sábado, 28 de fevereiro de 2009

"No Futuro" (22/02/2009)



Os laboratórios divulgarão suas descobertas
Curas, medicamentos, novas doenças
Os países anunciarão suas conquistas
Apenas novas guerras sem razão
A tecnologia ultrapassará seus picos
Evoluções além do limite do corpo
Os cientistas divulgarão novas teorias
Que perderão seu propósito sendo discutidas
A natureza criará novas fronteiras
O mundo se protegendo de nossa existência
As sociedades entrarão em colapso
Novas concentrações de poder surgirão
Os relacionamentos tomarão novas proporções
Pudores mudarão seus conceitos
Liberdades serão questionadas
A Vida achará um fim, ou um meio
Para continuar seu curso

Podemos divagar mais sobre o futuro
Ele virá para nos dizer certos ou errados
Mas o que realmente me preocupa
É o que ele não dirá
Em quais assuntos não tomará partido
Diante quais questões silenciará
Quais verdades abrirá mão
Quantos poderes abdicará
Quais lutas, decisões e princípios
Serão deixados a nossa escolha?

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 21 de fevereiro de 2009

"Pela Manhã" (21/02/09)



Andava nas pedras em sinestesia
O vento ainda não esquentava
Tudo se movimentado devagar
As peças se encaixando
O Sol rasga seus raios entre as folhas,
Vem te buscar sem a mínima preocupação.

Caminhava devagar, desavisado, distraído
Na manhã ainda é tudo novo
O mundo provavelmente mudou
Sua rotina...apenas uma ilusão
O barulho de cascalho aguçando lembranças
Como se estivesse na estrada de terra
Como se estivesse sem um rumo
Como se já soubesse,
Que vou aproveitar cada minuto de luz
Talvez até das sombras lá fora.
Esquecer antes de mergulhar em obrigações
Nossos tempos mais sinceros à flor da pele.
Sem nenhuma importância para os “depois”

Algum dia eu ainda paro entre essas árvores
Me acomodo no banco, talvez mesmo no chão
Respirarei mais fundo como se respirasse cheiro de chuva
Entortarei os olhos, franzerei a testa olhando pro céu
Encarando o dia naquele silêncio onde nos entenderemos.
Tomarei um pouco mais de coragem
Me colocarei em pé, continuarei.
Só que agora...
Meio que chove debaixo das árvores
Meio que o Sol te conforta,
E o vento te ajuda a respirar.
Meio que a natureza te abraça
Nada há de ser ruim.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

"A Protagonista"(15/02/2008)



Passei horas te admirando
Sabendo que era um erro perder o tempo,
Nessas breves histórias
Onde mostram um mundo de carinho

Como roteiro clichê alguém chegou
Um coração selvagem e indomável.
Eu aqui lhe desejando
Maltratando essa distância da vida real.
A vida que me lembra em momentos,
Um belo programa de TV.

Foi ali que vi quando seus olhares se encontraram
Como que por destino, sem obstáculos,
Dúvidas, medos, inseguranças;
Olhares firmes, diretos, de paixão fumegante,
De queda na certa, de jogo vencido.
Foi ali que simplesmente seus sorrisos combinaram,
Como protagonistas.
Assisti mais um momento mágico
Daqui do sofá, incapaz de trocar de canal.
Nada parece mais vazio,
Nada causa mais angústia
Do que ver o mundo sem sentir-se parte dele.
Vi-me derrotado.
Em algo que não acredito,
Que pode se decidir numa disputa.
Como concorro a este papel?
Troquei de canal, sem respostas, desliguei a TV.
Te perdi.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"Esperando Salvação" (15/02/2009)



As idéias estão por aí
A beira de precipícios
Prestes a serem enforcadas
Julgadas culpadas
Trancadas em masmorras antigas
Caçadas sem discriminação

As idéias não fogem
Não correm em desespero para suas casas
Não gritam por socorro
Não lutam contra seus agressores
Não fazem protestos
Não reagem a nenhuma ameaça

As idéias te esperam
Que venha no cavalado alado
Que venha enfrentar dragões
Que venha desarmado
Lute com as próprias mãos
Que após muito sangue e suor
As tire da escuridão

As idéias não são de ninguém
Elas vivem nas mãos de quem faz
Habitam as mentes de porta aberta
Realizam-se em desejos puros
Existem aos que não a questionam
Reais como paredes de concreto
Ilusórias como breves imaginações

Ass: Danilo Mendonça Martinho

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

"Cresci" (13/02/2009)



Cresço
Pois acredito que a felicidade
Não esteja somente em mim.
Uma procura pelo que me falta.
A felicidade está virando uma esquina
Escondida atrás de algum degrau ou muro
Que ainda não tenho tamanho para passar.
Freqüentando alguma escola
Que não tenho idade para entrar

Talvez cresça por simples rebeldia
De tantos avisarem para que não.
Talvez porque queira ir onde ninguém foi.
Pela arrogância de achar
Que não cometerei os mesmos erros
Que saberei exatamente aonde ir e o que dizer.
Pela ilusão de que não serei vencido.

