Crescer me apequenou. Eu não tinha medo das minhas opiniões, eu abraçava com mais facilidade meus sonhos, eu tinha vergonha dos meus erros mas nunca os escondia, cresci errando. Eu acreditava nas minhas verdades e brigava pelo que parecia certo. Eu levantava a mão para questionar. Eu era mais livre nas minhas escolhas. Minha timidez inibia minha coragem mas não tirava sua força. Minha voz não embargava a qualquer momento. Eu tinha aprendido a me virar. Não congelar diante o desafio. Nunca me deu branco. Eu duvidava muito menos de mim, hesitava muito menos. Era mais cheio de palavras.
A idade está comigo, as responsabilidades, as contas, a casa para cuidar, o casamento para amar, o trabalho para cumprir, os sonhos para seguir. Mas ando esquecendo de tudo. Deixando o importante de lado, deixando acumular as ideias, fazendo apenas o necessário. Escondi-me tanto da realidade que hoje é quase um processo involuntário. Uso as complexidades de meu pensamento para algumas poucas bobagens. Culpo a rotina pela distância e os abraços que não dou são os mesmos que me faltam. O espelho ou não mostra ou me engana, pois não vejo nenhum adulto. Por dentro então tudo é um grande receio: falar, ser, opinar, acreditar, assumir, conquistar, sonhar, crescer.
Até um momento era tudo potencial e tudo se esvaiu como um rio diluído no mar. Irreconhecível e esquecido na imensidão sem norte. Entre tudo que eu poderia agarrar nesse naufrágio das idades da vida, como raios eu fui esquecer da vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário