No mar de decisões maiores que nós precisamos de algumas garantias. Tentamos por todos os lados descredenciar o sonho e conforme a vida nos fazia seguir em frente o medo se diluia na vontade, no desejo, na estranha incerteza de sentir que estávamos certos. Pelos dias que se seguiram a Chuva caiu sobre estes pensamentos. De forma doce para que desistisse do guarda-chuva. Fazia tempo que não encontrava ela assim. Ao pensar na decisão não tive dúvidas e com um sorriso sussurrei: Bença Chuva.
Não lembro bem quando, mas não muito tempo depois, os questionamentos ainda seguiam dentro de mim, embora mais silenciosos. Entre as árvores surgiu aquele brilho intenso do sol quase que de propósito na minha direção. O mesmo Sol que me acordava na infância quando dormia na sala de minha avó. Até hoje é uma das minhas sensações favoritas acordar assim com esse raio de luz preguiçoso, que mal toca seu rosto. Meu corpo ficou em paz e falei sorrindo: Bença Sol.
Na janela confessionário onde debrucei com melancolias, aflições e filosofias adolescentes eu resolvi voltar. Minhas conversas hoje são mais esporádicas, não menos importantes. Agarrado contra as grades sentindo o vento e o céu azul minha palavra não precisa de pressa. Abro o peito para o universo que me criou e tento descrever o gosto dos sentimentos. Mas acima de tudo agradeço, pelo encontro, pela chance, pela felicidade. Bença Céu.
Pela manhã caminhei entre os eucaliptos sobre o chão de cascalho. Posso muito bem seguir pelo asfalto, mas são raras as chances de respirar este ar misturado de nostalgia. A vida parece mais presente em nós, como se tudo pertencesse. Todos acabaram me visitando para dar certezas e eu retribui. Bença Natureza, bença.
Ass: Danilo Mendonça Martinho
"Bença" Poeta, bença!
ResponderExcluirEste encontro perfeito de almas... lendo e ouvindo este abençoado Poeta!
Ana Cristina
Que tocante...
ResponderExcluirLembranças da infância, a presença da natureza... Claro,que aliadas, só poderia resultar nisso: poesia.