ou na correnteza tentando seguir o coração.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 5 de abril de 2015

“Edição de outono” (19/03/2015)

Imprimo-me seco
Na maior variedade de marrons que achei
Estalo a cada passo
Ajeitando minhas entranhas com o vento uivoso
Forro meu chão
Papéis picados e esquecidas cartas de amor
Tiro meu véu
E sobra apenas o azul, da esperança ao desespero
Acalmo a vida
Comigo há de não ter pressa o amanhã
No espelho amarelado
Reflito sobre tudo que leva até aqui
Visto outra estação
Para ver se me sirvo e descubro como seguir

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 29 de março de 2015

“Simples” (17/03/2015)

Que o dia passe
Mas não me traga esperanças
Apenas me leve
Como folha de outono libertada
Que a vida preencha
Os passos os quais não sei seguir
Me conceda um sinal
Para que o horizonte não seja infinito
Que me tome pela mão
As palavras que não devia abandonar
Nas noites frias
Quero apenas um cobertor sem sonhos
Dormir com o peso do corpo
Deixar a alma ir para onde quiser
Que seja feliz
Acabar com a busca sem propósito
Hoje sou pleno
Amanhã poderei ser tudo
Natural é ser livre
Cair no outono....renascer numa primavera qualquer

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 22 de março de 2015

“Entre a luz e a sombra” (03/03/2015)

Eu gosto da penumbra, enxergar o que está lá fora sem revelar o que há por dentro. Você pode achar estranho um poeta que esconde seus sentimentos, ou você é um daqueles que enxergam as entrelinhas. O segredo das palavras é o mesmo das pessoas, é tudo que não é dito. Na penumbra me escondo para ver se encontro alguma verdade. As outras alternativas são: lhe perguntar e saber, até onde permitir, tua versão pública da verdade; Outra é me expor tentando ganhar sua confiança e você responder com algo que não terei garantia alguma da profundidade; Eu também posso mentir e você, mesmo suscetível e entregue a ilusão, será algo que imagina, mas não sente. É natural que sejamos assim.....deceptivos. Há tanto exposto que hemos de proteger o que permanece íntimo. Então não julgue meu gosto pela penumbra. Eu sinceramente viveria em luz total, mas se é aqui que te encontro livre, é aqui que poderei ser realidade. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 15 de março de 2015

“Agenda” (28/02/2015)

Não consigo evitar de ver a chuva caindo lá fora
A cada lembrança do que preciso um raio me ataca
E permaneço inerte tentando achar o que mudou
Quando toda essa alma virou um fardo
Minha razão grita por uma liberdade que desconhece
O vento que passa é o vento que sopra.....sem resposta
Sinto que quero negligenciar minha vida por completo
Deixar de ser tantos para ser nenhum
O ônibus que passa e volta.....e se deixa levar
Querer me impõe escolhas que não me cabem
Sou insuficiente de vontade para ser o tempo todo
A decepção cotidiana do espelho me destrói
Não há um passo nessa vida que eu posso planejar
É necessário ignorar o que preciso para me distrair
Ou ignorar o que eu quero pelo que preciso
Abandonar minha liberdade para controlar o que faço
Chuva, quem te manda cair?
Vai acabar o dia e deixarei alguma parte de mim de lado
Quero seguir naturalmente como suas águas
Aceitar a cada segundo sem saber do próximo
Um querer sem planos, um relógio sem pressa
Para que nenhum final de dia eventualmente me mate

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 8 de março de 2015

“Entre o vazio e o completo” (26/02/2015)

Ela me disse que não há verdade no amor
O que era sua vida virou de outra
Sua existência abriu mão do romance
Será tudo menos coração

Depois de uma adolescência de tempo
Os caminhos descarrilaram sem despedida
Desconhecem o passado, como hoje, o futuro
Não se falam, não se vêem, não existem

Os solitários sentem incondicionalmente
Só que pessoas tem condições
Muitos limites são determinados pelo medo
Sobra o ressentimento de um querer impotente

Quando me tiraram a esperança
Eu não soube o que fazer com a espera
Seguir em frente dos sonhos
Foi deixar todo guarda-roupa para trás

Quebraram meu brinquedo de palavras
Aprendi então a abandonar significados
Até o dia que for completo silêncio
Serei então apenas abraço

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 2 de março de 2015

“Substantivo” (21/02/2015)

Há tanto que a palavra jamais dirá
Não é uma simples questão de vocabulário
Nos limitam todos significados
E minha gratidão não passa de obrigado

Há tanto que não cabe dentro de mim
Um tanto que permanece em silêncio
Nem mesmo as almas mais interessadas
Decifram meus olhares perdidos

Há um mundo inteiro calado
Que tenta se resolver em beijos e abraços
Que não encontra resenha do tamanho da vida
Inerte, imenso, invisível

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

“Uma árvore a favor do vento” (19/02/2015)

Mais um Sol que nasce
Qual a certeza de que não somos os mesmos?
A distância até o horizonte é ilusão de ótica
Nossa percepção constrói diversas verdades
Nós só tentamos acertar para onde

Nascem ainda mais dúvidas
Protegemos a esperança de um dia melhor
As certezas se extinguem nos segundos
Já é difícil saber o que se quer
O que dirá prever o que será do entardecer
No fim, vontades, são apenas vontades

Acordo na espera de um sinal
Para poder me agarrar em algum sonho
A realidade nem sempre acompanha alma
A vida precisa de um tempo
Até que o vento mude de direção

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

“Tênue” (15/02/2015)

Talvez tudo esteja perdido para quem ama
O mundo ficou distante da alma
As palavras viraram conveniência
E o coração está apenas em segundo plano

Talvez tudo esteja perdido para quem sonha
Sugerir novas ideias se tornou um incômodo
Colocaram um preço no seu querer
Brocharam teus desejos com o impossível

Talvez tudo esteja perdido para quem acredita
O próximo se vê como único
Tantos outros se encontram sozinhos
E todos esperam, mas já sem esperança

Talvez tudo esteja perdido
Mais causas do que queremos admitir
Mas isso não significa que não se deve lutar por elas
Pode ser a maior coisa que fizemos nesta vida.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

“O Novo” (08/08/2015)

E quando o hoje acaba?
E quando a curiosidade morre?
E quando acabam os segredos?
E quando o ideal dá lugar a realidade?
E se o engraçado já não é mistério?
E se a noite vira?
E depois da conquista?
E depois que ganha nome?
E depois do medo?
E quando te pedem para ficar....
Você sabe viver sem final?

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

"Puro" (07/02/2015)

O que há de mais sincero em ti?
O que sem sombra de dúvidas é livre?
O que você pede quando tem a oportunidade?

Não podemos ter medo de querer
Não devemos duvidar da nossa grandeza
Não há nada mais forte que a verdade

Se pela manhã apoio os pés sobre o que acredito
Se pela noite apoio a cabeça sobre o que conquistei
Se meu sorriso encontra nos sonhos felicidade
Sei ao menos para onde ir

Desconheço meu lado mais sincero
Desconheço a liberdade da minha alma
Desconheço a certeza sobre o que quero
Só conheço a palavra e recuso a me calar  

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

“Voltar” (03/02/2015)

No mais escuro da noite
Entre ruas desertas
Lugares ainda não familiares
Encontro a paz no meu destino
Vou olhar a caixa do correio
Entrar no que construí
Checar todos os cômodos
Lavar os olhos do cansaço
E por fim, os teus braços

Sob as raras estrelas
O silêncio reina sobre os olhares
O onde é comum e diferente
A alegria é particular
E embora as vezes doloroso
É um privilégio voltar

Não saberia viver sem dizer adeus
Que parto com um olhar por mim
Caminho com um coração completo
O mundo pode ser imenso
Mas eu só preciso de um abraço
E estarei em casa

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

“Entre nós” (26/01/2015)

Somos nós bem dados
É fácil viver ao seu lado
Como respirar é involuntário
Teus medos são minhas coragens
Minhas dúvidas são tuas certezas
Há algo até no inverso de nós
Não é uma força de atração
Não é o abraço forte e incondicional
Somos um pedaço de natureza
Alguns sorrisos e lágrimas esporádicas
Nos manterão vivos e fortes
Consciente de que minha raiz cresceu
Até te encontrar
Sei onde plantei minha paz
Amor não é simplesmente nó
É a minha mais profunda escolha

