A fumaça abaixa e fico no aguardo do nascer da aurora dos nossos tempos. Meus olhos já há muito tempo céticos talvez não reconheçam um raio de esperança. Não sofremos por um governo. Não sofremos pelo conservadorismo religioso. Não sofremos por uma economia precária. Não sofremos por um estado de miséria. Não sofremos por uma guerra. Somos mais livres do que poderíamos imaginar pedir. Mas sofremos por causa de um sistema social falido, corrupto, profundo e centenário. Da mais baixa classe social, do rincão mais perdido de terra neste país até a maior metrópole e o mais alto escalão do governo, estamos impregnados com este gene maldito do “jeitinho”, do deixa quieto, do lave minha mão que eu lavo a sua, da vista grossa, do interesse próprio, do procurar vantagem, do malandro, do passar a mão na cabeça, do passar todo mundo para trás. O DNA brasileiro não mudou em uma noite. Mas há uma chance, que nas frestas deste mundo, esta nação tenha encontrado outros pares para criar seus filhos. Quem sabe se daqui em diante possamos começar a apagar este traço contínuo da nossa história. A mudança é muito mais que interna. Sei que na verdade não verei nascer esta aurora. Nosso tempo será de quebra, choque, saturação e muito cansaço. Descobriremos o limite de todos os nossos erros e negligências. Uma época de decepções, amarguras e duras verdades. É preciso desfazer este brasileiro que criamos. Um a um se for o caso. Acredito em um dia onde todo ceticismo ficará para trás e poderemos ver um verdadeiro novo país.
Ass: Danilo Mendonça Martinho