segunda-feira, 29 de outubro de 2012

“Porto” (13/10/2012)

O arpoador de sonhos acordou sob um forte nevoeiro. Conta uma velha lenda que um marinheiro solitário achou o caminho de casa seguindo apenas um canto. Deve ser uma história inventada por algum romântico. Verdade ou não, toda vez que desce a neblina, as pessoas se debruçam nas janelas e sussurram canções que só seus queridos sabem. Todos querem garantir o desembarque dos seus abraços. O que seria de um cais sem saudade, tem desejo que fica para trás, muda de nome, desaparece no horizonte. Tem gente que nunca parte e acho que de certa forma se arrepende de ancorar a felicidade no primeiro sorriso. A vida é mar, cheia de possibilidades. Colocamos nossa humilde nau sem bússola, sem estrelas, apenas com uma alma em busca do que a faça todo. Não deixe de cantar na janela e guarde uma vaga nesse cais...o sonho ainda volta meu bem, o sonho ainda volta. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

“Não se deixe” (08/10/2012)

Que vida é essa
Ocupada pelo nada
A negligência ao desejo
Tudo permanece incompleto
Mas o sonho precisa acordar
O amanhã tem que nascer
Deixar-se para trás
É acreditar que existe limite
Nunca vi alma grande demais
A fuga não deve ser regra
Deixar de desenhar expectativas
Não evitará decepcionar-se
 Não confunda calma com esquivo
Permita-se cada dia
Permita-se cada amanhã
Crescer é questão de altura
Amadurecer é questão de grandeza

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

“Fada” (04/10/2012)

Os dentes que deixei debaixo do travesseiro deram lugar para um sorriso. Não há uma vez que o degradê do horizonte não me deslumbre. O cheiro da chuva preenche minha alma. O vento que bate suspira esperança. Os olhos que não desviam me dão alegria. Os abraços que me envolvem constroem um lar. A tristeza nas calçadas me revoltam. A negligência no poder me amargura. O sonho ainda me dá forças e a verdade proteção. O conformismo me deixa inquieto e a divergência me cria opinião. O outro pode ser companhia eterna. Ninguém precisa significar exclusão. O laço que une uma sociedade é compaixão. Respirar nos dá uma chance. O mundo nos dá uma escolha. A vida pode ser mágica. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

“Entre Corpos” (03/10/2012)

Há coisas que só digo para mim. Não que precisasse dizê-las, já que posso apenas pensar. É que falar formaliza as coisas de um jeito para poder organizá-las e então entender. Mas é provável que se me calasse, ainda sim me entenderia. O que digo para mim mesmo parece ser secreto, tem ares de sagrado. Desconsidera que qualquer um, mais disposto e atento, pode perceber o que não digo. Talvez muitos sem muito esforço conheçam o que chamo de segredo. Fico aqui a proteger palavras que são públicas, que podem encontrar um par. O que digo no meu silêncio, guardo para quem? O que são essas coisas que ninguém pode saber? Parece que são exatamente as coisas que nos diferenciam, tudo que nos é único, escondido em palavras ditas na solidão. Quem sabe todo diário exista para ser lido e que façam isso a tempo para descobrirem a pessoa maravilhosa que podemos ser. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

"Deserto de Alma" (01/10/2012)

A secura dos dias chega na alma
São os goles de água que não completam a vida
Os corpos que endurecem sem afeto
O coração que arranha forçando desejos

Não há tempo bom em um mundo vazio
Para preencher uma vida é preciso vontade
Sonho se inspira no ar, mas o que fica por dentro?
No que exatamente a gente se transforma?

Que volte por favor o sentimento
Há espaços demais entre as palavras
Construindo abismos entre as pessoas

Basta um dia de esperança
Um olhar levemente atento
E a alma deixará de ser silêncio

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

“O tanto que me completa” (28/09/2012)

Um tanto de mim pode ser dor
Contrair os desejos até sufocá-los
Um tanto de mim pode ser desespero
Agarrar-me ao dia como se fosse o último
Um tanto de mim pode ser saudade
O suspiro que preenche o vazio
Um tanto de mim pode ser ilusão
A princesa presa no moinho de vento
Um tanto de mim pode ser sonho
O reflexo do sorriso no outro
Um tanto de mim pode ser esperança
A alma que insiste em dar o passo
Um tanto de mim pode ser cansaço
O gosto amargo que não sai da boca
Um tanto de mim pode ser concreto
Fechar todas as portas e janelas
Um tanto de mim pode ser cruel
Viver indiferente perto de ti
Um tanto de mim pode ser lamento
Olhar para vida como se fosse passado
Um tanto de mim pode ser solidão
Contemplar o teto somente meu
Um tanto de mim pode ser sorriso
A alegria que não cabe em mim
Um tanto de mim pode ser indefinido
A chance de mudar de opinião
Um tanto de mim pode ser realidade
O chão que me impedirá de cair
Um tanto de mim vai ser omissão
Tudo aquilo que apenas sinto
Um tanto de mim pode desistir
Porque nada permanece igual
Um tanto de mim pode ser amanhã
Os encontros que esperam a hora certa
Um tanto de mim pode ser a chuva
O beijo velado no véu transparente
Um tanto de mim pode ser partida
Para que aprenda a abrir mão
Um tanto de mim tem de ser abraço
Para que o coração tenha abrigo
Um tanto de mim pode ser o suficiente
Deixar uma marca no mundo
Um tanto de mim pode ser plena felicidade
O fim de tarde bem acompanhado
Um tanto de mim sempre será paz
Enquanto permanecer fiel as minhas escolhas
Um tanto...

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

“Pertencer” (25/09/2012)

O corpo pode correr em círculos
Saborear o amargo mais de uma vez
Abraçar a dor no travesseiro
Respirar fundo sem escapar
O nosso corpo aguenta
A alma é o nosso limite
Lá a vida perde a cor
A vontade dissipa no ar
Toda alegria fica escassa
Todo passo vira abismo
A alma grita
O corpo pode ser indiferente
Conviver sem amizades
Silenciar sem sufocar
Atravessar o dia sem ser notado
O corpo pode vagar vazio
A alma precisa do que a complete
Pede um propósito para vida
Coloca um sonho no horizonte
Insiste na felicidade que não conhece
O corpo não sabe seu lugar
A alma tem endereço

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

“Não há regras” (25/09/2012)

Era um sinal de boa sorte
A chuva na manhã do encontro
Escolheu sua melhor roupa
Não tirou o sorriso nem no banho
Abriu a porta para esperança
O passo incerto e o resto do corpo coragem

A mesma chuva o outro não sonhou
Estragava seu penteado e planos
Pensou em não ir, saiu na última hora
Não conseguiu disfarçar a insatisfação
Abriu a porta do carro para partir
A mão certa lhe segurou e o resto do corpo se entregou

Ass: Danilo Mendonça Martinho