Cresço
Por simples desaviso ou natureza.
Caminhei, brinquei, comi, bebi ,dormi
Olhei pela janela e perdi a noção
Do parapeito que me afastava do horizonte
Meu espelho me apresentava novas faces,
Conseqüência dos dias que resolvi viver.

Cresço
Talvez por gosto a desilusão.
Para bater a cara contra a parede
Descobrir as partes do mundo em branco e preto
A cada verdade que me invade
A cada realidade que deixo entrar

Cresço
Por pura ambição.
Para alcançar estrelas
Tomar o céu, voar pelas nuvens,
Conquistar montanhas, atravessar mares,
Vencer todas as batalhas.

Não cresceria.
Digo sem a mínima certeza que talvez,
E somente isso,
Ficaria satisfeito em ser criança
Se tudo fosse tão simples
Como um segurar de mão

Cresço...

Ass: Danilo Mendonça Martinho

Livremente inspirado no post:
http://www.fotolog.com/mein_herz_brennt/75155271

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

"Mais um dia de Sol"(08/02/2009)


Bate mais forte Sol
Vê se já ilumina o parapeito
Traz um vento para balançar a rede
Sombreia o horizonte
Traz pra perto o novo dia
Traz mais perto o cheiro de vida
Traz uma flor dessas bonitas
Levanta Sol, mais alto que puder
Não deixa nenhum canto escuro
Revela o mais longe do caminho
Acompanha a tarde como cavalheiro
Espera a noite como pai
Vai dormir no travesseiro tropical
Quando acordar não esquece
De bater para o lado desta janela
Só pra lembrar que já é dia
Que mais uma poesia vai começar
Vem Sol, dançar com as nuvens
Curtir a festa do domingo
O jogo na televisão
Mas vai com calma lá no Sertão
Presencia o casamento na praia
Joga luz no papel do escritor na varanda
Lembra para todos da vida lá fora
Como último favor Sol
Convida o mundo para seu pôr
Veste o céu de vermelho
Junta todo mundo na colina
Às sombras do dia que já se foi

Ass: Danilo Mendonça Martinho

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

"Segunda-Feira"(09/02/2009)




Foi uma angústia instalada no peito
Bloqueando todos gestos e ações
Foi lenta, dolorosa, quase sem importância.
Os afazeres perdendo o sentido
A mente se distraindo sem saber no que pensar
Estáticos, chocados, chorosos
Por vezes as lágrimas vinham antes das palavras
Por vezes só pudemos ficar em silêncio
Um abraço mais forte
Todos estavam precisando
Olhares que viam horizontes em vez de paredes
Risadas que foram soltas para espantar o vazio
E o dia passou e nada permaneceu
Como um planeta fora de órbita.
Como cometas brilhantes mudando de rumo.
A vida amuou-se diante o destino,
Os corpos se viram sem reação.
O que será do amanhã até preocupa,
Mas o que se sente hoje é....
É pior quando se trata dos seus queridos
Quando não está em seu poder
Os sentimentos flutuam
Procurando tua ordem.
Por alguns momentos você não quer saber
A alma perde forças de diferentes maneiras
Você só consegue olhar para mundo na esperança
Que ele gire de volta e mude de idéia
Ou que ele gire para mais longe daqui
A segunda foi longa, tensa, inexplicável
Angustiante, triste, emudecedora
Fria, cinzenta e comum
Não sei como ela segurou este fardo,
Honestamente não sei como consegue.


Ass: Danilo Mendonça Martinho

sábado, 7 de fevereiro de 2009

"Luto" (02/02/2009)




São as cicatrizes que nos definem
São as perdas que nos levam a conquistas
A falta que nos faz ansiar pela presença.
Quantos funerais já perdi?
Foram tantos sentimentos
Junto de alguns princípios
Não tive coragem de estar lá no adeus
Mas matei sem dúvida
Por milhares de motivos
Necessidade, sentir-se bem
Até mesmo para esquecer
Acreditamos que seremos mais fortes
Crescer, ir mais longe
Até que cheguei, mas será...
Que os vencedores são aqueles que me fizeram matar?
Será que nada disso faz diferença sem nosso passado?
São os pequenos momentos, as mágoas,
As palavras ditas sem consideração,
São exatamente os momentos impensados
Que te fazem mudar
A fúria que toma seu âmago
A vontade de não sentir
A vontade de não se deixar afetar
Não pensamos duas vezes quando se trata do nosso bem.
É em um fim de tarde, é num telefonema,
É numa chuva, num canto escondido, não importa
Utilizamos nossas armas, cruéis talvez.
Ignoramos, pedimos licença, respiramos mais fundo
Nos libertamos do que pressionava nosso coração de forma tão nociva.
Repreendemos quem convive com essa dor
Olhamos o mundo como absurdo diante da nossa resolução.
Tão passional como quem chora por quem não merece.
Não somos, mas fomos e provavelmente não seremos.
Espero que o mundo não perca totalmente a cor.
Talvez em alguns momentos queria não ceder as pressões
Acreditar um minuto a mais
Quem somos nós para virar as costas?
Quem somos nós para dizer nunca mais?
Não sabemos o que teremos que abandonar
No fim só me resta um minuto de silêncio
Uma homenagem póstuma a tudo que tive que deixar para trás...
Que quis deixar para trás, simplesmente pelo meu bem.
Ah...quantos princípios já enterrei?

Ass: Danilo Mendonça Martinho

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"Uma Folha em Branco" (30/01/2009)



Um momento de distração
Inércia talvez
Uma idéia desperdiçada
Um esforço inútil.
E o mundo ficou assim
Sem saber, por procurar
Ouvidos em alerta para um total silêncio
O orador estava imponente e pomposo
A platéia...nunca vi igual
Mas a folha era simplesmente vaga
Algum pensamento que não pode esperar,
Que tinha mais o que fazer,
Que quando se viu de canto
Saiu sem ser notado
E como tudo que se perde
Sua falta fez um buraco, um vazio
Ao lado de tantos outros já sentidos
Pobre pensamento que partiu
Sem saber todo seu potencial
Um adeus já seria o suficiente
Este erro não seria cometido
Agora não há onde procurar.
Ele já está longe demais,
Sua existência tão presente e certa
Mesmo assim não posso dizer nada
Não posso começar um parágrafo
Um verso seria em vão
Seria uma boa intenção em falso
O que fará um poeta sem seu estopim?
O que pode ele se não,
Deixar a pureza da folha intacta?
Branca como uma primeira neve.
Quem é ele para falar de amores, flores, e amizades?
Até o jeito que se depara com o papel,
Parece tão comum e banal sem sua idéia.
Tudo que um poeta, um manipulador de palavras;
Ou um sentimentalista improvável;
Poderia aceitar seria ser comum e banal.
Suas palavras não podem soar as mesmas,
Seus gestos não podem ser sem um propósito maior.
Sua caneta deve pesar quilos
Uma responsabilidade a cada palavra,
A cada vírgula mal posta e rasurada.
A leveza deve estar em sua mente
Com uma meta clara no horizonte
Sem isso...o que será do escritor?
Este que agora se debate sobre a folha...
Que jamais poderá ser escrita.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

"N.D.A."(30/01/2009)




Eu pensei na possibilidade
Mas resolvi ficar
Nem que por versos
Nem que por respiros distantes
Somente na certeza,
Somente pontos finais
Incisivos e indiscutíveis

Foi tua imagem que me deu a razão
Colocou meus pés no chão
Olhei apenas na tua direção
Outras chances já não me importavam
Foi assim que abri mão desta palavra
Que gosto de usar, e criar uma ambigüidade
Simples, pura e direta.
Uma ambigüidade que fica nos seus olhos
A cada nova janela que mostro
A cada porta que abro.
A diversão são os corpos alheios
São as reações, são os espasmos incontroláveis
Desses músculos desobedientes
Que deixam cair lágrimas e dão risadas fora de hora.
Gostoso mesmo é não saber.
É não ter a certeza
É brincar com o possível.

Mas hoje, somente hoje
Lhe faço um agrado e não digo.
Evito entre as linhas com eufemismos,
Intenções e sinônimos.
Deixando tudo nas palavras,
Em único sentido, em uma estrada sem retornos.
Escrevo sem delongas que estou maravilhado
Mesmo sem tua presença,
A lembrança instiga meus sentimentos
Quero é tudo dando certo
Como no sonho que já reconstruí algumas vezes
Se você pudesse realmente aparecer
Aí sim, sem dúvida nenhuma
Não precisaria de um talvez.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

ENQUETE




Nos últimos dias uma expressão está cada vez mais freqüente nas conversas e discussões "O mundo está moderno, mas nem tanto assim." Tenho uma série de perguntas sobre essa dita "modernidade"