No meio daquele suor que te escorre nas costas
O vento parece se desviar das janelas
Os corpos grudados nos bancos estofados
As peles que se roçam enojadas pelo contato
Seguramos firme a cada freada
Procuramos um canto que nos esconda e dê saída
Se o concreto racha, o metal se contorce
E as baratinhas rondam as frestas
Saindo e entrando pelas lâmpadas
Sem chamar atenção do público
Tento não fazer dos meus olhos algum espelho
As mulheres que conheço estariam desesperadas
Mas também começa um coça-coça
Ao perceber que também estou encostado na porta
Quantas delas vivem nessa carcaça?
Este calor as espanta ou atrai?
E reparo toda descostura da sanfona que não toca
Ali deve ter um país inteiro
Agora já estou nas pontas dos dedos
Elas passeiam perto das mãos do vendedor de balas
Dá sinal meu amigo antes que seja tarde
Antes que enxergue o que a rotina distraí
Fico surpreso que o terror não tenha se instalado
Acho que as baratinhas até são discretas
Se escondem antes de qualquer medo
Mas uma vez que a consciência embarca
Essa viagem não vai ter volta
Ass: Danilo Mendonça Martinho
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