quinta-feira, 18 de março de 2010

“Para não dizer...” (08/03/2010)




As flores que entreguei já devem estar mortas
Sei que com elas deixei algo a mais
Morreram também algumas inocências e princípios
Foi o primeiro voto de descrédito ao meu coração
Foi a última poesia que escrevi para alguém
As pétalas se desfizeram em solidão
Sem respostas, carinhos, avisos de seu destino
Apenas uma permanente esperança que se esvaziava
Duvido que tenha durado a primeira semana
Gostaria que tivesse rasgado aquela carta
Nunca as palavras valeram tão pouco
Nem angústias, nem sorrisos, nada lhe fizeram
Sua cara lavada hoje ainda clama
Que não há, nem houve, quem te amou

Não martirizo mais meus versos
Eles não merecem tais companhias
Faces que desejam os romantismos
Corpos que fogem na outra direção
Custou-me um vaso de flores para perceber
Que toda poesia presente em você
Era invisível diante do espelho
Quando pintei então teu retrato
Não reconheceu uma rima se quer
Apaixonei-me por quem enxerguei em você
Um alguém que não se permite ser

Deste mal minhas estrofes já não sofrem
Os poemas não chegam a nenhum endereço
As rosas não merecem fins tão trágicos
Jamais entenderão o que vejo

Ass: Danilo Mendonça Martinho

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