quarta-feira, 30 de setembro de 2009

“A sombra de uma moça” (11/03/2007)




Um beijo de boa noite e é quando você diz que está tudo bem
Você me embala nos braços mais uma vez
Cai uma noite estrelada na janela da frente
Cai uma chuva fina pela janela dos fundos
Antes que vença a escuridão eu fecho os olhos
Viajo no tempo enquanto crio meu próprio
Os sonhos não me trazem seu rosto
Os sonhos não me trazem seu nome
Acordo em meio ao caos de não lhe ter
Ah, moça do beijo doce que perturba a mente
Quando você vai ganhar vida e respirar comigo?
Quando vai tocar a campainha, me telefonar?
Se não existe na realidade que habito
Só posso esperar voltar a sonhar quando você diz que está tudo bem

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 27 de setembro de 2009

“Obrigado pela compreensão do ponto final” (25/09/2009)




Jamais imaginei poemas que causassem lágrimas
Jamais me coloquei entre os grandes
Jamais me considerei, além, do que mais um
Mas como queria ser teu agora
As linhas limitadas me ameaçam
Não sobrou quase nada de você
Não comprei a eternidade quando pude
Fiquei com a esperança que é de graça
E continuo a virar as páginas
Procurando uma alternativa para o fim
Mas também sei que não posso parar
Espero que guarde e carregue boas verdades
Cuidei da poesia, cuide dos seus leitores
Somos seres finitos eu e você
Já me encontraste chorando de peito aberto
Já me encontraste vencido a meia luz
Sempre me deixaste sorrindo
Então façamos outra vez
Vamos entreolhar as palavras escolhidas
Vamos respirar fundo por uma linha

Vamos ficar com a certeza de que fomos grandiosos

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 20 de setembro de 2009

“Lugar Algum” (20/09/2009)




Quero uma passagem para lugar algum
Quero começar me esquecendo
E depois não ter mais para onde voltar
Quero dizer adeus em abraços fortes
Quero ser livre para não olhar para trás
Quero uma estrada sem nome
Sem propósitos, motivos, responsabilidades
Quero estar à margem de
Romper algum tipo de barreira social
Ser estranho, a parte, único
Se pudesse escapar das memórias
Se pudesse me despir da consciência
Se pudesse largar meu nome
Se todos os olhos me passassem batidos
Será que teria paz?
Terei ido longe o bastante?
Poderei respirar sem ser interrompido?

Que uma boa alma me acompanhe
Gentil para guardar todos os porquês
Não ter, para comigo, julgamentos
Não quebrar por nada este silêncio
Satisfeita pelo segurar de mão
Indiferente as normas sociais
Certa do abandono próximo
Torcendo em segredo contra
Meu desejo que chegue logo este trem
Que me leve para qualquer outro minuto

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

“Deixei” (16/09/2009)




Eu descobri que tudo que sei é pouco
Para tudo aquilo que quero entender
Minhas palavras são rasas
Minhas atitudes são ineficientes
Breve, previsível e insuficiente

O cansaço me tomou desde as entranhas
Um grito de liberdade instalado em meu âmago
Larguei de meus amores
Desisti por vez de seus olhares
Não quero mais saber se me falta, se me quer

Odiei-me por estar ali
A mercê dos olhares que me exigiam
Aquém de viver as expectativas
Vulnerável, fora de meu habitat
A promessa de não voltar

Rasguei pensamentos como cartas
Desfiz-me de tolas preocupações
Agredi inconvenientes justificativas
Exilei todas esperanças
Recriei-me cru e real

Não quero mais nada disso
Nenhum desses jogos insanos
Não quero mais comprar ilusão
Tudo que sei é que, o que descobri
Foi mais do que o bastante

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 12 de setembro de 2009

“Poetas Dest’ora” (21/06/2009)




Poetas desta hora
Insana, arcana
Levantai enquanto há
Dizei enquanto é
Poetize seu tempo
Torne a vida algum infinito
Pois de outra hora...
Jamais seremos

Poetas desta hora
Olhai a sua volta
Leiam tuas inspirações
Vislumbrem outros mundos
Façam do concreto outro romance
Nasçam entre as frestas
Uma flor de primavera

Poetas desta hora
Vivam a todo preço
Escolham as incertezas
Divirtam-se com o destino
Procurem os próximos sorrisos
Sejam tudo hoje
Deixem suas palavras para o amanhã.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

“Particularidades” (09/09/2009)




Não é a toa que alianças enfeitam os dedos
Podem pensar que tolos enxergaram belezas
Acredito nos poucos que encontraram almas
Vejo nos olhos delas toda verdade
Vezes que nem preciso procurar pelo compromisso
Tem algo na luz, no rosto, nos trejeitos, no sorriso
Mulheres muito bem conquistadas
Mulheres que de longe já merecem atenção
Os detalhes só te convencem do óbvio
É mais que um desejo físico
É mais do que teus olhos alcançam
Precisa de toda dedicação de seu corpo
Necessita de todos sentidos para compreender
É necessária uma vida para encontrar
Um momento atento para se viver

Não é muito que se pede
Ou talvez seja simplesmente tudo
Não conheço limites mais imaginários
Terras totalmente sem donos
Fortalezas sem propósitos
Acredite, você não está a salvo
Não há âmago que se resguarde
Não há nem como tentar negar
Até tuas mentiras soarão como verdades
E se sua razão de alguma forma vencer
Terá vencido então também tua essência
Uma breve sombra do que um dia refletiu

Não digo tudo isso por devaneio ou descuido
Vi entre sóis imagens tão particulares
Vi tantas poesias em formas humanas
Vi olhares que valiam diamantes
Todos perdidos em pequenas brechas do mundo
Se não fossem os que cegamente tentam pelas estrelas
O horizonte seria mais uma pintura sem graça
Não defendo o mundo como um lugar romântico
Apenas como um espaço de tolos e poucos

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 6 de setembro de 2009

“Enquanto Memória” (20/08/2009)




Descobri que não existo
Apenas brevemente permaneço
Memória, palavra e tempo
Descobri que não sou
Se não quando em outro
Senti, que não fosse,
Nesses versos e poesia
Seria supérfluo
De nada adiantaria o agora
Sem as tais letras
Poderiam me engavetar
Escapar das lembranças
Então bastaria do tempo o compasso
Eu me deflagraria vencido

Senti angústia e medo
A certeza imponderável
A memória esquecida
Poemas de outrora
A vida que chegara
Sem mais esperas
Os sentimentos desapareceram
Nas sombras dos anos
Tornei-me algum espaço vazio
Uma falha cronológica
Sem história para contar
Sem nada a declamar
Sem saber o que era

Terei muita sorte
Em habitar essas páginas
Terei morrido
Se não tentar


Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

“Saudade” (19/08/2009)




Saudade é uma distância
Que não se quer, mas existe
Que se evita, mas vence
Por vezes infinita
Por vezes indiferente

Saudade é uma palavra
Que requisita a presença
Que imagina o abraço
Que retoma os sorrisos

Saudade é nostalgia
Não há doses recomendáveis
Não há remédios controlados
Muito menos cirurgias cabíveis

Saudade é quase arrependimento
A vontade de mais tempo
Para dizer algumas bobagens
Para garantir algumas verdades
Quem sabe...mudar

Saudade é a falta
Do que tomamos para nós
Mas na verdade sempre foi livre

A saudade que sinto
As vezes imensa
As vezes pondera
As vezes me abraça
E tenho certeza que volta

Ass: Danilo Mendonça Martinho

Livremente inspirado em: http://www.fotolog.com.br/krettinha/37364257