domingo, 29 de março de 2015

“Simples” (17/03/2015)

Que o dia passe
Mas não me traga esperanças
Apenas me leve
Como folha de outono libertada
Que a vida preencha
Os passos os quais não sei seguir
Me conceda um sinal
Para que o horizonte não seja infinito
Que me tome pela mão
As palavras que não devia abandonar
Nas noites frias
Quero apenas um cobertor sem sonhos
Dormir com o peso do corpo
Deixar a alma ir para onde quiser
Que seja feliz
Acabar com a busca sem propósito
Hoje sou pleno
Amanhã poderei ser tudo
Natural é ser livre
Cair no outono....renascer numa primavera qualquer

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 22 de março de 2015

“Entre a luz e a sombra” (03/03/2015)

Eu gosto da penumbra, enxergar o que está lá fora sem revelar o que há por dentro. Você pode achar estranho um poeta que esconde seus sentimentos, ou você é um daqueles que enxergam as entrelinhas. O segredo das palavras é o mesmo das pessoas, é tudo que não é dito. Na penumbra me escondo para ver se encontro alguma verdade. As outras alternativas são: lhe perguntar e saber, até onde permitir, tua versão pública da verdade; Outra é me expor tentando ganhar sua confiança e você responder com algo que não terei garantia alguma da profundidade; Eu também posso mentir e você, mesmo suscetível e entregue a ilusão, será algo que imagina, mas não sente. É natural que sejamos assim.....deceptivos. Há tanto exposto que hemos de proteger o que permanece íntimo. Então não julgue meu gosto pela penumbra. Eu sinceramente viveria em luz total, mas se é aqui que te encontro livre, é aqui que poderei ser realidade. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 15 de março de 2015

“Agenda” (28/02/2015)

Não consigo evitar de ver a chuva caindo lá fora
A cada lembrança do que preciso um raio me ataca
E permaneço inerte tentando achar o que mudou
Quando toda essa alma virou um fardo
Minha razão grita por uma liberdade que desconhece
O vento que passa é o vento que sopra.....sem resposta
Sinto que quero negligenciar minha vida por completo
Deixar de ser tantos para ser nenhum
O ônibus que passa e volta.....e se deixa levar
Querer me impõe escolhas que não me cabem
Sou insuficiente de vontade para ser o tempo todo
A decepção cotidiana do espelho me destrói
Não há um passo nessa vida que eu posso planejar
É necessário ignorar o que preciso para me distrair
Ou ignorar o que eu quero pelo que preciso
Abandonar minha liberdade para controlar o que faço
Chuva, quem te manda cair?
Vai acabar o dia e deixarei alguma parte de mim de lado
Quero seguir naturalmente como suas águas
Aceitar a cada segundo sem saber do próximo
Um querer sem planos, um relógio sem pressa
Para que nenhum final de dia eventualmente me mate

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 8 de março de 2015

“Entre o vazio e o completo” (26/02/2015)

Ela me disse que não há verdade no amor
O que era sua vida virou de outra
Sua existência abriu mão do romance
Será tudo menos coração

Depois de uma adolescência de tempo
Os caminhos descarrilaram sem despedida
Desconhecem o passado, como hoje, o futuro
Não se falam, não se vêem, não existem

Os solitários sentem incondicionalmente
Só que pessoas tem condições
Muitos limites são determinados pelo medo
Sobra o ressentimento de um querer impotente

Quando me tiraram a esperança
Eu não soube o que fazer com a espera
Seguir em frente dos sonhos
Foi deixar todo guarda-roupa para trás

Quebraram meu brinquedo de palavras
Aprendi então a abandonar significados
Até o dia que for completo silêncio
Serei então apenas abraço

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 2 de março de 2015

“Substantivo” (21/02/2015)

Há tanto que a palavra jamais dirá
Não é uma simples questão de vocabulário
Nos limitam todos significados
E minha gratidão não passa de obrigado

Há tanto que não cabe dentro de mim
Um tanto que permanece em silêncio
Nem mesmo as almas mais interessadas
Decifram meus olhares perdidos

Há um mundo inteiro calado
Que tenta se resolver em beijos e abraços
Que não encontra resenha do tamanho da vida
Inerte, imenso, invisível

Ass: Danilo Mendonça Martinho