quarta-feira, 6 de novembro de 2013

“O não cumprimento” (23/10/2013)

Por um momento quis desdenhar sua figura muito menos confiante, certa e soberba. Quis independente de conhecer sua realidade esbanjar meu bem estar, minha felicidade, meu sucesso. Vi em seus olhos a oportunidade de uma vingança, ou de simplesmente dizer que meu caminho era o certo e você foi uma das primeiras a recusar me seguir. Juro que tudo isso passou pela minha cabeça naquela fração de segundo. Usei todo resto de tempo para te observar. Sobretudo, caderno envolvido em um abraço, uma bolsa preta, olhos incrivelmente humildes, talvez pelo tom cansados. Parecia sair de um escritório estafada por mais um dia. Parecia que tuas pálpebras também guardavam o choro do dia anterior. Pareceu-me mais justa com as lições aprendidas. Talvez sua aparição tenha sido algum recado para o meu rancor, o que preciso melhorar em mim. Talvez um pouco mais de ousadia e coragem de minha parte tivessem te colocado no meu caminho. Todos enxergavam meu coração, menos meu espelho. Ainda sim penso que terminaria e hoje sei que minha história reside bem longe desta outra estrada. Acho que nosso encontro foi mais uma questão de paz, não que isso nos incomode hoje em dia, mas é rara a chance de saber que uma escolha sua foi boa. Meio que nos agradecemos neste reconhecimento sem palavras. Sabíamos muito bem quem éramos e resolvemos deixar passar, pois não somos mais. 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

Um comentário:

  1. Muitas vezes, o mais triste é saber-se certo, então chegamos a cogitar que a ignorância realmente seria uma benção.

    Abraço poeta!

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