sexta-feira, 22 de abril de 2011

“O outro lado do Desejo” (12/04/2011)

Nossa mente é uma fábrica de ideais. A maioria deles ligados a uma felicidade desconhecida, um sorriso permanente. A ilusão é tão forte que nos vemos invadidos por sentimentos que não aconteceram. Essas idéias são inevitáveis, plantadas e reproduzidas como um vírus, a imagem de uma vida muito melhor. Um sonho particular que parece estar atrás de toda janela, vivo em diferentes olhares. Nosso inconsciente toma conta e nos coloca em rumos repetidos onde ficamos aquém da nossa própria promessa. Assim nossa felicidade permanece estática, beirando nosso horizonte, resistindo ao nosso pedido para que nasça. O que nem sempre esperamos é que a vida nos escute.

Uma manhã a noticia te invade como a luz do dia. É fácil reconhecer o próprio sonho. A mistura de ansiedade e cautela. Os dissabores que vão dando lugar a tudo que é doce. A mente que abdica de tudo pela hora marcada. O passo ainda em dúvida caminha ao encontro e ali finalmente ao alcance de teus dedos, a prestar atenção em sua palavra, transformando esse mundo em lugar mais crível, tua felicidade. Ali do outro lado de tua alma o sorriso incondicional, a imaginação que funde com a realidade e uma incerteza irracional. O medo de estragar o desejo, questionando se merece tanto, pensando não ser capaz vivê-lo. O sonho é tão bom que parece não ser verdade. É assim que recebemos a felicidade, com descrédito. Como se fosse ela que tivesse que se provar.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 18 de abril de 2011

“Meio termo” (11/04/2011)

Podemos criar planilhas, fazer uma análise de risco. Podemos buscar opiniões de amigos e desconhecidos. Podemos buscar aprovação, debater com as paredes, ensaiar discursos, fundamentar argumentos. Podemos listar os prós e contras, imaginar futuros, basear-se em experiências passadas. Podemos procurar razões, cálculos, uma garantia. Podemos listar desculpas, motivos, teorias. Podemos tentar justificar nossas escolhas.

Mas nada jamais substituirá o sentimento. Ou se quer ou não. Você conhece todas suas respostas, a emoção vive nos extremos. O sentir pode não ser fácil, mas não fica no meio do caminho.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 14 de abril de 2011

“Sem resposta” (06/04/2011)

É a paixão que se declarou
Que transbordava do peito
Que venceu as próprias dúvidas
Que agiu por amor
Que aceitou os riscos
Que entendeu a indecisão
Que não se incomodou com o silêncio
Que se guardou na promessa
Que sobreviveu na distância
Que escondeu as tristezas
Que por vezes se questionou
Que se reafirmou todos os dias
Que só pedia a presença
Que aguardava uma resposta
Que já duvidava do encontro
Que se descobriu ainda maior
Que foi indiferentemente ignorada
Que sufocou-se no âmago
Que lhe foi negada a palavra
Que decidiu encerrar-se
Que não deixará de existir

Sentimento se declara...
Também se leva de volta

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 11 de abril de 2011

“Preço” (05/04/2011)

Cobro caro
Lágrimas
Lamentos
Dores
Pesares
Fins

Cobram-me
Sorrisos
Abraços
Felicidades
Esperanças
Liberdades

Comprei
Ilusões
Verdades
Sonhos
Promessas
Amores

Vendi barato
Beijos
Declarações
Quereres
Princípios
O coração

A escolha é de graça
Mas sem garantias

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 7 de abril de 2011

“Ensaio sobre a solidão” (04/04/2011)




A maior probabilidade é que nada permaneça. Todo desejo se consome, todo sonho acorda, amor também acaba. Por mais que nasçam horizontes a esperança esvaziará quartos e armários até apenas sobrar a luz acesa na varanda. Sei que ninguém será capaz da minha realidade e que a culpa não terá dono. Sentarei a beira da janela por costume, sem mais esperas. Caberá lembranças, mas jamais presenças, o âmago é um lugar de passagem.O que escolher não me deixar apenas fará de minha morada um lugar mais só. Temo e conforto esse futuro de que no fim ninguém possa ficar. Há escolhas que sempre defenderemos sozinhos. Há princípios que não mudam e há uma grande parte que temos que abrir mão. É possível que ninguém entenda minha busca por liberdade, que minha falta de máscaras passe por maldade e que siga o caminho de casa sem companhia. São os riscos de defender uma bandeira, de ser um único a levantá-la. O querer não é algo comum, talvez até seja pessoal demais e não vou abandoná-lo. São as escolhas e sempre serão elas a trilhar o caminho, como não posso garantir as alheias, a solidão fica como certeza.

Quero felicidade e não farei concessões.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 4 de abril de 2011

“Cru” (31/03/2011)

A vida é um quadro que perde a cor
Uma infância que cresce
A inocência que vira dor
Um amor que padece

A vida é uma propriedade sem posse
Um horizonte sem nome
Certezas sem garantias
Uma esperança que morre

A vida é um caminho sem volta
A palavra efêmera
O sentimento que esgota
O sonho que acorda

A vida é
Até te levar isso também

Ass: Danilo Mendonça Martinho