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

“Partido” (22/01/2015)

Jamais irei embora mãe
Há comigo o que não é genético
O caminho de volta para o amor
Serei em qualquer lugar da vida
Tudo que aprendi ao seu lado

Agora eu sei como levantar paredes
Quero plantar meus sonhos
Quero me responsabilizar por outro coração
Preparar carinhos toda noite
Deitar sempre em paz

Mas não despertenço de nada
Meu futuro fará parte do passado
Seremos eternamente este abraço
Seremos sempre este encontro
E jamais esqueceremos o beijo de boa noite

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

“Em frente” (22/01/2015)

Quando nos sentimos no passado de nossa própria vida, estagnados, sem perspectivas e temos apenas um emaranhado de sonhos na nossa frente; Sinto-me numa prisão. Não conseguimos fluir, não encontramos vontade, os dias nos são extremamente indiferentes. A única coisa que permanece é a dúvida: Será que podemos fazer mais? O que estamos deixando passar? Qual sinal não soubemos ler?  
Só que aqui aprendi uma coisa. A diferença entre o fardo e o incômodo. O fardo cansa, fugimos, precisamos sem querer, fazemos sem precisar. Já o incômodo te move. É o que não conseguimos deixar de lado, o que queremos melhorar, o que queremos ver crescer, o que queremos fazer mais, o que eventualmente pode lhe tirar da cama pela manhã. 

Quando todo resto te consome a saída é apenas uma fresta. Mudar pode exigir tudo de você. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

“Não feche seus olhos” (20/01/2014)

Eu não devia saber significados, não que hoje tenha muito o que explicar, só que a beira da minha janela era meu esconderijo. Uma época onde os minutos admirando o céu azul e deixando a cabeça livre não geravam culpa. Depois de criança toda pausa tem que ter porque. Mas segue dentro de mim a janela aberta de frente para este mundo de contrastes. O que cabe entre a árvore e o concreto? Nem tudo é céu. Tento preencher de sonhos, mas há tanto que não está em nossas mãos. É preciso se projetar no infinito para se sentir parte deste todo. É preciso estar distraído o suficiente para pensar em nada. É preciso libertar sua consciência da culpa. Ninguém pode te prometer o horizonte, apenas a janela. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

“Nada feito” (19/01/2014)

Que tal fazermos um negócio?
Eu tiro da mesa os sentimentos
Eu tiro da cama o coração
Eu tiro das palavras a alma
Tua consciência então fica livre
Teu corpo mais uma vez entregue

Façamos eu e você um trato
Que o beijo seja um instrumento fútil
Que a emoção se consuma por completo
Que a voz possa ser esquecida
E por favor, não adormeça ao meu lado
Seja breve como nosso orgasmo

Fica aqui a minha garantia
De total e completa indiferença
Deletar todos seus contatos
Cobrir nossa história com uma mentira
Não pedir uma segunda dose
Deixar-te, reconhecido firma,
Um vazio

Quando se recusa, fico em dúvida
Falta-te coragem, ou sobra-te amor.....

Ass: Danilo Mendonça Martinho

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

“Lar” (18/01/2015)

Como se colocar onde se pertence?
Coração tem lugar?
Alma tem casa?
Teu sempre reside atrás de qual porta?

Faz dias que vivo onde nunca vivi
Como, durmo, trabalho e cuido
Olho pela janela e ponho livros nas estantes
Ouço música e faço janta
Minha mudança foi apenas as coisas de lugar
Não me sinto estranho. Não me sinto deslocado
Meu âmago permanece intacto
Você me confessou que sou tua constante
O que faz destes quartos parecerem familiares
Eu descobri que você é minha constante
Que faz de qualquer lugar nessa vida....nosso

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

“Despertar” (16/01/2015)

Uma vez tímida
A luz vence as frestas da persiana
O calor deste verão
Faz da preguiça matinal algo impossível
Procuro teus olhos
Sempre profundos mas por hora fechados
Minha mente não sabe estar só
Inventarei mil palavras antes que acorde
O cômodo vazio
Tudo ainda está a espera de memórias
Ainda estou acordando
Deste outro lado da vida onde sou nós

Ass: Danilo Mendonça Martinho