domingo, 30 de agosto de 2009

“Sucinto” (13/08/2009)



Pretendo
Assim
Tentar
Ser um tanto
Mais breve
Ser um tanto
Mais objetivo
Calar
De fato
Não há
O que chamar de espaço
Para divagações
As mesmas histórias
O mesmo argumento
Uma voz
Sem voz
Murmurinho
Desnecessário
O mundo não precisa
Não lida
Com tantas explicações
Sim
Não
E basta
Engana-se
Quem pensa
Que alguém escuta
Eu mesmo peco
Ao me esforçar
A mais
Além
Pelas coisas
Que não existem em palavras
Mas duvido
Também
Da compreensão
Meu olhar
Permanecerá
Mais um
À multidão
Meu silêncio
Será como segredo
À poucos
Aqueles
Provavelmente
Sem mais a dizer

Prometo
Sem mais prolongar
Sucinto
Enfático
Serei então
Tudo e nada
Nunca e sempre
Começo e fim
Para entrelinhas
Procure o poeta
Sentado no jardim
Mais
Mas
Cuidado
Ele pode
Não
Responder
Apenas
Sim

E eu
Particularmente
Digo
Ou
Penso
Não devo
Dizer
E sei
E sinto
O então
Do movimento
Não veio
E o mundo
Assim
Em breve
Pára
Receio
A escolha
De um dia ruim

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

"Um Poema para meu passado" (08/08/2009)




Decido hoje enterra-lo
A sete palmos em um lugar seguro
A sua data cravada em pedra
Para que não haja mais dúvidas

Ao primeiro de meus amores, um sorriso
O único olhar que nunca desviei
Teu nome e encanto guardo comigo
Desfaço-me da idéia de um reencontro

À porta que me foi aberta
Assumo todas as conseqüências
Lhe marco como fato na minha história
Uma verdade em minha vida

Ao desejo que sentou ao meu lado
Ofereço um último tirar de fôlego
Hoje lhe tomaria com todas as forças
Antes simplesmente não soube

Ao coração o qual apressei
Um sincero pedido de desculpas
Foi o exagero de querer-te bem
Foi o egoísmo de querer-te logo para mim

Para todos passados aqui descritos
Um ponto final bem explícito
Que não voltem a me assombrar
Descansem em paz

Ass: Danilo Mendonça Martinho

domingo, 23 de agosto de 2009

“Abstinência” (04/08/2009)




Meu desespero atingiu níveis alarmantes
Conseqüência de uma solidão sistemática
Minha realidade é perspectivamente fraca
As sombras se insinuam com facilidade
Uma mente corrompida de pressões sociais
Um corpo sedento por contato
Olhos psicopatas e vulgares
À beira do ataque aos pudores

Tenho medo de meu descontrole
A insanidade ganhar novo significado
As percepções estão cada dia mais vivas
Quase posso tocar os desejos
Quase quero ser acometido pela barbárie
A inconsciência total dos sentidos
Vencido pelo sabor do desfrute alheio

É possível que em breve extrapole
Então não se espante com a noticia tardia
De que foi internada uma alma perdida
Que em voz alta expôs suas súplicas
Que em público abusou das infâmias
Com gosto assumiu sua condição carnal
E erroneamente pediu ao próximo
Que também o fizesse.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

“Renuncio” (27/05/2009)




Ao cargo que não me foi dado
Ao amor que não é meu
A amizade distante
Ao medo de você
A verdade entre nós
As mentiras que contei
Ao silêncio que adotei
Ao adeus que permiti
Ao abraço que neguei
As palavras que escondi
Ao coração que magoei
As lágrimas que provoquei
Aos sonhos passados
Aos desejos futuros
A crueldade que me foi capaz
Ao romantismo que me faltou
Os versos que me fugiram
A poesia que nunca escrevi
A declaração que nunca fiz
A precipitação inevitável
Os limites que não considerei
As indelicadezas cotidianas
O humor disfarce
Os gestos que evitei
Os detalhes sem a minha atenção
Os olhos que me encaravam
As mãos que tentaram alcançar
Teu pudor
Teu sentimento
Tua sinceridade
Teu sacrifício
Até teu sorriso
Não serei teu amante
Não serei teu amigo
Não serei teu ontem
Não serei teu amanhã
Não serei teu...
Não serei mártir deste romance
Renuncio a presença em tua memória
Minha única esperança é que me esqueça
Para que não seja eu...a abrir mão.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 1 de agosto de 2009

“O que há com as horas?” (17/07/2009)




As horas me ultrapassam, perco seus entornos
As horas perdidas, esquecidas na minha esquina,
Horas demasiadas longas, quando hei de chegar?
Horas sonhadoras ainda não me levem, eu peço
Horas futuristas, dê-me teu tempo certo
Horas impróprias, fatalmente atrasadas
Horas distraídas, me traístes?
Horas esquecidas, posso me ausentar também?
Horas exatas, o marco do que já foi
Horas minutadas, espera infinita
Horas marcadas e seus desencontros pontuais
Horas de sono, livres a sua vontade
Horas depois, entre deliciosos mistérios
Horas ilusórias, promessas que se esvaziam
Horas reflexivas, sua filosofia me intriga
Horas compartilhadas, dá-me o prazer da companhia?
Horas infinitas, da vida que não vejo fim
Horas complicadas, diferenciar desculpas de explicações
Hora do dia a dia...rotina
Horas desperdiçadas, vazios de palavras
Horas de desespero, curtas, aflitas e reais
Horas do amanhã, expectativas e não verdades
Horas, uma perspectiva sobre o tempo
Horas, um controle sobre a existência
Horas que não cabem meus desejos
Horas que limitam meus encontros
Horas que escurecem
Horas que renascem
Horas de caprichadas pertinências
Horas que me consomem
Horas sem consideração
Horas de inevitável atraso
Horas além daqui
Horas de alguma esperança
Horas de pulsos, paredes e igrejas
Se forem horas tardias
Permaneçam horas desconhecidas
Horas de paz

Ass: Danilo Mendonça Martinho