quinta-feira, 29 de novembro de 2012

“Estiagem”

Sinto saudade
Havia tempo do respirar profundo
Agora o mundo mal toca
Tudo chega com outro destino
Também partimos
Não há para onde voltar

A chuva que cai
Parece um grande silêncio
Nem a melancolia sabe o que dizer
Preciso lembrar que há vida
Mesmo que sem ela não exista o resto
É que o passado é apaixonante
O agora...escasso

A pena não é pelo verso
É pelo universo que não entra
A rotina fadada ao fracasso
Como se acordasse sem tempo
Como alma faltando espaço
No fim sentimento não se mede
Nem em um verso

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

“Com destino, sem direções” (07/11/2012)

Precisava de uma notícia de outrem
Olhos que pudessem testemunhar
A vida desta cor que só imagino
Se o passo fosse apenas passagem...
Não quero certezas, mas uma companhia
Mais do que um vislumbre do sonho
Quero verificar a existência do agora
Eu conheço este outro lugar
Ele ainda precisa de um endereço
Mas me mandasse um sinal de fumaça
Faria do meu aqui um lugar também
Seria então um pedaço do caminho
Uma perspectiva maravilhosa da felicidade.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

“Resolução de fim de ano” (06/11/2012)

Vida se divide? Não digo compartilhar, mas dividir, como um bolo, como férias, como dinheiro até. A diferença é que sabemos nestes casos o quanto temos e assim podemos ser justos. Para contar a vida precisamos de uma medida. Segundos, horas, dias, anos? Isso tudo mede o tempo, mas a vida se mede em tempo? Mesmo se esse fosse o caso, não há tempo determinado para nossa vida. Aliás, de ninguém, talvez das moscas que dizem sobreviver 48 horas, mesmo assim é arriscado afirmar algo desse tipo. Então se a vida não está dividida entre o ontem, o hoje e o amanhã, devemos ter a medida errada. 

Se fosse então os sentimentos que determinassem essa divisão. O primeiro amor, a primeira dor, as viagens inesquecíveis, as pessoas que partiram, o encontro com a nossa felicidade... Seria bom que fosse assim, dividiríamos a vida livre do tempo, pelas intensidades. Mas no mundo de hoje, efêmero e individualista, não posso garantir que certas alegrias cheguem a todos. Diante uma sociedade desigual seria menosprezo de minha parte desconsiderar as vidas que passam ao meu lado com suas particularidades tão belas, com dificuldades tão mais profundas. Cada vida conta. 

Estaria então a vida a medir o ser humano? Mas a vida é feita de unidade única, singular, exclusiva. Tem diferentes formas e tamanhos. É muito mais do que idosos adultos e crianças. São classificações que seguem sem dividir a vida. Não posso fazer ela esperar as festas de fim de ano para mudar as coisas. Ou que eu só encontre meu grande amor carnaval. Termina-se um ano e pensamos em tudo que queremos para nossa vida no próximo. Mas a vida não é um ano, nem precisa esperar. Eu então resolvi que divido a vida em tudo que ela é, e tudo que ela ainda pode ser. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

“Crer” (31/10/2012)

Não posso dizer que cheguei aqui ileso. Toda história tem dor, toda pele tem cicatrizes. As tristezas sim, definiram muitas das minhas escolhas, eu escolhi ser melhor. Aprendi onde plantar minhas raízes. Libertei meu coração às suas vontades. Tentei e voltei a tentar. Se a vida é feita de passos, o horizonte é feito de sonhos. Ser feliz demora, exige demais de nossas crenças, cria inúmeras expectativas, mas chega. São pedaços do quebra-cabeça que nos completa. Chuvas no momento certo, abraços que se alongam, lembranças que nos alcançam, amigos que nos cercam, verdades que nos guiam. A felicidade chega e a vida é mais fácil. 

Ainda falta para me completar, mas o que tenho por perto é o que faz todo resto possível. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

“Quilate” (15/10/2012)

O olhar que sai pela janela ainda é inocente
Sonha sem limites com a felicidade
Não importa quão calejada esteja a alma
Pensamos no mundo como lugar de todo possível
O que a gente deseja ainda não foi traído
Ninguém o deixou por uma vida melhor
Nenhuma briga separou o abraço
Querer é a nossa parte mais pura
Seja para nascer o veludo azul
Ou mesmo o pedido por lágrimas que acompanhem
A palavra é sincera quando almeja
Tudo nessa vida tem uma chance
O homem que sai pela porta...
Ainda pode ser inocente

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

“Natural” (13/10/2012)

A natureza respeita a chuva
Em silêncio os animais pastam
Os pássaros saem a caçar
Os insetos não dão sinal no meio do mato
Cachorros se aninham sob a copa das árvores
As flores seguem seu desabrochar
O papagaio engaiolado cochicha
As folhas passam recado pelo vento
Mas nada pára
Trabalhadores discretos
Fazem tudo atrás do véu branco
Deixando a chuva ter seu momento de paz

Ass: Danilo Mendonça Martinho