quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

“Quadro” (31/01/2010)




Um dia fechei meus olhos...
Virei um sonhador
Não havia nuvem
Que fosse apenas nuvem
Não havia horizonte sem história
Não havia pôr-do-sol sem melancolia
Não havia olhar sem romance
Apaixonava-me por idéias
Sorria com as possibilidades
Vivia pelos sonhos
Os dias desfaziam-se em versos
A métrica descia a rua
A rima trabalhava incessantemente
Tudo com ponto final
Nada ficava sem resposta
Não que houvesse muitas perguntas
As palavras eram certeiras
Educadas e bem vestidas
Impossíveis de se negar
Prosa ao pé do ouvido
No fim de tarde
Um abraço carinhoso
No começo da noite
Tudo que era desejo
Era esperança
Uma alma cheia de certeza
Pronta para um vôo qualquer
E principalmente cair

Até que tudo se dissipou
O céu abriu, a noite caiu
O horizonte se perdeu
Os olhares partiram
A paixão esfriou
Desfez-se a prosa
Confundiram-se as palavras
A dança ficou sem par
A cama ficou vazia
O âmago amargurado
E os pés no chão

Quando voltei a abrir meus olhos...
Virei poeta

Ass: Danilo Mendonça Martinho

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