segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

“Segunda Chance” (02/12/2009)




Se este final de noite me permitir mais um desabafo,
Mais um conjunto de palavras alheias
Íntimos revelados e âmagos atordoados
Verdades intrínsecas e abordagens inusitadas
Emoções não recomendadas.

Se as estrelas pararem seu brilho
Escutarem minhas lamurias com a atenção necessária
Quem sabe então venham a cair.
Se os últimos minutos de consciência que me restam
Puderem expressar meu desespero diário e desejos desonestos.
Se minhas últimas palavras puderem não ser nenhum “adeus”
Se meus versos disserem em boa e alta voz,
Minhas falhas, meus medos, minha vulnerabilidade,
Que elas tornem meu ser em mais humano
Que elas tornem minha racionalidade mais desapropriada
Que possam libertar meus pensamentos,
Que possam desaparecer com os limites.

Ah, que bom seria antes de fechar os olhos um sorriso
Aliviado de minha escusas, de meus disfarces,
Que bom seria deixar todas as máscaras no chão,
Que bom seria olhar livremente nos olhos do próximo,
Que maravilha seria não me preocupar.
Ah, se esses versos tiverem esse poder,
Que não pestanejem perante a oportunidade de confessar.

Cansei deste medo, cansei dos pudores,
Quero esta carcaça por inteiro
Quero aceitar suas imperfeições nos mínimos detalhes,
Quero as cicatrizes, quero as marcas do passado,
Quero os ossos quebrados, quero as mágoas expostas,
Quero nestes últimos minutos, como em um reza,
Sussurrar arrependimentos, tristezas, medos, e vontades,
Quero nem que seja em um suspiro me livrar
Deste gosto amargo, destas dúvidas, destes parâmetros.

Se este dia ainda me permitir, queria deixar aqui
Tudo que já não mais sou
Tudo que já não quero mais ser
Tudo que terei que esquecer para o amanhã
Gostaria de aqui deixar minhas dores
Gostaria de me despir dos valores
Enterrar alguns princípios
Começar algo de novo
Se ainda há tempo, se ainda há vida
Que me permita, por favor, me permita.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

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