segunda-feira, 30 de junho de 2014

“Mais do que silêncio” (20/06/2014)

Não sei até onde posso
Muito menos de devo
O seu íntimo é cheio de nervos
Como de tantos que se protegem
Mas saiba que em qualquer distância
Seremos sempre um porto
Famílias sempre abrem os braços
Ignoram tempo e palavra
É o que há no fundo de toda ferida

Se me abrisse os olhos
Lhe diria sobre um coração bom
Que necessidade não faz amar
Que a felicidade tem que ser de dois
Você não pode ser apenas sacrifício
Só que não me cabe dizer
Você sabe exatamente o que viveu
Saber nem sempre é consciência

Se ao menos tivesse o tempo
O passado não te perseguiria
A escolha seria mais que consequência
Em paz com tudo que já foi
Poderia descobrir o que quer
Se não ficasse apenas no silêncio
Alguma palavra podia alcançar a alma
Há mais do que você vê ao seu redor

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 23 de junho de 2014

“Entre lá e aqui” (27/05/2014)

Fico com a impressão de que há algo do lado de lá
Muitos já partiram e começamos a questionar este aqui
Acredito que não é preciso cumprir nenhuma missão
Mas não conseguiria ir sem deixar algo para trás

Talvez tenha uma ligação forte com o passado
É difícil encontrar quem reconheça o que já estava aqui
Sinto-me parte do antes tanto quanto agora
Aproveito os contemporâneos mesmo que não sejam

Mesmo assim o lado de lá fica mais bem freqüentado
Seria egoísmo pedir para ficar mais do que precisam
Agora é inevitável a comparação na ausência
Depois que se cresce, por que, é uma pergunta que não se faz

É um disparate o que estão fazendo com o lado de cá
Que já não tinha Tom e Elis agora está sem Jair
O que podemos esperar do amanhã?
Seremos apenas nós e o que será que podemos ser?

Não sei há tempo para gravar um nome na história
Somos pares do efêmero na espera que a vida também passe
Ou tudo está apenas ficando longo demais
Como se mede daqui até lá?

Sei que meu lugar é aqui
Ainda é meu tempo e sou feliz de ser agora
Há tanto que já lutaram por mim
Quem sabe exista um exemplo para ser deixado para depois

O lado de lá vai sempre existir, só podemos mudar este aqui
Que todos encontremos um bom propósito
Para embarcarmos para Pasárgada sem receio
Enfim deixar toda saudade para trás

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 7 de junho de 2014

“Não-amor” (14/05/2014)

Na solidão é que podemos refletir melhor sobre as presenças. Separar a dor do amor. No silêncio estamos acompanhados de nossos passados, escutando sem jamais ser escutado. Tenho marcado palavras para tentar me comunicar com tudo que já viveu dentro de mim. Não quero mudar, não quero respostas. Quero explicar pela última vez estes sentimentos, pois vou abandoná-los, chega dessa dor da qual já não sei mais falar, a felicidade quando chega merece toda sua atenção. É possível compreender todas as tristezas traçar uma rota pela sua história e abrir espaço para novas aflições. O coração precisa de um respiro e nada mais justo do que engolir os últimos rancores que hoje chamo de “não-amores”, afinal é isso que são. Não adianta voltar sua raiva contra algo que simplesmente não era sua realidade, muito menos seu futuro. Ainda mais depois de encontrar a companhia que te faz fazer algum sentido. A melancolia ganha tanto espaço na nossa vida porque na maior parte do tempo sofrer parece algo natural, parece uma resposta. Viver indagando, clamando por um sinal de um bom futuro parece o único jeito de seguir em frente. Desde os primeiros olhos mais sinceros que encontrei, que jamais desviaram dos meus, venho me perdendo em tantos outros. Entregue ao inimigo, sem reação e sem fala. Quantos “não-amores” são mudos pela vida, não é mesmo? Ajoelhadas, presentes, flores, mas quantos “não-amores” dissestes apenas, gosto de você. A maioria das pessoas de posse de uma mente mais inocente e livre viveram mais do que eu que me voltei as folhas em branco, aos pés de ouvido, ao breu das madrugadas, aos cantos de cada capa de livro......rabiscando sentimentos ao mesmo tempo reais e improváveis. Vivi a minha maneira, penso eu. Aprendi as minhas penas. Acredito mais até mesmo do que sinto, que “não-amores” são perfeitos. Instigam, adoecem, compartilham, invadem, intensificam, saboreiam, derretem e acabam. Afinal, eu não conheço perfeição inacabada. O seu antônimo, o amor, que é muito do imperfeito, do qual vivemos tendo que aprimorar todos dias. Por isso é preciso tantos outros destes plurais, o outro depois que se encontra é o mesmo pela vida toda, um sabor único que pode ser sentido de infinitas maneiras. Quando se descobrir em um “não-amor” agradeça e parta. Recluso então doa, mas tudo que precisar doer. É bom....sentir é sempre melhor. Se alguém partir não rejeite a chance de dizer adeus, a tristeza não vai ser diferente, mas a lembrança, com certeza, será. E o que realmente aprendi disso tudo e que posso dizer sem nenhuma ressalva é que você deve seguir. O amor, mesmo quando inventa de ser dor, ainda sim, é uma das melhores coisas que podemos sentir. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 1 de junho de 2014

