sábado, 20 de dezembro de 2014

“Livre arbítrio” (12/11/2014)

Viver definitivamente é uma possibilidade
Respirar é um ato tão involuntário que não se sente
Caminhar pode ser apenas uma questão de inércia
Falar é algo que se aprende imitando o outro
Nossa existência segue o que lhe é natural

Viver é artificial
É uma criação puramente sua
Não existe sem vontade
Não se completa sem ação
E mesmo com esta consciência, não é uma certeza

Viver é incômodo
É preciso todos os dias seguir pelo desconhecido
Ser nômade de corpo e alma
Entender que não há lugar a salvo
E eventualmente abandonar o que já construiu

Viver é paradoxal
Continuar quando todos dizem que não
Querer com todas as forças o impossível
Acordar mesmo sabendo que nada mudou
Ter esperanças de encontrar o que ninguém prometeu

Viver é quase que improvável
A verdade é que é uma pulga atrás da orelha
A curiosidade que nos convence para mais um dia
Há muito neste mundo que é líquido e certo
Mas e se resolvermos viver...

Ass: Danilo Mendonça Martinho

2 comentários:

  1. Realmente, viver não é preciso...

    Perfeição de poema, grande abraço poeta.

    Boas festas e um feliz novo ano!

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  2. Sempre muito reflexivo.
    Te ler é como estar num divã.

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