sábado, 21 de março de 2009
"Desabafo"(16/03/2009)
Até quando poderei chamar isto de meu?
Quais sonhos ainda me pertencem?
Como proteger o que só existe na mente?
Como representar o que nem se ousa falar?
Quem pode me garantir segurança?
Quem pode me evitar os riscos?
Quem em sã consciência me daria crédito?
Não criei essas palavras, não criei essas letras
Sirvo de alguma forma um outro propósito
Não entendo porque isto não pode ser meu.
Coloco desejos que em breve me parecem distantes
Como ideais que não pude realizar.
O quanto ainda tenho que esperar?
Que paciência é esta que insistem em me pedir?
Que calma é essa que não consigo ter?
Que pensamentos são esses que ninguém detém?
Perturbado pela memória
Querendo que tudo não vire,
Uma história num papel qualquer.
Não quero mais desculpas, mais nada para mim mesmo.
Uma última fiel sinceridade,
Uma cara de pau, uma coragem,
Algo disto vive em alguém aqui?
Quem vai me impedir de pular dessa janela?
Quem vai me impedir de tentar?
Quem honestamente tem argumentos válidos?
Quem honestamente qualquer coisa?
Eternas sombras de nossas escolhas que nos policiam
E se quisesse cometer os mesmos erros?
E se apenas ali fosse encontrar o que queria?
Não posso agüentar mais esta gritaria
Não posso mais agüentar estes desaforos
Não posso agüentar mais esse silêncio
Quero uma resposta, quero uma única verdade que seja.
Alguém me prometeria esta sinceridade?
Há no mundo quem não tenha visto
Promessa que não fosse quebrada.
Eu ainda quero acreditar.
Existem no mundo as poesias, breves, de passagem, de andar.
Existem pessoas carregando o que não posso traduzir
Os versos que a vida vai trazer e não poderei escrever
Não enquanto for verso e estrofe de algum romancista entediado.
Creio que logo encerrará, se dará por satisfeito.
Eu poderei então contar alguma maravilha.
Mas antes de pontos finais, antes de precipitadas conclusões
Não queria deixar de lembrar que na vida,
Sempre há espaço para mais algumas páginas.
Não faria mal nenhum terminar ao menos esta história de amor.
Não me deixe aqui escrevendo sobre algum vazio.
Ass: Danilo Mendonça Martinho
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