domingo, 14 de fevereiro de 2010

“Sobras” (05/02/2010)




Não tem nenhuma lua cheia pela janela
Uma história no caminho pra casa
Algum vento noroeste
Alguma calçada rachada que seja

Não tem nenhum olhar profundo
Um beijo no meio da chuva
Um abraço de despedida
Algum desencontro distraído

Não teve nenhum sonho na madrugada
Nenhum âmago amargurado
Nenhuma mente em colapso
Algum desejo desenfreado

Não tem nenhum quadro na parede
Lençóis marcados de memórias
Um retrato no criado mudo
Alguma lembrança de um lar

Não restou nenhum papel rasgado
Uma prova de existência
Um resquício da verdade
Algum pranto solitário

A poesia partiu antes do amanhecer
Deixou a chave no chão e a porta aberta
Esvaziou o armário e uma vida
E jamais olhou para trás.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

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