“O que vocês nunca entenderam” (07/05/2014)

Para mim nunca foi uma questão de curiosidade, de saber como era pegar na tua mão, de como era sentir um beijo, descobrir os sentimentos, explorar os limites do corpo e a profundidade das palavras. Não! Eu amava. Sempre quis tudo, o compromisso, o namoro, a companhia, a ideia de ser feliz por um tempo indeterminando, sem me importar que fosse durar para sempre. Eu tinha essa certeza, eu tive essa certeza talvez cedo demais, é difícil saber o que quer, você acaba excluindo outros caminhos, mas a verdade é que desde sempre minha alma só quis ser completa e não me parecia que isso poderia soar como pedir demais. Talvez se tivesse olhado para outras mulheres e só tentasse perceber quem me queria, quem sabe teria outras histórias para contar, só que decidi ser fiel ao que sinto e isso para mim jamais foi ilusão. Certo ou errado, escutei o coração. Doeu, sofri, mas jamais duvidei do que queria, do que já sabia que precisava para ser feliz. Não julgo sua decisão, estou aqui para expor o lado que não sabia como fazer antes. Querendo ou não, ninguém pensou em mim, e qualquer solução é fácil quando preferimos ignorar o outro. No dia que a moeda virou eu soube dizer não, uma das coisas mais terríveis que já fiz, mas que me deixou em paz, a sinceridade tem seus contras e suas recompensas. Tudo bem, só silêncio também serviu. Cresci e hoje entendo que não era de bom tom se entregar por inteiro, a “culpa” foi desta minha estapafúrdia ideia de um romance. Carreguei, tempo demais, longe demais, hoje cheguei, mas essa outra é história. Não estou cobrando para que me entendesse, mas que me entenda, acho que você cresceu também e pode entender o que é amor e uma pessoa em busca de sua felicidade. Um olhar de fora se apressará para julgar de tolo, apaixonado, um incurável e concordaria se hoje não soubesse que não fui nada além do era, do que em muitos aspectos ainda sou e assumir o que se é, tem consequências. Estava disposto e aprendi, me orgulho, pois não são muitos que podem dizer isso. Te peço da minha mais profunda sinceridade que entenda, não para que me procures com desculpas, nem muito menos para que possa perdoar-te, teve vítimas, mas não culpados. Eu te peço para que também possa encontrar no passado o que ainda deve ter dentro de si, aquilo que te move, aquilo que jamais deve tirar de sua cabeça não importa a dor que venha no caminho, a felicidade vale cada lágrima. E guarda contigo meu poema, ao menos o vaso das flores, o meu primeiro beijo, lembre do sorriso e não da partida, da noite que passei no seu sofá e não dos anos sem se ver; Guarda e saiba que nesses momentos fui completo, despido de tudo, real. O que você nunca entendeu é que para mim amar nunca foi menor do que isso, e isso merece respeito.   

Ass: Danilo Mendonça Martinho