sexta-feira, 29 de junho de 2018

Sobre âncoras

Eu ainda tenho a perfeita consciência do sentimento que levou ao poema a seguir. Poderia dizer que traz medo. Poderia vislumbrar um perigo. Ninguém quer sentir dor, angústia, raiva. Só que olhando bem a minha consciência dessas palavras transformam o meu agora em algo transparente, palpável, possível. Quando temos o exato conhecimento das nossas barreiras, sabemos para onde seguir. Pense na palavra "amarra". Amarrar é prender, neste caso prender a si próprio em pessoas, condições, sonhos, resultados, fins, e inúmeras outras expectativas. É depender de coisas fora de seu controle, e muitas vezes se deixar levar. Avalie bem a sua vida e veja ao que está amarrando a sua felicidade, pois pode ser exatamente o que te impede de ser. Consciente das amarras, o próximo passo é ser livre. Inspire-se!

"Amarras" (04/05/2018) 


Eu errei, mas isso não me define
Eu sei tudo que já passei
Do passado ninguém me tira nada
Eu trouxe comigo o melhor que pude
Que seja para você aquém
Que jogue tudo pro alto
Que me julgue pela parte
Eu não deixo de ser inteiro
Mudei? Me deixei levar?
Acreditei nas suas verdades
Acreditei tempo de mais no meu fracasso
Limitado, impotente, incapaz
Lamento ter perdido a voz
O ímpeto e até a confiança
Lamento pois foi por você
Eu me diminui
Eu deixei de ser
Não adianta tapa na cara
Não adianta desdém ou desgosto
A minha realidade está no espelho
Só que agora eu digo, nunca mais
Por ninguém jamais


Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Sobre a Amizade

A gente subestima o poder de um abraço. Damos por garantido certos laços. Hoje em dia a virtualidade nos aproximou da solidão. São tantas conversas e nenhum olhar. São tantas risadas em total silêncio, são tantas fotos e tanta distância. Queria dizer bom dia para todos bons amigos, todos os dias. Mas na verdade gostaria de abraçá-los todos os dias. O toque é cheio de energia, e um abraço pode envolver nossa alma em conforto, em alegria, em segurança, em amor. São tantos os pesos que carregamos nos braços e tanto alívio no abraço que confiamos que as lágrimas nem se aguentam. É um descarrego, é uma comunhão. Um dia espero que minha palavra se faça sentir abraço. Inspire-se!

Abrace” (28/06/2018)

Abra os braços
Um sorriso pode acompanhar
Não tenha pressa de chegar
Envolva muito mais que o corpo
Sinta tudo que está em volta
Se encontre naquele cangote
Que te lembra anos atrás
Que tem cheiro de lar
Aperte, agarre
Na mistura de segurança e carinho
Sinta revelar os segredos
Perceba no silêncio a confissão
E também se entregue
Ao choro da saudade
A alegria do encontro
Ao amor que acaba de voltar
E quando mergulhado nos sentimentos
A consciência lhe vier à tona
Lembre de fazer tudo isso
Incondicionalmente

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Sobre Torcer

Hoje ocorre um fenômeno muito raro, infelizmente. A união de uma nação. As diferenças são colocadas de lado por uma paixão em comum, por um desejo, por um país. Veja que não é que todos passaram a se amar, se entender, ou concordar um com o outro. Simplesmente encontraram um objetivo maior que sua individualidade para se unir e lutar, e sofrer, juntos. Todos nós acreditamos em algo, todos nós temos uma ideia do que seria um país ideal para se viver, todos nós queríamos nossos problemas atendidos. Pois bem, que tal hoje servir de inspiração para todo resto. Que tal ao invés de gritar, de fechar os olhos ou tampar os ouvidos a gente converse com nossos pares, com nossos vizinhos, com os desconhecidos também. Eu sei, eu tenho absoluta certeza, que existem coisas em comum em todos nossos desejos para esta sociedade. Eu também sei que somente juntos nós podemos parar este país da mesma forma que vamos fazer hoje. Por mais improvável que lhe pareça, acredite em mim quando digo que a pessoa ao seu lado também quer o bem de todos e que existem muitas lutas que superam as nossas individualidades e pedem a nossa união. Estamos mergulhando de corpo e alma hoje, que façamos isso todos os dias. Inspire-se!



Dias de torcer, dias de jogar” (27/06/2018)

Eu ouço as primeiras cornetas do dia
Eu sei que da TV HD até o rádio de pilha
Todos estarão na mesma torcida

Não haverá credo, raça, classe
Como um dia desejou uma canção
Seria demais que eu desejasse
Todo dia este mesmo coração?

Juntos podemos até parar o mundo
O que faz soar como absurdo
Deixar nosso país quase moribundo

Olhe ao seu redor e olhe além
Sinta a força dessa voz
Nossa luta não pode ser aquém
A resposta está em todos nós

Se todo dia fosse jogo de seleção
Se dependesse de ti essa nação
Agiria unido pela mesma paixão?

Comemore, grite, liberte-se
Ao lado tu tens um ombro amigo
Amanhã lute, reivindique, inspire-se
Há uma sociedade que conta contigo

Ass: Danilo Mendonça Martinho

terça-feira, 26 de junho de 2018

Sobre paz

A vida é curiosa. No mesmo dia que senti minha alma embrulhar-se novamente em angústia. Quando me questionei tantas vezes do porquê desse sentimento. Assisti um trecho da entrevista com Paul MacCartney feita por James Corden, e ele conta a história da música "Let it Be", que poderíamos traduzir como "deixe estar". Ele fala que sonhou a mãe, ele cheio de problemas e grandes fardos da fama e as dúvidas da carreira, e a mãe simplesmente falava para deixar as coisas serem, e ele sentiu como se tirasse o peso do mundo das costas, e entendeu como era simples e lembra de pensar "as coisas vão ser ótimas" . Essa foi a conexão que vida me trouxe quando eu buscava por paz dentro de mim. Quantas coisas nos agarramos? Quantos sentimentos? Quantas pessoas? Quantos momentos? Quantos sonhos? Talvez seja o momento de abrir mão, de deixar vida ser, florescer, crescer. Deixar seguir não é desistir, é compreender que há tantas coisas maiores do que nós, e deixar a vida acontecer talvez seja o que falta pra nos abrirem os caminhos. Convido vocês a desabafarem aqui, faz um bem enorme se encontrar em paz. Desabafe, e Inspire-se!

Reconhecer” (26/06/2018)

Não me acostumei com as sombras
O erro, a falha, o fracasso
Continuam a embrulhar o estômago

Não desvencilhei das amarras
Assumi toda culpa como verdade
Deixei meu inconsciente acreditar

Agora eu peço por paz
Para achar o que escondi da alma
Para vencer as incertezas do coração
Para respirar como se fosse natural

Não perdi o controle
Ele nunca existiu
Foi ilusão, foi desculpa

Não foi arrogância
Foi falta de consciência
O espelho é um lugar para se entender

Ao menos antes do tarde demais
Eu aprendi a abrir mão
A liberdade ainda está longe
Já a paz sempre esteve aqui


Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Sobre Resultados

Ontem em uma saudável discussão com amantes da poesia uma questão me ficou na cabeça. Como olhamos para os resultados em nossa vida como definidores de nossas escolhas, de quem somos, do que faremos, para onde vamos. Confesso que meu horizonte não era diferente de ninguém e cá caminhava eu esperando acontecimentos para enfim ser feliz. Mas a verdade é que isso não faz o menor sentido. Veja a vida, por exemplo, ela tem um resultado inevitável, a morte. Por causa deste resultado alguém aqui desiste de viver? Ou na verdade a ideia da morte te faz viver mais intensamente, e ser feliz, e amar o máximo que pode? Então pense no que você mais ama fazer, pense na pessoa que você mais ama, e pense se em ambos os casos o resultado desses amores fossem, sem sombra de dúvida, te trazer solidão, você os largaria agora? Quando acreditamos em algo, quando sentimos algo, pouco importa os resultados. O que importa é viver com a maior entrega e sinceridade possível. Esqueça esses pontos de chegada e veja como sua vida pode ser mais simples e plena agora. Peço a gentileza aos que quiserem, de compartilhar aqui suas paixões, o que te move nessa vida, são sempre sentimentos inspiradores. Inspire-se!

Uma ótima segunda-feira.


O meio do caminho” (25/06/2018)

Ser sincero é confissão
O crime da alma é sentir
O medo não é a culpa
Mas sim a solidão

Minha palavra engasga
Custo para acreditar
A pele ficou dura
O coração inexpressivo

Pensei que me faltava opção
Seguia pelo costume
A gente se conhece muito pouco
Mas há o que não se pode ignorar

Movimentar o corpo
É como mover montanhas
Só se faz com paixão
O que te move?

Enxerguei apenas resultados no horizonte
Buscava conclusões e não caminhos
Distribui minha felicidade em amanhãs
Por isso abracei a decepção

Hoje voltarei a lutar
Pelo que acredito e levo na alma
E se o fim for apenas solidão
Terei uma história para me orgulhar


Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 11 de junho de 2018

“Cheiro de chuva no asfalto” (27/04/2018)

Eu conheci quem gostava de cheiro de grama cortada, me falaram que o cheiro de natal era igual lustra-móveis. Sempre admirei essas memórias, pois eu mesmo também abro um sorriso bobo nas simplicidades da vida. Só que na minha sina me apaixonei por cheiro de chuva no asfalto, o que, no consenso, não existe. Na terra, na planta, na pele, mas jamais no asfalto. O concreto não se mistura, não é natural, não adquiri odor. Mesmo assim minhas memórias mais antigas, meus sentimentos mais puros chegam nesta garoa fina que cai neste chão impermeável. Algumas vezes no meio, outras com o queixo encostado no parapeito, foi aqui que senti a essência da minha vida. Chegar onde não se chega. Dar sentido ao invisível. Fazer de todo impossível a chance de ser feliz. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho