Talvez seja coisa de paulistano admirar-se com uma estrela. Aqui elas são mais solitárias, distantes uma da outra, como se morassem no mesmo lugar, mas não conversassem. Nesse silêncio, nenhuma precipita em desejo. Há muito para se vencer nessa cidade antes da queda. É preciso contar com a sorte de uma noite que anteceda um dia escaldante, destes sem nenhuma nuvem no céu. Mesmo assim é preciso que a noite se mantenha comedida com umidade para dispersar nossos rastros de poluição. Ainda assim a estrela, antes de qualquer cadência, depende do humano. Todos sabemos o que é depender do humano. Um olhar sem pressa, sem medo, urgência, dúvidas, preocupações. Um olhar que se não essencialmente livre, que por um momento se perca nos céus. Um olhar quente de alimentar almas, e distante, capaz de ver através dos rastros de nossa solidão. Talvez seja demais por um desejo. Talvez sejam estrelas de menos para este céu. Penso também que talvez não exista humano livre.
Temo por você estrela, que venha a ser apenas decadente.
Ass: Danilo Mendonça Martinho
Por vezes, uma constelação pode não ter tanto brilho quanto uma única estrela solitária.
ResponderExcluirPorque seu brilho não é por acaso, é essencial. Sua cadência não está livre do humano, mas se torna mais real a partir de um olhar que perceba que sem aquela estrela, o céu não teria o mesmo sentido.
Poeta
ResponderExcluirObrigado pelas visitas de sempre.
E a sua estrela, ora, o seu olhar já a mantém viva!
Cada Brilho independente e diferente um ao outro, assim completamo-nos..
ResponderExcluirO brilho é o desejo da estrela. Só por isso não acredito na sua decadência - porque estrela nasceu para brilhar. Mas acredito na decadência humana, quando abandonamos o desejo de brilhar em algum lugar, além de nós. Essa, talvez, seja a falta de liberdade... Sei lá!
ResponderExcluirAhhh! Adorei a conclusão que chegou quando leu o meu texto. Suas frases sempre carregadas de significado...
Beijos, sábio poeta!
" Um olhar quente de alimentar almas, e distante, capaz de ver através dos rastros de nossa solidão".Viajei nessa frase.
ResponderExcluirAcho que precisamos ter os dois olhares. Um olhar próximo, emotivo, sensível e um olhar distante, mas que consegue enxergar o todo.O amor exige esses dois tipos de olhares, eu acredito.
Beijos, Luana Barcelos.
O poeta admira estrelas, onde outros nem veem o brilho.
ResponderExcluirAbraços