quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"Uma Folha em Branco" (30/01/2009)



Um momento de distração
Inércia talvez
Uma idéia desperdiçada
Um esforço inútil.
E o mundo ficou assim
Sem saber, por procurar
Ouvidos em alerta para um total silêncio
O orador estava imponente e pomposo
A platéia...nunca vi igual
Mas a folha era simplesmente vaga
Algum pensamento que não pode esperar,
Que tinha mais o que fazer,
Que quando se viu de canto
Saiu sem ser notado
E como tudo que se perde
Sua falta fez um buraco, um vazio
Ao lado de tantos outros já sentidos
Pobre pensamento que partiu
Sem saber todo seu potencial
Um adeus já seria o suficiente
Este erro não seria cometido
Agora não há onde procurar.
Ele já está longe demais,
Sua existência tão presente e certa
Mesmo assim não posso dizer nada
Não posso começar um parágrafo
Um verso seria em vão
Seria uma boa intenção em falso
O que fará um poeta sem seu estopim?
O que pode ele se não,
Deixar a pureza da folha intacta?
Branca como uma primeira neve.
Quem é ele para falar de amores, flores, e amizades?
Até o jeito que se depara com o papel,
Parece tão comum e banal sem sua idéia.
Tudo que um poeta, um manipulador de palavras;
Ou um sentimentalista improvável;
Poderia aceitar seria ser comum e banal.
Suas palavras não podem soar as mesmas,
Seus gestos não podem ser sem um propósito maior.
Sua caneta deve pesar quilos
Uma responsabilidade a cada palavra,
A cada vírgula mal posta e rasurada.
A leveza deve estar em sua mente
Com uma meta clara no horizonte
Sem isso...o que será do escritor?
Este que agora se debate sobre a folha...
Que jamais poderá ser escrita.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

2 comentários:

  1. Gostei do blog,amigo, parabéns! Quando der, visite o www.dudunaweb.blogspot.com Beijos.

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  2. O poeta sabe, o vazio está cheio.

    Perfeito!

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